Zelda Williams, filha do ator Robin Williams, publicou um apelo nas redes sociais solicitando que fãs interrompam o envio de vídeos criados por inteligência artificial que recriam a imagem de seu pai. O ator, conhecido por papéis em “Sociedade dos Poetas Mortos”, “Gênio Indomável” e “Patch Adams”, morreu em 2014, aos 63 anos. Desde então, diversos conteúdos sintéticos vêm circulando na internet, provocando desconforto entre familiares.
Pedido direto nas redes sociais
Em postagem recente no Instagram, Zelda afirmou que não deseja assistir a essas recriações e que bloqueará usuários que insistirem em encaminhar o material. Ela classificou a prática como “estupidez” e enfatizou que Robin Williams “não aprovaria” tal exposição. A mensagem ganhou ampla repercussão, reacendendo o debate sobre a ética no uso de tecnologias de deepfake e IA generativa para representar pessoas falecidas.
Segundo especialistas em direito de imagem, o consentimento da família pode ser determinante para definir a legalidade de conteúdos desse tipo. No entanto, mesmo quando não há violação formal, a dimensão emocional pesa. Para Zelda, o uso da imagem do pai sem autorização fere a memória afetiva e ultrapassa limites de respeito e privacidade.
Tecnologia avança, polêmica persiste
A popularização de ferramentas capazes de gerar vídeos fotorrealistas intensificou a discussão sobre até onde a criatividade digital pode ir. Relatórios indicam que, apenas em 2023, a produção de deepfakes cresceu mais de 300% em plataformas públicas, impulsionada por algoritmos cada vez mais acessíveis.
Casos de recriação de artistas não são pontuais. Em 2023, uma campanha publicitária utilizou inteligência artificial para reunir imagens da cantora Elis Regina, falecida em 1982, ao lado da filha Maria Rita. Já neste ano, a série “Cobra Kai” ressuscitou o personagem Sr. Miyagi, interpretado por Pat Morita (morto em 2005), para uma participação especial. Essas iniciativas costumam dividir opiniões: enquanto parte do público sente nostalgia e admiração tecnológica, outra parcela considera a prática invasiva.
Do ponto de vista jurídico, países como Estados Unidos e Reino Unido estudam legislações específicas para controlar o uso comercial de deepfakes envolvendo personalidades falecidas. No Brasil, o tema ainda carece de regulamentação clara, embora projetos de lei sobre inteligência artificial tramitem no Congresso.
Impactos para a indústria do entretenimento
Produtoras de cinema e publicidade observam potencial econômico nas recriações virtuais, pois personagens icônicos podem retornar às telas sem limitações físicas. De acordo com consultorias do setor audiovisual, o mercado de “atores digitais” pode movimentar bilhões nos próximos anos. Entretanto, associações de atores alertam para o risco de desvalorização do trabalho humano e para possíveis violações de direitos autorais.
No aspecto cultural, críticos apontam que o uso constante de imagens do passado tende a reduzir a criação de narrativas originais. “A IA está apenas reciclando e regurgitando o passado”, escreveu Zelda em sua publicação, resumindo a preocupação com a repetição de conteúdos em detrimento de novas produções.

Imagem: reprodução
O que muda para o público
Para o espectador, a crescente presença de deepfakes pode significar experiências nostálgicas mais frequentes, porém também eleva a chance de exposição a materiais enganosos. Especialistas recomendam atenção redobrada na verificação de fontes e no respeito às preferências de familiares, principalmente quando se trata de figuras muito queridas.
Em termos práticos, o pedido de Zelda Williams pode estimular debates sobre regulamentação e boas práticas, influenciando tanto as plataformas de hospedagem quanto os usuários comuns. A expectativa é que, à medida que normas mais claras sejam estabelecidas, criadores de conteúdo passem a considerar não apenas aspectos técnicos, mas também éticos e legais antes de compartilhar vídeos gerados por IA.
Acompanhe outros temas relacionados à inteligência artificial e suas implicações no cotidiano em nossa seção de tecnologia. O avanço das ferramentas é inegável, mas a forma como a sociedade decide utilizá-las definirá os limites entre homenagem legítima e invasão de memória.
Curiosidade
Em 1999, Robin Williams protagonizou o filme “O Homem Bicentenário”, no qual interpretava um robô em busca de humanidade. Curiosamente, hoje a tecnologia tenta devolver “vida” digital ao próprio ator, levantando discussões sobre o que significa ser humano em tempos de inteligência artificial.
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