O cometa 3I/ATLAS, terceiro objeto interestelar já identificado, revelou-se significativamente mais massivo que qualquer de seus raros predecessores. Descoberto em julho de 2025, o corpo celeste tem núcleo estimado em pelo menos cinco quilômetros de diâmetro e massa superior a 33 bilhões de toneladas — valor entre três e cinco ordens de magnitude maior que a dos visitantes ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019).
Medições precisas indicam núcleo fora do padrão
Para calcular a massa, astrônomos analisaram milhares de observações realizadas por mais de 200 telescópios entre maio e setembro de 2025. A comparação entre a trajetória prevista apenas pela gravidade solar e o caminho real do cometa mostrou aceleração não gravitacional mínima, sinal de que o jato de gases gerado pelo aquecimento do núcleo exerce efeito limitado em sua órbita.
Como a taxa de perda de massa foi medida em cerca de 150 quilogramas por segundo pelo Telescópio Espacial James Webb, bastou relacionar esse valor à velocidade de ejeção dos gases para estimar o tamanho do núcleo necessário para manter o curso quase inalterado. O resultado aponta para um cometa de grandes proporções, estimativa que o coloca entre os maiores objetos já vindos de outras estrelas.
Comparação com cometas do Sistema Solar
Embora volumoso em relação aos poucos corpos interestelares catalogados, o 3I/ATLAS não quebra o recorde absoluto de massa entre cometas. O título continua com o C/2014 UN271 (Bernardinelli-Bernstein), cujo núcleo mede aproximadamente 128 quilômetros e soma perto de 500 trilhões de toneladas. Famosos como o Hale-Bopp e o Halley também mantêm valores superiores ao visitante mais recente.
Mesmo assim, segundo especialistas, o fato de o primeiro objeto interestelar já identificado ter sido pequeno (ʻOumuamua), o segundo moderado (Borisov) e o terceiro tão robusto quanto 3I/ATLAS levanta questões estatísticas. Se a maioria dos corpos que vagam entre as estrelas fosse menor, qual a probabilidade de encontrar tão cedo um exemplar tão massivo? Pesquisadores afirmam que essa aparente discrepância pode refletir simples coincidência observacional, mas não descartam a necessidade de modelos mais refinados sobre a distribuição de tamanhos desses objetos.
Agenda de observações até 2026
A trajetória do 3I/ATLAS pelo interior do Sistema Solar proporcionará oportunidades inéditas de estudo. No início de outubro de 2025, o cometa passará a cerca de 2,7 milhões de quilômetros da órbita de Marte. A câmera HiRISE, a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, deverá registrar imagens de alta resolução para detalhar forma e extensão do núcleo.
Na etapa seguinte, em março de 2026, será a vez da sonda Juno, atualmente nas proximidades de Júpiter, coletar dados adicionais. Relatórios indicam que medições de espectroscopia poderão melhorar o entendimento sobre a composição química do corpo e de sua coma, além de refinar o cálculo de massa e densidade.
Impactos para a ciência planetária
Observar um cometa que nasceu em outro sistema estelar ajuda a testar teorias de formação planetária e dinâmica gravitacional além do Sol. Cada fragmento de gelo ou poeira expelido carrega pistas sobre a nuvem protoplanetária onde o objeto se originou. De acordo com dados oficiais, essas amostras podem conter proporções de elementos e isótopos diferentes das que se encontram nos cometas locais, fornecendo indicadores sobre a diversidade química da Via Láctea.

Imagem: Gerald Rhann e Michael Jäger Spaceweather.com
Além disso, o acompanhamento em tempo real do aumento de brilho — já estimado em 40 vezes desde setembro — permite estudar processos de sublimação em ambientes com diferentes exposições solares. A comparação entre a atividade de 3I/ATLAS e a de cometas tradicionais pode revelar por que alguns núcleos são mais eficientes na liberação de gás ou poeira, tema relevante para missões futuras que planejem coletar amostras.
O que muda para o leitor e para o mercado de tecnologia espacial
Para quem acompanha avanços em ciência e tecnologia, a investigação de 3I/ATLAS amplia o portfólio de dados sobre corpos interestelares e reforça a importância de telescópios de grande varredura, sensores espaciais e inteligência artificial na detecção precoce de objetos rápidos e pouco luminosos. Equipamentos mais sensíveis e algoritmos aprimorados, já em fase de teste, podem reduzir o tempo entre a descoberta e o planejamento de missões de acompanhamento, abrindo espaço para iniciativas comerciais e acadêmicas de coleta de amostras fora do Sistema Solar.
Curiosidade
Embora pareça raro topar com visitantes interestelares, cálculos mostram que milhares deles cruzam continuamente a órbita da Terra — a maioria pequena demais para ser detectada. O 3I/ATLAS destaca-se não apenas pelo tamanho, mas pelo timing: sua passagem coincidirá com o auge de operações do Telescópio Vera Rubin, previsto para entrar em serviço pleno em 2025. Assim, o cometa servirá como “estreia de gala” para o observatório, que deve multiplicar a descoberta desses viajantes nas próximas décadas.
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