Um espetáculo natural tomou conta do deserto egípcio entre 21 e 23 de outubro, quando a chuva de meteoros Orioníde alcançou o pico de atividade. Fragmentos do cometa Halley incineraram-se na atmosfera terrestre, produzindo rastros luminosos que puderam ser acompanhados a olho nu em diversas partes do mundo. No Egito, o fotógrafo Osama Fathi registrou o fenômeno a partir da margem norte do Lago Qarun, na região de Fayum, obtendo imagens que evidenciam a intensidade do evento.
Registro fotográfico destaca posição da constelação de Órion
Capturado na noite de 19 de outubro, o conjunto de fotos foi produzido em sessão de três horas, antecedendo o pico oficial da chuva. Segundo Fathi, o resultado reúne um enquadramento de três minutos do céu noturno e múltiplas exposições de dez segundos dedicadas às estrelas cadentes. Entre mais de 200 cliques, apenas alguns meteoros mais brilhantes alinharam-se “graciosamente” nas proximidades da constelação de Órion, visível no quadrante direito da composição.
O equipamento utilizado foi uma câmera Nikon Z6 acoplada à lente Nikkor 14-24 mm, configuração comum entre astrofotógrafos pela ampla abertura e capacidade de captura em baixa luminosidade. A escolha permitiu realçar tanto os rastros luminosos quanto o relevo desértico à beira do lago, oferecendo contexto visual ao fenômeno.
Céu sem lua favoreceu observação em 2025
Relatórios da American Meteor Society (AMS) apontam que a fase de Lua nova coincidiu com o pico das Orionídeas este ano, proporcionando um firmamento excepcionalmente escuro. A ausência de claridade lunar facilitou a visualização até mesmo dos meteoros mais tênues, condição que tende a ocorrer apenas em ciclos específicos do calendário astronômico.
De acordo com Robert Lunsford, analista da AMS, o ritmo de atividade normalmente atinge de 20 a 25 meteoros por hora em áreas afastadas de poluição luminosa. Após o ápice, a taxa sofre redução gradual. “Entre 24 e 26 de outubro ainda serão possíveis mais de dez meteoros por hora sob céus rurais”, afirmou o especialista. Nesse intervalo, o ponto de origem aparente (radiante) move-se para a constelação de Gêmeos, razão pela qual alguns observadores notarão trajetórias partindo desse setor do firmamento.
Dicas para quem quer registrar as Orionídeas
Fotógrafos que pretendem capturar a chuva de meteoros ainda encontram oportunidades nos próximos dias. Especialistas em astrofotografia sugerem:
- Optar por locais afastados de centros urbanos para minimizar interferência de luz artificial;
- Usar lentes grande-angulares com abertura entre f/1.4 e f/2.8, permitindo maior entrada de luz;
- Ajustar ISO elevado (a partir de 1600) e tempo de exposição de 10 a 20 segundos para captar rastros completos;
- Programar disparos contínuos, criando sequências que podem ser combinadas em composições, como fez Osama Fathi;
- Verificar previsões meteorológicas, pois nuvens baixas comprometem a visualização.
Instrumentos mais avançados, como a Nikon Z8 — apontada por análises de mercado como referência em captura de baixa luminosidade — garantem maior alcance dinâmico. Contudo, segundo profissionais, é possível obter resultados satisfatórios até mesmo com câmeras de entrada, desde que sejam aplicadas as configurações corretas.
Cometa Halley e a origem da chuva
As Orionídeas surgem quando a Terra atravessa a trilha de detritos deixada pelo cometa Halley. Esses fragmentos, do tamanho de grãos de areia, queimam a aproximadamente 66 quilômetros por segundo ao entrar na atmosfera, gerando as clássicas “estrelas cadentes”. O Halley completa uma órbita em torno do Sol a cada 76 anos; apesar disso, seus resíduos permanecem dispersos no espaço e intersectam a órbita terrestre anualmente entre outubro e novembro.
Registros históricos indicam que a chuva foi observada por civilizações antigas, mas apenas no século XIX passou a ser estudada de forma sistemática. Dados do Observatório Real de Greenwich, por exemplo, já apontavam médias de 60 meteoros por hora em condições ideais, valor superior ao estimado atualmente. Astrônomos explicam que a dispersão natural dos detritos ao longo do tempo e a influência gravitacional dos planetas podem reduzir gradualmente a densidade do fluxo.

Imagem: Anthy Wood published
Impacto para o público e para a pesquisa astronômica
Eventos como a chuva Orioníde reforçam o interesse popular pela ciência espacial, estimulando iniciativas educacionais e turísticas. Observatórios e parques astronômicos registram aumento de visitas, enquanto plataformas de streaming transmitem sessões ao vivo para espectadores que vivem em áreas urbanas. Segundo entidades do setor, a popularização de câmeras digitais de alta sensibilidade também amplia o número de registros compartilhados, gerando um banco de dados que pode auxiliar estudos sobre a atividade meteórica.
Para o leitor, acompanhar uma chuva de meteoros representa oportunidade de observação direta de fenômenos celestes sem a necessidade de equipamentos complexos. A experiência ainda pode inspirar maior familiaridade com constelações e fases da Lua, contribuindo para uma relação mais próxima com a astronomia amadora.
Se você deseja aprofundar o entendimento sobre como a tecnologia auxilia na análise de eventos espaciais, recomendamos a leitura de nosso artigo sobre inteligência artificial aplicada à astronomia publicado em Tecnologia.
Curiosidade
Embora o cometa Halley só retorne às imediações da Terra em 2061, seus fragmentos geram não apenas as Orionídeas de outubro, mas também a chuva Eta Aquáridas em maio. Assim, mesmo distante, o astro oferece um espetáculo duplo aos observadores todos os anos, lembrando que vestígios de antigas passagens continuam a interagir com o planeta de forma previsível e fascinante.
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