Vento solar arranca parte da cauda do cometa Lemmon em registro impressionante

Tecnologia

O cometa C/2025 A6 (Lemmon) protagonizou um raro espetáculo celeste depois que uma rajada de vento solar desprendeu um trecho significativo de sua cauda. A cena foi capturada em 2 de outubro por um astrofotógrafo dos Estados Unidos e oferece um vislumbre detalhado da interação entre partículas carregadas emitidas pelo Sol e a matéria expelida por cometas.

Registro mostra efeito do vento solar em C/2025 A6

A sequência de 60 minutos foi obtida a partir de Cismont, no estado da Virgínia, utilizando um telescópio Newtoniano Takahashi Epsilon 130D acoplado a uma câmera astronômica ZWO. As imagens revelam a cauda luminosa do cometa sendo abruptamente deslocada, formando um “rasgo” visível enquanto o corpo celeste atravessava a constelação de Leo Minor. Segundo astrônomos consultados, esse tipo de evento — conhecido como desconexão — ocorre quando perturbações no campo magnético do vento solar colidem com o plasma que acompanha o cometa.

Nesse caso específico, a ejeção solar atingiu o núcleo gelado a aproximadamente 300 milhões de quilômetros da Terra, provocando a ruptura parcial da cauda. O fenômeno reforça a importância de monitorar a atividade solar, que influencia não apenas comunicações e redes elétricas no planeta, mas também a aparência de objetos que visitam o Sistema Solar interior.

Brilho crescente pode tornar o cometa visível a olho nu

Descoberto em 3 de janeiro deste ano, o cometa Lemmon apresenta órbita de cerca de 1.350 anos e segue em direção ao periélio — ponto mais próximo do Sol — previsto para 8 de novembro. Observações registradas na base de dados Comet Observation Database (COBS) apontam magnitude de +5,1, limiar em que o objeto se torna perceptível a partir de locais com céu escuro e pouca poluição luminosa.

Especialistas explicam que o brilho deve aumentar à medida que o cometa se aproxima do astro-rei, decorrência do aquecimento do núcleo e da liberação de gases e poeira. A aproximação mais favorável à Terra ocorrerá em 21 de outubro, potencialmente transformando o Lemmon em um alvo acessível para binóculos e, com sorte, para observação a olho nu.

Em comparação, eventos de desconexão já foram observados em outros cometas, como o Encke em 2007 e o 2P/Encke em 2013, ambos estudados em missões espaciais. Esses registros ajudam a compreender como o ambiente solar molda caudas cometárias e fornecem pistas sobre a composição química e a dinâmica de cada objeto.

Entenda o processo de desconexão da cauda

O vento solar é um fluxo constante de prótons, elétrons e partículas alfa lançado pela alta temperatura da coroa solar. Quando uma onda de choque ou uma tempestade geomagnética mais intensa alcança um cometa, pode ocorrer a separação de uma porção da cauda de íons — composta por partículas carregadas que se alinham ao campo magnético. A ruptura não afeta significativamente o núcleo, mas altera temporariamente o comprimento, a forma e o brilho da cauda visível a partir da Terra.

Relatórios do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR) indicam que picos de atividade solar devem se intensificar até 2026, coincidindo com a fase máxima do atual ciclo solar. Por isso, astrônomos preveem mais eventos semelhantes envolvendo outros cometas que entrarão no campo gravitacional interno do Sistema Solar nos próximos anos.

Vento solar arranca parte da cauda do cometa Lemmon em registro impressionante - Imagem do artigo original

Imagem: Anthy Wood published

Impacto para o observador e para a pesquisa científica

Para o público, a principal consequência é a possibilidade de acompanhar um espetáculo celeste raro sem a necessidade de equipamentos avançados. Amadores munidos de câmeras DSLR ou até smartphones adaptados com tripés podem registrar rastros esverdeados do cometa durante as próximas semanas. Já para a comunidade científica, cada desconexão representa uma oportunidade de analisar a composição do plasma cometário, refinar modelos de previsão do clima espacial e testar instrumentação de alta sensibilidade.

Caso a tendência de aumento de brilho se confirme, o Lemmon pode se juntar à lista de cometas observáveis a olho nu neste século, ampliando o interesse popular por astronomia e estimulando campanhas de observação coletiva em escolas e centros de pesquisa.

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Curiosidade

Nem sempre as caudas dos cometas apontam para trás da trajetória; elas se orientam na direção oposta ao Sol, guiadas pelo vento solar. Assim, quando o Lemmon completar a volta ao periélio, sua cauda mudará de posição como uma biruta cósmica, indicando a direção do fluxo de partículas carregadas que atravessa todo o Sistema Solar.

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