A Vantor, antiga Maxar Intelligence, iniciou o fornecimento de imagens espaço-a-espaço em alta resolução para a Força Espacial dos Estados Unidos, cobrindo áreas da órbita terrestre que permanecem fora do alcance de sensores instalados em solo. O serviço integra um contrato firmado com a célula Joint Commercial Operations (JCO), sediada no Colorado, responsável por integrar dados de empresas privadas às operações de monitoramento militar.
Monitoramento contínuo de objetos em órbita baixa
O acordo, cujo valor não foi divulgado, tem como foco o rastreamento constante de satélites e objetos de interesse em órbita baixa. Segundo a Vantor, seus satélites conseguem capturar imagens com resolução inferior a 10 centímetros a partir de distâncias de centenas de quilômetros. Esse nível de detalhe permite identificar orientação do objeto, velocidade relativa em relação à Terra e ao Sol, além de confirmar a abertura de painéis solares ou antenas, algo que, de acordo com a companhia, a telemetria nem sempre comprova.
De acordo com especialistas consultados pelo setor de defesa norte-americano, informações tão precisas são cruciais quando há possibilidade de mudança repentina de trajetória, situação que pode gerar riscos de colisão ou indicar atitude potencialmente hostil. Relatórios oficiais apontam que cerca de 30 mil detritos catalogados circulam na órbita terrestre, número que aumenta a complexidade do gerenciamento de tráfego espacial.
Operação simultânea à observação da Terra
A empresa afirma que o trabalho de vigilância não exige tempo dedicado exclusivo dos satélites. Durante as passagens sobre oceanos e regiões polares — áreas com menor demanda de clientes de observação da Terra — os sensores são direcionados para outros objetos em órbita. “Conseguimos manter nossas atividades comerciais padrão e, ao mesmo tempo, coletar inteligência espacial sem interferir na programação principal”, explicou Susanne Hake, vice-presidente sênior e gerente-geral do segmento governamental da Vantor nos Estados Unidos.
Em 2022, uma alteração de licença concedida pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) autorizou a companhia a apontar suas câmeras para fora do planeta. Esse ajuste regulatório impulsionou o braço de imagens não terrestres da empresa, criado há três anos. Atualmente, além da Força Espacial, a Vantor mantém contrato com o Escritório de Comércio Espacial da NOAA para apoiar iniciativas de gerenciamento de tráfego orbital.
Benefícios para operadores civis e comerciais
Embora a parceria com a defesa norte-americana seja o destaque mais recente, operadoras comerciais também utilizam as imagens para validar o estado de satélites recém-lançados. O procedimento ajuda a confirmar, por exemplo, se painéis solares foram implantados sem falhas antes que os dados de telemetria fiquem disponíveis. Segundo analistas do mercado espacial, essa confirmação visual pode reduzir atrasos na entrada em operação de constelações de comunicação ou de observação da Terra.
Além disso, a coleta de posições mais precisas durante as primeiras horas de vida de um satélite colabora com a prevenção de colisões, período em que a incerteza sobre a órbita é maior. Relatórios indicam que incidentes de quase colisão aumentaram 40% nos últimos cinco anos, impulsionados pela expansão de megaconstelações de baixa órbita.

Imagem: Vantor
Impacto para o setor e próximos desdobramentos
Para o leitor, a adoção de imagens espaço-a-espaço significa maior segurança operacional em um ambiente orbital cada vez mais congestionado. À medida que mais empresas lançam constelações, cresce a necessidade de soluções que complementem radares terrestres e telescópios ópticos. Segundo projeções da União Internacional de Telecomunicações, o número de satélites em órbita pode ultrapassar 60 mil até 2030. Caso iniciativas semelhantes sejam adotadas por outras companhias, o mercado de monitoramento orbital tende a se consolidar como segmento estratégico dentro da chamada economia espacial.
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Curiosidade
O conceito de captura espaço-a-espaço não é totalmente novo: na década de 1960, missões tripuladas da NASA já registravam fotografias de outras naves durante rendez-vous. A diferença é que, naquela época, as distâncias eram de poucos metros, enquanto a Vantor fotografa alvos a centenas de quilômetros, com precisão de centímetros. Essa evolução evidencia o avanço dos sensores ópticos e dos sistemas de controle de atitude, essenciais para manter a estabilidade do satélite durante a captura.
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