A SpaceX marcou para 13 de outubro, às 20h15 (horário de Brasília), o próximo teste suborbital do Starship, identificado como Flight 11. O lançamento ocorrerá a partir da base Starbase, no sul do Texas, e, segundo a empresa, há 80% de probabilidade de condições meteorológicas favoráveis. A missão repete o perfil de voo do Flight 10, realizado em agosto, mas adicionará novas avaliações de desempenho com foco na proteção térmica e na dinâmica de reentrada.
Principais metas do Flight 11
O roteiro divulgado pela SpaceX prevê que o estágio superior do Starship transporte simuladores de massa correspondentes aos futuros satélites Starlink de próxima geração. Durante o voo, um dos motores Raptor será religado em órbita para verificar a confiabilidade do sistema. Outros objetivos incluem:
- Teste do escudo térmico em regime de aquecimento extremo;
- Manobra aerodinâmica de alta inclinação antes do pouso controlado no Oceano Índico;
- Avaliação da recuperação parcial do veículo para missões futuras.
O Super Heavy responsável pela decolagem já voou na missão Flight 8, em março, e utilizará 24 motores Raptor reutilizados. Embora a SpaceX planeje pousos propulsivos em lançamentos posteriores, o estágio será descartado deliberadamente no mar nesta oportunidade. De acordo com a companhia, a configuração ajudará a testar diferentes modos de acionamento dos motores durante o retorno.
Último lançamento da versão 2
O Flight 11 encerra a campanha da versão 2 do Starship, que enfrentou falhas nas três primeiras tentativas entre janeiro e maio, mas concluiu todo o perfil de missão no ensaio de agosto. A SpaceX trabalha agora na versão 3, mais potente, com estreia estimada para o fim do ano. Engenheiros indicam que o novo modelo deve incorporar melhorias estruturais, incremento de empuxo e revisões no sistema de geração de energia.
Integração com o espaço aéreo
Para reduzir interferências na aviação comercial, a SpaceX afirma ter otimizado os procedimentos de coordenação com a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) e entidades internacionais. Dados oficiais mostram que, durante o Flight 10, as áreas de exclusão aérea foram reabertas em até nove minutos após a decolagem, com partes do espaço liberadas em apenas sete minutos.
A empresa destaca que o histórico obtido no Texas servirá de referência para as futuras operações na Flórida. Atualmente, dois processos de análise ambiental avaliam o uso do Complexo de Lançamento 39A, no Kennedy Space Center (KSC), e da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, no SLC 37. O relatório preliminar sobre o KSC contempla 44 lançamentos e 88 pousos por ano, apontando possíveis atrasos em aeroportos da região entre 40 e 120 minutos durante decolagens e de 40 a 60 minutos nas recuperações.
Preocupação dos operadores aeroportuários
Representantes de terminais da Flórida manifestaram reservas sobre o impacto dos voos do Starship. John Tiliacos, diretor de operações do Aeroporto Internacional de Tampa, declarou em audiência pública virtual realizada em 3 de setembro que “há potencial para impacto significativo na aviação comercial”, reforçando a necessidade de um plano de mitigação por parte da FAA.
A SpaceX respondeu em comunicado que as áreas de risco para aeronaves, conhecidas como AHAs (Aircraft Hazard Areas), foram dimensionadas de forma conservadora para contemplar cenários extremos, mas não refletem a rotina operacional prevista. Segundo a companhia, a tendência é que esses polígonos se tornem menores e permaneçam restritos por menos tempo à medida que os dados das missões em Starbase forem validados.

Imagem: SpaceX
Impacto esperado para o mercado aeroespacial
Especialistas apontam que a transição para a versão 3 e a capacidade de integrar lançamentos com mínimo de restrições ao espaço aéreo podem redefinir prazos e custos para constelações de satélites, turismo espacial e missões de carga. Caso a SpaceX consolide o formato de reabertura rápida de rotas aéreas, aeroportos em regiões de lançamento tendem a registrar menores desvios de voos e a manter escalas de passageiros mais estáveis, reduzindo reservas extras de combustível e custos operacionais.
Para o público em geral, o sucesso do Flight 11 serve como indicativo de que veículos de grande porte e totalmente reutilizáveis estão mais próximos da rotina comercial. A curto prazo, a empresa pretende evoluir para missões orbitais completas, abrindo caminho para envios de cargas pesadas à Lua, Marte e outras aplicações governamentais ou privadas.
Curiosidade
O Starship mede cerca de 120 metros de altura quando equipado com o propulsor Super Heavy, superando edifícios de 30 andares. Mesmo assim, a SpaceX planeja realizar pousos verticais precisos em plataformas marítimas, inspirando-se na tradição das plataformas de petróleo no Golfo do México. A complexidade de equilibrar um veículo tão alto em mar agitado ilustra o desafio de combinar engenharia aeroespacial e operações navais em um único sistema.
Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:
Se deseja acompanhar outras inovações em veículos reutilizáveis e lançamentos orbitais, visite a seção dedicada em Tecnologia e fique por dentro dos próximos passos do setor espacial.
Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!

