Slingshot Aerospace iniciou uma nova fase de expansão internacional ao fechar seu primeiro contrato de hardware com o Reino Unido. A empresa norte-americana entregará 13 sensores ópticos de rastreamento espacial, distribuídos em cinco localidades globais, em parceria com a alemã Baader Planetarium. O acordo, anunciado em 28 de outubro, dá ao Reino Unido capacidade própria para monitorar objetos em órbita e reforça a tendência de países que buscam independência tecnológica frente ao aumento de satélites e aos riscos de cibersegurança.
Demanda global por autonomia
Segundo Melissa Quinn, diretora da divisão internacional da Slingshot Aerospace, “há um crescimento significativo na procura por soluções completas” que incluam tanto o software quanto o hardware de rastreamento. De acordo com a executiva, governos antes dependentes de dados fornecidos pelos Estados Unidos agora desejam “cadeias de custódia soberanas”, capazes de proteger informações sensíveis e responder com rapidez a incidentes em órbita.
A busca por autonomia é impulsionada por dois fatores principais. O primeiro envolve preocupações crescentes com espionagem e ataques cibernéticos, que exigem que dados estratégicos permaneçam sob controle nacional. O segundo fator está ligado ao volume de objetos no espaço: estimativas da própria Slingshot indicam que o número de satélites ativos deve saltar de 12 mil para 100 mil até 2030, cenário que torna o rastreamento contínuo vital para prevenir colisões e garantir a operação segura de constelações comerciais e militares.
Para atender a essa demanda, a companhia oferece pacotes modulares que vão da venda pura de sensores ópticos até serviços de manutenção, integração e licenças de software com inteligência artificial. Quinn explica que cada país apresenta necessidades distintas: “Alguns não possuem qualquer infraestrutura e querem o ecossistema completo; outros já têm parte dos recursos e buscam apenas preencher lacunas tecnológicas”.
Como será a rede britânica de sensores
No caso britânico, os 13 sensores se somarão a sistemas desenvolvidos pelo National Space Operations Centre (NSpOC), inaugurado em julho de 2022. A estratégia permite expansão rápida e de menor custo em comparação à construção de equipamentos do zero. Embora as novas estações não se integrem fisicamente à rede interna de 204 sensores da Slingshot, a empresa disponibilizará seu software para potencializar análises com algoritmos de inteligência artificial.
Os equipamentos, fabricados no Colorado, serão instalados em locais distribuídos para maximizar a cobertura dos céus, embora os endereços exatos não tenham sido divulgados por motivos de segurança. A inclusão da Baader Planetarium no projeto assegura o fornecimento de montagens astronômicas e ópticas de alta precisão, necessárias para rastrear objetos de poucos centímetros a centenas de quilômetros acima da superfície terrestre.
Especialistas em defesa espacial ouvidos por veículos internacionais destacam que a decisão de adquirir sensores comerciais acelera o cronograma do Reino Unido, pois elimina etapas de pesquisa e desenvolvimento. Além disso, a redundância criada pela combinação de sistemas próprios e comerciais reduz a probabilidade de falhas catastróficas, fator crítico quando se considera o crescimento exponencial do tráfego em órbita baixa.
Quais países podem ser os próximos
Embora nenhum cliente adicional tenha sido confirmado, Quinn revelou que a Slingshot mantém conversas avançadas com várias nações interessadas em criar ou ampliar suas redes. “Algumas não possuem sequer um telescópio dedicado; outras já contam com radares, mas precisam de sensores ópticos para complementar a cobertura”, afirmou. Relatórios do setor indicam que países da Ásia e do Oriente Médio avaliam propostas semelhantes, reforçando uma disputa por soberania que deve movimentar cifras bilionárias nesta década.

Imagem: Slingshot Aerospace
A própria Slingshot prepara estrutura para absorver essa demanda. Em 2022, a companhia abriu escritório no Space Systems Operations Facility, no Spaceport Cornwall, sudoeste da Inglaterra, onde concentra operações de negócios internacionais. A proximidade com clientes europeus e o fuso horário compatível facilitam negociações e suporte técnico.
Impactos para o mercado e para os usuários de satélites
A adoção de redes independentes de rastreamento traz consequências diretas para operadoras de internet via satélite, empresas de observação da Terra e setores como aviação e transporte marítimo, que dependem de sinais de posicionamento confiáveis. Segundo analistas, a multiplicação de sensores melhora a acurácia de alertas de colisão, reduzindo custos com manobras preventivas e diminuindo riscos de perda de serviço para milhões de usuários.
Para os governos, possuir dados primários gera vantagens estratégicas em cenários de conflito ou de emergência civil, quando informações externas podem ficar indisponíveis. Já para o público em geral, a proliferação de sistemas autônomos pode acelerar a chegada de novos serviços baseados em satélites, ampliando cobertura de banda larga e redundância de comunicações em regiões remotas.
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Curiosidade
Antes do uso de sensores ópticos de alta resolução, o rastreamento de objetos em órbita dependia basicamente de radares terrestres criados na Guerra Fria. Esses sistemas consomem grande quantidade de energia e têm alcance limitado, especialmente para alvos pequenos em órbitas altas. A combinação de telescópios robóticos com inteligência artificial, como a oferecida pela Slingshot, permite identificar detritos de apenas alguns centímetros com custo mais baixo, contribuindo para mitigar o problema do lixo espacial que ameaça missões tripuladas e satélites comerciais.
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