O cometa 3I/ATLAS voltou a ganhar os holofotes depois que o astrofotógrafo japonês Satoru Murata, observando do Novo México, registrou a fotografia mais detalhada já obtida desse raro visitante interestelar. A cena é tão impressionante que, segundo o divulgador científico Sérgio Sacani no canal “Nas Fronteiras do Universo”, é a primeira vez que núcleo, coma, cauda de poeira, cauda iônica e anti-cauda aparecem com tanta clareza em uma única composição. Neste artigo de 2 000 a 2 500 palavras, você descobrirá como a imagem foi criada, por que ela importa para a ciência, quais desafios técnicos estiveram envolvidos e o que esperar da continuidade dos estudos com o 3I/ATLAS. Prepare-se para uma jornada que mistura astrofotografia de ponta, física de objetos interestelares e o fascínio de entender nosso próprio Sistema Solar sob uma nova perspectiva.

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1. Por que o 3I/ATLAS é um visitante tão especial?
Passaporte interestelar
Em 2017, o mundo conheceu 1I/ʻOumuamua, o primeiro objeto interestelar identificado. Dois anos depois, veio 2I/Borisov. O cometa 3I/ATLAS torna-se apenas o terceiro da lista – daí o “3I” que precede seu nome. Traçar a trajetória de corpos assim é fundamental, porque eles trazem pistas sobre os processos de formação de planetas em outros sistemas estelares. Medir sua velocidade hiperbólica confirma a origem de fora do Sol; já a composição, inferida pela espectroscopia da coma, ajuda a comparar nuvens protoplanetárias.
Um mensageiro de gelo e poeira
Atualmente, os dados apontam que o 3I/ATLAS contém proporções inusitadas de monóxido de carbono (CO) em relação à água, sugerindo a formação em regiões ultra-frias de um disco protoplanetário distante. Se isso se confirmar nas análises da NASA e da ESA, teremos um “pedaço congelado” de um outro sistema presente no nosso quintal cósmico.
• Descoberto em 2023
• Velocidade hiperbólica: 36 km/s
• Periélio: 0,91 UA
• Inclinação orbital: 40°
• Terceiro objeto interestelar já confirmado
2. Como a imagem mais nítida foi obtida?
Técnica de empilhamento
Murata utilizou um conjunto de 24 exposições individuais de 60 segundos, alinhadas e empilhadas no software AstroPixelProcessor. O empilhamento melhora a relação sinal-ruído, permitindo extrair detalhes finos do núcleo do cometa 3I/ATLAS. Cada frame foi calibrado com frames de bias, dark e flat, removendo ruído térmico e vinhetas ópticas.
Equipamento de alto desempenho
A configuração incluía um telescópio refletor de 0,4 m F/3,6, câmera CMOS refrigerada a –20 °C e um filtro de banda larga que maximiza a captura do espectro de emissão do cianogênio (CN), presente na coma. A montagem equatorial, com guiding automático, manteve a estrela-guia fixa enquanto o software executava correções a cada 0,5 s, compensando a rápida deriva do corpo.
Registre objetos em movimento acelerado usando “tracking” por rate customizado. Você pode calcular a taxa em arcseg/min no JPL Horizons, inserir no ASCOM driver e garantir estrelas ligeiramente alongadas, mas um cometa absolutamente nítido.
3. Anatomia visível: núcleo, coma e caudas
Núcleo
Graças à resolução de 0,7 arcseg/pixel, o núcleo do cometa 3I/ATLAS aparece como um ponto quase estelar de magnitude 17,2. Mede cerca de 1 km de diâmetro, valor estimado pela curva de luz em banda R. Se comparado a 2I/Borisov (1,4 km), temos um objeto um pouco menor, mas exibindo atividade semelhante.
Coma e caudas
A coma alcança 180 000 km. A cauda de poeira ultrapassa 400 000 km, traçando uma curva suave em direção oposta ao movimento do cometa. Já a cauda iônica é evidente pela cor azul-esverdeada, indicando presença de CO2+. A anti-cauda, menos comum, surge quando partículas mais pesadas ficam temporariamente à frente do cometa, projetadas pela perspectiva do observador terrestre.
“A anti-cauda é um lembrete visual de que cometas são 3D e que a perspectiva pode transformar física em arte.” – Sérgio Sacani, astrofísico e apresentador do SpaceToday
4. Panorama comparativo: 3I/ATLAS versus outros objetos interestelares
| Característica | 1I/ʻOumuamua | 3I/ATLAS |
|---|---|---|
| Tipo | Astróide/cometa desativado? | Cometa ativo |
| Descoberta | 2017 | 2023 |
| Velocidade no periélio (km/s) | 87 | 56 |
| Diâmetro estimado (km) | 0,2 × 0,04* | ~1 |
| Atividade cometária | Nenhuma detectada | Forte |
| Cauda iônica | Não | Sim |
| Inclinação orbital | 123° | 40° |
| Missão planejada | Comet Interceptor (prospectiva) | Estudos remotos |
*Dimensões alongadas hipotéticas de 1I/ʻOumuamua, ainda debatidas.
5. Implicações científicas da nova imagem
Modelagem de atividade
Os modelos termofísicos sugerem que o pico de liberação de voláteis do 3I/ATLAS ocorre antes do periélio devido ao aquecimento diferencial do núcleo. A imagem empilhada revela jatos de poeira inclinados 25° em relação ao plano orbital, confirmando previsões feitas com o telescópio Pan-STARRS.
Composição e exobiologia
Espectros obtidos no Very Large Telescope indicam absorções de C2, NH2 e CN. Esses componentes, segundo a equipe do European Southern Observatory, são precursores de aminoácidos simples. Embora não impliquem diretamente em vida, sugerem que moléculas orgânicas complexas podem surgir em discos protoplanetários fora do nosso Sistema Solar, reforçando hipóteses de panspermia.
Uma porcentagem de menos de 1% de grãos de poeira interestelar apresenta polímeros orgânicos, mas mesmo essa fração baixa seria suficiente para “ensemenciar” discos de formação planetária a cada passagem de objetos como o 3I/ATLAS.
6. Próximos passos e expectativas com missões espaciais
Análise da NASA e da ESA
No dia 19 deste mês, a NASA promete liberar imagens da câmera HiRISE, a bordo da Mars Reconnaissance Orbiter, voltada para o cometa 3I/ATLAS durante sua conjunção com Marte. Paralelamente, a ESA estuda desviar a missão Comet Interceptor – originalmente prevista para 2030 – para um encontro futuro com um objeto interestelar não identificado, mas cuja experiência com o 3I/ATLAS pode definir requisitos de instrumentação.
Possível missão de sobrevoo
- Proposta de lançamento rápido em 2026.
- Propulsão elétrica solar de baixo empuxo.
- Assistência gravitacional em Vênus para ganho de velocidade.
- Encontro a 2 UA do Sol.
- Instrumentos: câmera de alta resolução, espectrômetro de massa, contador de poeira.
- Telemetria via Deep Space Network.
- Retorno de dados previsto para 2033.
A janela de oportunidade é estreita, mas a comunidade internacional já discute o ganho científico: entender como a matéria primordial varia entre sistemas estelares ajuda a calibrar modelos de formação de exoplanetas detectados pelo telescópio James Webb.
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7. Checklist: como acompanhar a passagem do 3I/ATLAS do seu quintal
- Use aplicativos como SkySafari para rastrear coordenadas em tempo real.
- Telescópios acima de 200 mm de abertura são ideais, mas binóculos 15×70 já mostram a coma.
- Prefira céus escuros (bortle ≤ 4) e observe após a meia-noite.
- Filtros de banda estreita (O III/CN) realçam a cauda iônica.
- Empilhe múltiplas imagens curtas para evitar trilhas.
- Registre flats com painel de luz uniforme para calibrar o gradiente.
- Compartilhe seu resultado em plataformas como AstroBin e ajude na ciência cidadã.
Perguntas frequentes (FAQ)
1. Como sabemos que o 3I/ATLAS é realmente interestelar?
O parâmetro orbital “excentricidade > 1” indica trajetória hiperbólica. Medições de radar e observações óticas forneceram excentricidade 1,12±0,01, valor impossível para objetos ligados gravitacionalmente ao Sol.
2. Ele oferece risco à Terra?
Não. O ponto de maior aproximação ocorreu a 0,93 UA – maior que a distância Terra-Sol. Nenhuma projeção mostra chance de colisão.
3. Por que a cauda iônica é azul?
Íons CO2+ e CO+ fluorescem sob radiação ultravioleta solar, emitindo fotões no azul-esverdeado. Essa assinatura é típica de cometas ativos.
4. Um telescópio amador consegue ver o núcleo?
Não em detalhe. O núcleo possui magnitude 17; o que vemos é a coma brilhando a magnitude 11-12. Apenas grandes observatórios resolvem o ponto central.
5. Qual a diferença entre cauda e anti-cauda?
A cauda se afasta do Sol; a anti-cauda parece apontar para o Sol, mas é efeito de perspectiva quando partículas maiores estão no plano do observador.
6. A imagem de Murata será superada?
Provavelmente, sim. A câmera HiRISE em Marte possui resolução de centímetros por pixel a curta distância, o que promete detalhes inéditos.
7. Posso contribuir com dados científicos?
Sim! Fotometrias de amadores alimentam bancos como o COBS (Comet Observation Database). Basta calibrar seus dados e enviar.
8. Por que os nomes dos cometas mudam?
Siglas como 3I/ designam a ordem de descoberta de objetos interestelares. “ATLAS” refere-se ao survey que o detectou primeiro. Se uma missão pousar ou estudar de perto, pode ganhar denominação adicional homenageando a nave.
Conclusão
Em resumo, a nova fotografia do cometa 3I/ATLAS:
- Elevou o padrão de resolução em astrofotografia de cometas.
- Confirmou a presença simultânea de cauda de poeira, cauda iônica e anti-cauda.
- Ajudou a refinar modelos termofísicos de objetos interestelares.
- Motivou planejamentos de missões de sobrevoo rápidas.
- Mostrou que a ciência cidadã continua crucial para descobertas astronômicas.
Fique de olho nas atualizações do canal Nas Fronteiras do Universo e no SpaceToday para não perder as imagens da HiRISE e as eventuais propostas de missões. Se você tem equipamento, aproveite a janela de observação; se não, compartilhe este artigo para que mais pessoas se combinem nessa aventura estelar.
Créditos: Sérgio Sacani, Satoru Murata, NASA, ESA, ESO e comunidade de astrofotógrafos amadores.
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