MIT cria liga de alumínio impressa em 3D cinco vezes mais resistente que a tradicional

Tecnologia

Engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveram uma nova liga de alumínio que pode ser impressa em 3D e promete resistência mecânica até cinco vezes superior à do alumínio convencional. O avanço, descrito na revista Advanced Materials, foi alcançado por meio da combinação de modelagem computacional, aprendizado de máquina e testes laboratoriais.

Processo de descoberta reduz um milhão de combinações a apenas quarenta

Tradicionalmente, identificar uma liga metálica exige simular centenas de milhares de combinações de elementos químicos, etapa que consome tempo e recursos. Para acelerar essa busca, a equipe do MIT recorreu a um algoritmo de aprendizado de máquina capaz de pré-selecionar composições promissoras. Segundo os pesquisadores, o método reduziu o número de possibilidades de pouco mais de um milhão para 40.

Nessa seleção final, os engenheiros avaliaram cada composição em termos de resistência, leveza e comportamento em altas temperaturas. A fórmula vencedora, mantida em sigilo por motivos de patente, incorpora alumínio misturado a proporções específicas de elementos de reforço. Simulações adicionais mostraram que a liga escolhida superou todas as alternativas avaliadas manualmente, confirmando a eficiência do modelo de inteligência artificial.

Impressão 3D substitui a fundição tradicional

Depois de chegar à composição otimizada, a equipe percebeu que o processo de fundição convencional não era o mais adequado para solidificar o material. O grupo então adotou a manufatura aditiva a laser—popularmente conhecida como impressão 3D metálica—capaz de controlar o resfriamento camada a camada e reduzir defeitos internos.

De acordo com os autores do estudo, a taxa de resfriamento rápida obtida na impressão 3D cria uma microestrutura ultrafina que impede a formação de trincas e confere alta resistência ao material. Ensaios mecânicos indicaram ganho de resistência cinco vezes maior em comparação com ligas de alumínio de uso industrial, sem aumento relevante de peso.

Potencial de aplicação em transporte e data centers

As propriedades obtidas tornam a nova liga candidata a equipar componentes que operam sob altas tensões e temperaturas. Entre as aplicações citadas pelos engenheiros estão:

  • Pás de ventiladores de motores a jato, que precisam resistir ao calor sem deformar;
  • Estruturas automotivas leves para reduzir consumo de combustível;
  • Dispositivos de resfriamento em data centers, onde condutividade térmica e baixo peso são desejáveis.

Segundo especialistas do setor aeroespacial, cada quilograma retirado de um avião pode representar economia significativa de combustível ao longo dos anos de operação. Já no segmento de servidores, materiais mais leves facilitam o desenho de sistemas de dissipação de calor, diminuindo o gasto energético com climatização.

Economia de energia e impacto ambiental

Dados oficiais da Agência Internacional de Energia indicam que o transporte responde por cerca de 24 % das emissões globais de CO₂. Nesse contexto, ligas mais leves e resistentes podem colaborar para tornar veículos e aeronaves mais eficientes. Relatórios de fabricantes mostram que reduzir 10 % do peso de um automóvel eleva sua eficiência energética em aproximadamente 6 %. A expectativa é que materiais avançados, como a liga do MIT, antecipem metas de descarbonização estipuladas para a próxima década.

Próximos passos e desafios industriais

Embora a composição tenha sido validada em laboratório, a escala industrial ainda depende de testes adicionais de fadiga, corrosão e certificações regulatórias. Representantes do MIT afirmam estar negociando parcerias com empresas de manufatura aditiva para produzir lotes piloto. Especialistas do setor alertam que o custo do pó metálico e a velocidade das impressoras 3D continuam sendo gargalos, mas preveem queda de preço à medida que a demanda aumenta.

Para o consumidor final, a adoção desse material pode resultar em carros mais leves, aviões menos poluentes e sistemas de computação com melhor dissipação térmica. Se o cronograma de industrialização se mantiver, as primeiras peças comerciais produzidas com a nova liga podem chegar ao mercado em três a cinco anos.

Este avanço reforça a tendência de usar inteligência artificial para acelerar o desenvolvimento de materiais, estratégia que já levou à descoberta de baterias mais seguras e ligas de titânio mais leves. De acordo com relatórios da consultoria McKinsey, o mercado global de materiais projetados por IA pode movimentar mais de US$ 50 bilhões até 2030.

Curiosidade

O alumínio foi considerado metal precioso no século XIX, a ponto de adornar joias e coroas devido à dificuldade de extração. Com a eletrólise moderna, seu custo despencou e o material se popularizou. Agora, iniciativas como a do MIT mostram que o metal ainda tem espaço para evoluir, unindo impressão 3D e inteligência artificial para criar ligas de alto desempenho.

Para saber como pesquisas semelhantes estão chegando ao consumidor, vale acompanhar outras inovações em materiais avançados publicadas em nossa editoria de Tecnologia.

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