O Laboratório de Propulsão a Jato (Jet Propulsion Laboratory – JPL), vinculado à NASA e administrado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), confirmou a demissão de 550 colaboradores nesta semana. O corte corresponde a cerca de 11 % do quadro permanente e atinge áreas técnicas, administrativas e de suporte.
Reestruturação anunciada para reduzir custos e focar projetos-chave
Em comunicado divulgado em 13 de outubro, o novo diretor Dave Gallagher justificou as dispensas como parte de um “redimensionamento estratégico” iniciado em julho. Segundo o dirigente, a decisão busca “garantir disciplina fiscal, preservar competências essenciais e preparar o laboratório para competir em um ecossistema espacial em rápida evolução”.
Os empregados foram informados por memorando de que trabalhariam remotamente no dia 14 de outubro, exceto aqueles convocados a comparecer presencialmente para reuniões de desligamento. Quem permanecer no JPL será comunicado sobre suas funções na nova estrutura, válida a partir de 15 de outubro.
Gallagher ressaltou que a iniciativa não está relacionada à paralisação do governo dos Estados Unidos, iniciada em 1.º de outubro, mas sim ao plano interno de reorganização apresentado no meio do ano. Como o JPL é operado pela Caltech, seus funcionários não são servidores federais e não se enquadram no regime de furlough aplicado a grande parte do quadro civil da NASA.
Quarto ciclo de cortes desde 2023
O laboratório passa por sucessivas reduções desde o começo do ano passado. Em janeiro de 2024, 100 prestadores de serviço foram dispensados por “incertezas orçamentárias” e pela proposta de corte profundo no programa Mars Sample Return. Um mês depois, 530 empregados (aproximadamente 8 % do efetivo) e 40 contratados deixaram a instituição, ainda por falta de definição do orçamento federal de 2024. Em novembro, houve mais 325 demissões para alinhar a despesa ao que se projetava para o exercício de 2025.
Após a rodada de novembro, a então diretora Laurie Leshin declarou não esperar novas demissões “no futuro próximo”, estimando que o quadro chegaria a 5 500 colaboradores. Leshin, entretanto, renunciou em maio de 2025 por motivos pessoais, após 36 anos no laboratório. Desde então, Dave Gallagher, ex-diretor-adjunto de integração estratégica, assumiu o comando.
O cenário de incerteza ganhou força em março, quando a Casa Branca apresentou a proposta orçamentária de 2026 com cortes relevantes em missões científicas gerenciadas pelo JPL, incluindo novamente o Mars Sample Return. Analistas do setor interpretam essa sinalização como fator adicional de pressão sobre o quadro funcional.
Implicações do shutdown e de cortes federais mais amplos
A ausência de um acordo no Congresso para manter o orçamento de 2025 em vigor levou à suspensão de atividades de boa parte da NASA desde 1.º de outubro. Nessa condição, servidores federais ficam sem receber, mas preservam vínculo. Já o escritório de Gestão e Orçamento (OMB, na sigla em inglês) informou em 10 de outubro que iniciará reduções de força (RIFs) em diferentes agências, substituindo furloughs por demissões permanentes. Até o momento, o documento público do OMB detalha 315 cortes no Departamento de Comércio, mas não menciona a NASA.
Apesar da convergência de fatores, Gallagher reforçou que a medida no JPL é preventiva e visa oferecer “estrutura mais enxuta” antes que eventual redução de repasses federais seja oficializada. Especialistas em gestão de programas espaciais avaliam que a estratégia procura manter a capacidade de conduzir missões prioritárias mesmo com pressão fiscal.

Imagem: Internet
Impacto para o setor e perspectivas
A série de demissões no principal centro de ciência planetária da NASA gera preocupações sobre continuidade de projetos em andamento e sobre a retenção de conhecimento especializado. Relatórios internos apontam que o laboratório precisa equilibrar investimentos em missões de custo elevado, como sondas marcianas, com novas demandas do mercado comercial de satélites e serviços em órbita.
Para a comunidade científica, a redução de pessoal ameaça o cronograma de missões como a coleta de amostras de Marte e estudos de asteroides. Segundo fontes ligadas ao Congresso, o debate sobre o orçamento de 2026 deve intensificar discussões sobre prioridades da agência. O resultado poderá influenciar desde contratos futuros com empresas privadas até o calendário de lançamentos da próxima década.
Na prática, o corte de 550 postos representa diminuição expressiva na capacidade de engenharia e apoio do JPL, fator que pode levar a revisões de cronograma ou escopo de alguns projetos. Para o leitor, isso significa possível atraso em descobertas científicas e inovações que costumam derivar das missões conduzidas pelo laboratório.
Curiosidade
O JPL foi criado durante a Segunda Guerra Mundial para desenvolver foguetes, mas tornou-se referência em robótica espacial. Entre seus marcos está o pouso do veículo Curiosity em Marte, em 2012, operação que contou com o chamado “sky crane” — manobra inédita de guindaste aéreo a foguete que inspirou soluções de pouso para missões posteriores.
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Resumo: o JPL demitiu 550 funcionários para ajustar o orçamento diante de cortes propostos à NASA, marcando a quarta rodada de reduções desde 2023. Continue acompanhando para saber como essas mudanças podem influenciar futuras missões espaciais.
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