Astrônomos conseguiram, pela primeira vez, documentar em detalhes a fase final de uma estrela supergigante vermelha instantes antes de sua explosão. A evidência foi apresentada em estudo publicado em 8 de maio no The Astrophysical Journal Letters e baseia-se em imagens colhidas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), em parceria com dados do Hubble. A estrela em questão, agora identificada como progenitora da supernova SN 2025pht, localiza-se em uma galáxia aproximadamente 40 milhões de anos-luz da Terra. O registro resolve um enigma que intrigava a comunidade científica havia décadas: por que é tão raro observar supergigantes vermelhas antes de sua morte cataclísmica?
Detalhes da observação conjunta
A descoberta partiu de uma equipe liderada por Charlie Kilpatrick, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos. De acordo com o pesquisador, a combinação de imagens pré-explosão do JWST e do Hubble foi decisiva para revelar a estrela progenitora. Os telescópios haviam fotografado a mesma região celeste em diferentes momentos e, com o aparecimento da supernova em 29 de junho, tornou-se possível alinhar os registros para identificar o objeto que desapareceu — a supergigante vermelha prestes a explodir.
O James Webb empregou seus instrumentos de infravermelho para atravessar um espesso véu de poeira que ocultava a estrela. Segundo Aswin Suresh, pós-graduando em física e astronomia e coautor do artigo, trata-se da supergigante vermelha “mais vermelha e mais empoeirada” já observada imediatamente antes de uma supernova. Espectros obtidos após a explosão indicaram ainda que o material circundante era rico em carbono, diferindo da composição de silicato normalmente associada a essas estrelas.
Por que o registro é tão importante
Supergigantes vermelhas são estrelas massivas que esgotam rapidamente o combustível nuclear, expandem-se e esfriam até atingirem proporções colossais. A teoria prevê que esses astros terminem a vida em uma supernova do tipo II, liberando elementos pesados essenciais para a formação de planetas e, consequentemente, da vida. No entanto, flagrantes diretos desse momento crítico eram escassos, sobretudo porque a radiação visível costuma ser bloqueada por grandes quantidades de gás e detritos ejetados pela própria estrela.
O JWST mudou esse cenário ao registrar comprimentos de onda infravermelhos capazes de penetrar a poeira. “Esse é o exemplo mais claro de como a tecnologia de ponta permite resolver perguntas de longa data”, resumiu Kilpatrick em comunicado oficial. Relatórios indicam que, com a metodologia usada no novo estudo, futuras campanhas poderão mapear estatisticamente quantas supergigantes vermelhas avançam de fato para a supernova, contribuindo para calibrar modelos de evolução estelar.
Como o estudo foi conduzido
Após a detecção de SN 2025pht, a equipe recuperou fotografias anteriores do JWST e do Hubble. O alinhamento submilimétrico dos pixels permitiu comparar as cenas com precisão. Quando a luz da supernova substituiu o ponto luminoso original, os astrônomos confirmaram a presença e o desaparecimento da progenitora. Observações subsequentes feitas pelo JWST apontaram picos de luminosidade compatíveis com uma supernova do tipo II, fortalecendo a conclusão.
A análise espectroscópica revelou, além da poeira carbonácea, indícios de forte perda de massa nos anos que antecederam o colapso. Segundo especialistas, esse comportamento sugere que algumas supergigantes podem ejetar conchas de material diversas vezes antes da explosão final, criando barreiras adicionais à detecção óptica. “Provavelmente perdemos vários eventos semelhantes no passado por falta de instrumentos sensíveis”, destacou Suresh.
Impacto para a astronomia e para o público
Do ponto de vista científico, o achado ajuda a definir duas questões centrais. Primeiro, confirma que supergigantes vermelhas realmente explodem como previsto pelos modelos teóricos, descartando hipóteses de colapso direto em buracos negros sem supernova visível. Segundo, fornece dados quantificáveis sobre composição química, temperatura e quantidade de poeira envolvida nesse processo.

Imagem: NASA ESA CSA STScI Charles Kilpatrick Aswin Suresh
Para o público e os entusiastas do espaço, a identificação da progenitora de SN 2025pht aproxima a humanidade de compreender as etapas que precedem explosões estelares potencialmente visíveis a olho nu. Embora esta supernova específica não seja observável sem auxílio de telescópios, a metodologia abre caminho para prever eventos em galáxias próximas, inclusive na eventual morte de Betelgeuse, estrela popularmente monitorada na constelação de Órion.
Em termos práticos, entender essas fases finais pode refinar sistemas de alerta antecipado para supernovas. Observatórios automatizados podem ser configurados para rastrear assinaturas infravermelhas similares, permitindo desencadear redes de telescópios em diferentes comprimentos de onda e maximizar a coleta de dados assim que uma estrela entra em colapso.
Essa descoberta reforça a relevância dos grandes observatórios espaciais para desvendar etapas cruciais da evolução estelar. A continuidade de missões semelhantes deve ampliar o catálogo de supernovas observadas desde a fase pré-explosão, oferecendo bases empíricas mais robustas para pesquisas sobre a origem dos elementos químicos e a dinâmica das galáxias.
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Curiosidade
Depois da explosão, a supernova SN 2025pht continuará brilhando por meses enquanto seu núcleo colapsado libera energia e se expande no meio interestelar. Para comparação, Betelgeuse — a estrela avermelhada visível a olho nu — pertence à mesma classe de supergigantes e pode produzir um espetáculo semelhante no futuro. Caso isso ocorra durante a próxima década, a explosão será tão luminosa que poderia ser vista até de dia, marcando um dos eventos mais impressionantes da história da astronomia observacional.
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