Guillermo del Toro reforça crítica à inteligência artificial e alerta para riscos na arte

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Guillermo del Toro voltou a condenar o uso de inteligência artificial (IA) em produções audiovisuais durante o Festival Lumière 2025, na França. O diretor mexicano, premiado por obras como “O Labirinto do Fauno” e “A Forma da Água”, afirmou que a popularização de ferramentas generativas ameaça a essência emocional da criação artística e pode, segundo ele, conduzir a uma “estética do fascismo”.

Declarações diretas contra o avanço da IA

O cineasta participou de um painel sobre o futuro do cinema ao lado de roteiristas, críticos e outros diretores. Ao comentar a crescente digitalização dos processos criativos, del Toro afirmou: “Vivemos em tempos em que nos dizem que a arte pode ser feita em um aplicativo. Quando nos roubam a emoção, abrimos caminho para uma arte sem alma”. Ele concluiu a intervenção com a frase “A IA pode se f*der!”, arrancando aplausos da plateia.

O posicionamento de del Toro não é isolado. Nos últimos anos, sindicatos de roteiristas e atores em Hollywood incluíram em suas pautas a regulamentação do uso de algoritmos para produzir roteiros, reconstruir vozes ou gerar versões digitais de intérpretes. A preocupação central é que, sem regras claras, estúdios reduzam equipes humanas e enfraqueçam o valor autoral.

Temor de perda de identidade artística

De acordo com especialistas ouvidos por publicações do setor, a adoção de IA em roteirização e design de produção pode levar a produtos esteticamente homogêneos, guiados por padrões estatísticos e não por experiências pessoais. Del Toro ecoou essa análise ao citar o próprio longa “Frankenstein”, atualmente em pós-produção. “Todos os cenários são reais, construídos em escala humana. Trata-se de uma ópera feita por humanos para humanos”, declarou.

O diretor já havia apoiado as greves de 2023, quando roteiristas paralisaram Hollywood por quase cinco meses. À época, relatórios indicaram que os estúdios estudavam usar texto gerado por IA para criar roteiros-base e, posteriormente, contratar profissionais apenas para revisões. Para del Toro, tal prática reduziria a participação criativa de roteiristas ao mínimo necessário, prejudicando diversidade de vozes e visões.

Impacto no mercado audiovisual

Embora ferramentas de IA prometam economia e agilidade, profissionais alertam para possíveis consequências negativas. Segundo dados da consultoria Omdia, o uso massivo de algoritmos em etapas como storyboard e efeitos visuais pode cortar até 30% dos custos de produção em cinco anos. Ao mesmo tempo, sindicatos temem queda de postos de trabalho e padronização cultural.

Nos bastidores, grandes estúdios seguem investindo em tecnologias de machine learning para acelerar fluxos de trabalho. A Netflix, por exemplo, registrou patentes voltadas à criação automática de trailers, enquanto a Disney pesquisa métodos de reconstrução facial digital para dublagem multilíngue. Apesar desses avanços, vozes como a de del Toro insistem na importância do fator humano, sobretudo em escolhas narrativas e sensoriais.

Regulamentação e debate contínuo

Autoridades europeias discutem ampliar o escopo da Lei de Serviços Digitais para incluir diretrizes sobre uso de IA em entretenimento. Já nos Estados Unidos, projetos de lei estaduais buscam garantir compensação financeira a atores cuja imagem seja usada em modelos generativos. Até o momento, não há norma internacional que defina regras unificadas.

Del Toro argumenta que a regulamentação deve priorizar a responsabilidade artística. “A arte é uma forma de emoção compartilhada. Se deixarmos que algoritmos decidam qual história contar, corremos o risco de reduzir a experiência humana a um cálculo”, disse no festival. Para ele, preservar cenários físicos, efeitos práticos e atuações orgânicas reforça a singularidade de cada obra.

O que muda para o público e para o setor

A polêmica revela um ponto de inflexão na indústria audiovisual. Se a IA ganhar espaço sem salvaguardas, o espectador pode receber filmes e séries visualmente deslumbrantes, porém menos ousados em termos de narrativa. Do lado das produtoras, a automação promete cortes de gastos, mas pode gerar críticas sobre qualidade e autenticidade. Plataformas de streaming, por sua vez, poderão oferecer catálogo maior em menos tempo, aumentando a competição por atenção.

Para o leitor, compreender esse debate é essencial: o conteúdo que chega às telas do cinema, TV ou smartphone passa por uma cadeia criativa complexa. Quando nomes influentes como Guillermo del Toro soam o alerta, o tema migra do backstage para o centro da discussão cultural, indicando que decisões tomadas hoje influenciarão a forma como histórias serão contadas na próxima década.

Curiosidade

Antes de receber o Oscar por “A Forma da Água”, Guillermo del Toro manteve um caderno de ideias onde listava mais de 20 versões possíveis para a criatura aquática, todas desenhadas à mão. Esse hábito de rascunhar personagens no papel contrasta diretamente com as atuais soluções de IA que geram imagens em segundos. O contraste ilustra a defesa intransigente do diretor pela artesania manual, reforçando seu posicionamento contra a substituição de processos tradicionais por algoritmos.

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Este artigo destacou as preocupações de Guillermo del Toro sobre o futuro da arte em meio à ascensão da inteligência artificial. Acompanhe o site para seguir informado e participe nos comentários: como você vê o equilíbrio entre tecnologia e criatividade?

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