A estrela HD 45166, localizada a cerca de 3000 anos-luz na constelação de Monoceros, acaba de entrar para a história da astrofísica. Observações conduzidas por uma equipa internacional identificaram um campo magnético de aproximadamente 43 000 gauss, o mais intenso já medido em uma estrela maciça. O resultado sugere que o objeto se transformará, dentro de cerca de um milhão de anos, em um magnetar – variante extremamente magnética de estrela de nêutrons.
Observação detalhada com múltiplos telescópios
O estudo utilizou dados de vários observatórios, entre eles o Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT) instalado em Mauna Kea. Segundo os envolvidos, a campanha combinou espectroscopia de alta resolução e medições polarimétricas para detectar a assinatura magnética do astro. Apesar de HD 45166 ser investigada há mais de um século, essa é a primeira vez que sua intensidade de campo foi quantificada com precisão.
Os autores explicam que a estrela integra um sistema binário e apresenta elevado teor de hélio, características que dificultavam o enquadramento nas classificações tradicionais. Ao comparar o espectro observado com padrões de estrelas Wolf-Rayet, a equipa percebeu semelhanças surpreendentes, mas os dados magnéticos revelaram um perfil singular, resolvendo o impasse sobre sua verdadeira natureza.
Da supernova ao magnetar: o que os números indicam
Relatórios indicam que, mantidas as condições atuais, HD 45166 deverá exaurir seu combustível nuclear em aproximadamente um milhão de anos. O colapso resultará em uma supernova luminosa; em seguida, o núcleo comprimido deve capturar as linhas de campo acumuladas, originando um magnetar com campo estimado em 100 bilhões de gauss. Para efeito de comparação, o campo magnético terrestre é da ordem de 0,5 gauss.
Segundo especialistas, magnetares formam o grupo de objetos mais magnéticos do Universo conhecido. Até agora, presumia-se que apenas estrelas muito massivas teriam condições de gerar esses remanescentes. O novo resultado demonstra que estrelas de massa intermediária, se submetidas a fusão prévia e outras condições específicas, também podem atingir o estágio.
Formação por fusão estelar fornece nova pista
A análise de idade e massa indica que HD 45166 se originou da fusão de dois corpos estelares de porte moderado. Esse cenário ajuda a explicar a distribuição interna de hélio e o padrão de rotação observado. Para a comunidade científica, o achado amplia a compreensão sobre a variedade de caminhos evolutivos que levam à produção de campos extremos.
Modelos atualizados sugerem que, durante a fusão, camadas convectivas podem reforçar dinamos magnéticos, gerando linhas de campo que ficam “congeladas” na estrutura resultante. Quando a estrela colapsa, todo esse magnetismo é comprimido em poucas dezenas de quilômetros, dando origem ao magnetar.
Impacto para futuras pesquisas e tecnologias
Para o setor de astrofísica, a descoberta abre novas frentes de investigação sobre a origem dos campos ultrafortes. Entender o mecanismo pode refinar previsões de explosões de supernova e de emissão de ondas gravitacionais, fenômenos monitorados por instrumentos como LIGO e Virgo. Além disso, a confirmação de magnetares provenientes de massas intermediárias amplia o conjunto de alvos para missões de raio-X e rádio de próxima geração.

Imagem: Internet
No curto prazo, o estudo fornece um “laboratório natural” para testar teorias sobre interação de ventos estelares, perda de massa e dinâmica binária. A longo prazo, pode influenciar até mesmo o desenvolvimento de materiais supercondutores, já que os campos magnéticos extremos observados demandam explicações que ultrapassam os limites atuais da física do estado sólido.
O que muda para o público e para o mercado
Embora o fenômeno ocorra a milhares de anos-luz, o avanço científico tem reflexos diretos no conhecimento humano e, por consequência, na cadeia de inovação. Melhorar modelos de supernovas pode, por exemplo, ajustar estimativas sobre distribuição de elementos pesados no Universo – base da fabricação de semicondutores e tecnologias médicas. Para o leitor, acompanhar esse tipo de resultado significa entender por que telescópios terrestres e espaciais recebem investimentos bilionários: eles revelam processos fundamentais que, em última instância, sustentam a vida e a tecnologia na Terra.
Curiosidade
O Telescópio Espacial James Webb, lançado em 2021, já observou a estrela Wolf-Rayet WR 124, considerada um análogo em estágio diferente de evolução. Estudos comparativos entre WR 124 e HD 45166 podem esclarecer como composições químicas distintas influenciam a geração de campos magnéticos, fornecendo uma peça extra no quebra-cabeça da formação de magnetares.
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