Estação Espacial Internacional será desativada em 2030 e mergulhará no “cemitério de naves”

Tecnologia

NASA e parceiros internacionais definiram 2030 como o ano em que a Estação Espacial Internacional (EEI) deixará a órbita terrestre e será conduzida a uma área remota do Pacífico conhecida como Point Nemo.

Desativação programada para o fim da década

O laboratório orbital, que completa 25 anos de ocupação humana contínua, aproxima-se do seu encerramento operacional. Segundo o plano oficial da NASA, a estrutura — que mede aproximadamente o comprimento de um campo de futebol e pesa cerca de 460 toneladas — será desacoplada de forma controlada no final de 2030. Para a manobra de reentrada, a agência pretende empregar uma versão reforçada da cápsula Dragon, da SpaceX, capaz de fornecer impulso extra e garantir o direcionamento do complexo a uma região desabitada do oceano.

Engenheiros da agência explicam que a operação ocorrerá em três momentos principais. Primeiro, painéis solares e radiadores serão desprendidos. Em seguida, módulos habitáveis e o segmento de treliça se separarão. Por fim, partes remanescentes sofrerão fragmentação à medida que o atrito atmosférico elevar a temperatura externa, provocando a queima da maior parte do material. Componentos mais densos ou resistentes, como seções metálicas da treliça, tendem a sobreviver até atingir a superfície marítima.

Por que Point Nemo é o destino escolhido

Point Nemo, situado a 48°52,6’ Sul e 123°23,6’ Oeste, é o ponto dos oceanos mais distante de qualquer massa de terra — aproximadamente 2.688 quilômetros do pedaço habitado mais próximo. De acordo com dados da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), a remota localização minimiza o risco de que destroços atinjam pessoas, construções ou rotas comerciais.

O local recebeu centenas de artefatos orbitais nas últimas décadas, incluindo o laboratório soviético Mir em 2001. A escolha repete práticas adotadas para naves de grande porte, evitando eventos como o da estação Skylab, em 1979, quando restos do veículo caíram sobre o oeste da Austrália. Especialistas apontam que a população marítima na área é escassa, reduzindo ainda mais a probabilidade de dano a embarcações.

Lições de missões anteriores orientam a manobra

Relatórios técnicos da NASA indicam que a estratégia de entrada controlada foi aperfeiçoada após experiências com Mir e Skylab. A Mir, com 130 toneladas, foi guiada com sucesso ao Pacífico. Já o Skylab, de 77 toneladas, teve trajetória parcialmente descontrolada. A EEI, quase quatro vezes mais pesada que a Mir, exigirá cálculos precisos de propulsão, janela de reentrada e condições meteorológicas para replicar o resultado bem-sucedido de 2001.

Além do cuidado com a segurança, há preocupação crescente com o congestionamento orbital. A remoção programada da estação libera espaço para futuras plataformas comerciais e reduz o volume de detritos em órbita baixa, setor que enfrenta aumento de satélites de constelações privadas.

Impacto para ciência, indústria e usuários

O fim da EEI representa a conclusão de um dos projetos de cooperação internacional mais duradouros na história do espaço. Pesquisas em microgravidade sobre medicina, biotecnologia e novos materiais deverão migrar para estações privadas ou módulos nacionais. Segundo especialistas, empresas que fornecem equipamentos de pesquisa terão de adaptar experimentos a novos ambientes orbitais.

Na prática, usuários finais podem sentir reflexos indiretos. Tecnologias validadas a bordo da EEI — como sensores avançados, sistemas de reciclagem de água e componentes eletrônicos — deverão evoluir para aplicações industriais, médicas e até domésticas. O encerramento da estação também acelera o cronograma de desenvolvimento de habitats lunares e missões a Marte, já que mão de obra e verbas serão redirecionadas.

Estação Espacial Internacional será desativada em 2030 e mergulhará no “cemitério de naves” - Imagem do artigo original

Imagem: Mike Wall published

Para acompanhar a transição, o consórcio internacional estuda contratos de serviços privados que mantenham a presença humana no espaço de forma contínua, evitando lacunas semelhantes às vividas após o fim do programa Apollo. Embora ainda não haja decisão definitiva sobre a plataforma substituta, empresas norte-americanas negociam módulos infláveis e laboratórios modulares que podem ser acoplados a futuros veículos de carga.

Segundo cálculos internos, a desativação custará menos do que manter a estação ativa por mais cinco anos além de 2030. Além disso, limitar o cronograma reduz riscos associados ao desgaste estrutural de um complexo que já ultrapassou sua vida útil planejada.

Para leitores e entusiastas, a notícia sinaliza que a próxima década trará mudanças significativas na forma como se realiza pesquisa em órbita. A substituição de um laboratório governamental por plataformas comerciais tende a diversificar experimentos e abrir oportunidades a universidades e startups que, até então, enfrentavam barreiras de custo e burocracia.

Curiosidade

Point Nemo também é chamado de “polo de inacessibilidade do Pacífico” e fica tão distante de qualquer continente que, durante boa parte do dia, os seres humanos mais próximos costumam ser astronautas a bordo da própria EEI. A região foi batizada em homenagem ao capitão Nemo, personagem de Júlio Verne, e permanece um dos lugares menos explorados do planeta, reforçando seu papel como cemitério de naves.

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