Uma mobilização organizada pela Planetary Society reuniu cientistas, parlamentares e entusiastas da exploração espacial em Washington, D.C., na última segunda-feira (6 de outubro de 2025). O grupo, liderado pelo engenheiro e apresentador Bill Nye, cobrou do Congresso norte-americano a reversão dos cortes previstos para a ciência da NASA no orçamento federal de 2026.
Mobilização em Washington pede reversão de cortes
A ação, batizada de “Save NASA Science”, ocorreu nos degraus do Capitólio durante a primeira semana de paralisação do governo dos Estados Unidos. Segundo a Planetary Society, mais de 300 apoiadores e representantes de 20 organizações nacionais participaram do ato, mesmo com parte das atividades federais suspensas.
Bill Nye, atual diretor-executivo da Planetary Society, alertou que a proposta orçamentária da Casa Branca representa o maior corte já sugerido à agência espacial: redução total de 24% nos recursos da NASA e de 47% nos programas científicos. “Essas reduções forçariam o encerramento prematuro de dezenas de missões que ainda operam plenamente”, declarou. O educador citou ainda o impacto econômico positivo da exploração espacial, afirmando que “cada dólar investido retorna pelo menos três para a economia”, gerando mais de US$ 20 bilhões e sustentando 80 mil empregos nos 50 estados, de acordo com dados divulgados pela entidade.
Consequências para pesquisa e economia norte-americana
Especialistas presentes ao evento reforçaram o risco de perda de conhecimento e de desperdício de recursos públicos caso as missões em andamento sejam interrompidas. O presidente-eleito da Sociedade Astronômica Americana, Marcel Agüeros, destacou exemplos como os telescópios Hubble, Chandra, Kepler e TESS, responsáveis por descobertas que redefiniram a compreensão do universo. Ele citou o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, atualmente em desenvolvimento, como projeto ameaçado. “O Roman está dentro do orçamento, adiantado no cronograma e pode adicionar 100 mil exoplanetas ao nosso censo. Cortar verba agora significaria desperdiçar investimento já realizado”, afirmou.
Além das implicações científicas, a redução de recursos atinge diretamente a força de trabalho. Mais de 15 mil funcionários da NASA foram temporariamente dispensados devido ao shutdown, paralisando operações e projetos de pesquisa. Analistas observam que, sem reposição dos fundos, o país pode perder competitividade em áreas estratégicas, como observação da Terra, monitoramento climático e desenvolvimento de tecnologia aeroespacial.
Posicionamento do Congresso e impasse orçamentário
Embora a proposta oficial do governo tenha sido apresentada em maio, parlamentares de ambas as Casas já sinalizaram rejeição aos cortes. Casey Dreier, chefe de política espacial da Planetary Society, afirmou que deputados e senadores “largamente descartaram” a redução sugerida para a NASA. No entanto, a ausência de consenso sobre outros pontos do orçamento travou as votações e levou à paralisação do governo.
O representante democrata Glenn Ivey, do quarto distrito de Maryland — onde está localizado o Centro de Voos Espaciais Goddard — participou do ato e classificou a política da administração federal como “prejudicial para nossa região e para todo o país”. Ivey defendeu que o Senado assegure “financiamento máximo” para a agência, mantendo os valores próximos aos praticados em 2025.
Argumentos constitucionais e retorno social
Durante o protesto, Bill Nye citou o Artigo 1º, cláusula 8 da Constituição dos Estados Unidos, que recomenda ao Congresso “promover o progresso da ciência e das artes úteis”. Para o engenheiro, a exploração do espaço é parte da identidade nacional e um investimento de alto retorno social, não um gasto supérfluo. Organizações presentes lembraram que iniciativas como o Programa de Exploradores da NASA, responsável por missões de custo relativamente baixo, produzem dados aplicados em agricultura, gerenciamento de desastres naturais e telecomunicações.

Imagem: Josh Dinner published
Próximos passos da campanha
Com a incerteza sobre a duração do shutdown, a Planetary Society planeja ampliar a pressão sobre legisladores nas próximas semanas. A entidade pretende mobilizar eleitores em todos os estados para contatar seus representantes e reiterar a importância de recompor o orçamento científico. Se o Congresso adotar os percentuais propostos pela Casa Branca, dezenas de missões poderão ser suspensas em 2026, incluindo observatórios em órbita, sondas planetárias e projetos de desenvolvimento de novas tecnologias.
Impacto para o leitor: Para quem acompanha o avanço científico, a votação do orçamento norte-americano serve de termômetro global: cortes nessa escala podem atrasar descobertas sobre clima, saúde espacial e origem do universo, além de reduzir oportunidades de cooperação internacional, inclusive com instituições brasileiras que utilizam dados de satélites e telescópios da NASA.
Curiosidade
Você sabia que a própria Planetary Society financiou, em 2015, a missão LightSail 1, primeira vela solar de demonstração totalmente apoiada por doações públicas? O projeto, que aproveita a pressão da luz para se mover no espaço, mostrou como iniciativas civis podem complementar o trabalho de grandes agências — um exemplo relevante quando o financiamento governamental é colocado em risco.
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