A China completou o 600º lançamento de um foguete da família Longa Marcha ao colocar em órbita, na noite de 15 de outubro (horário de Brasília), o 12º grupo de satélites da megaconstelação Guowang. A decolagem ocorreu às 22h33, a partir do Centro de Lançamento Comercial de Hainan, no sul do país, utilizando o veículo Longa Marcha 8A.
Nova leva de satélites amplia projeto de banda larga
De acordo com a Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC), o foguete carregou mais uma remessa de satélites de internet desenvolvidos pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST). Embora o número exato de unidades não tenha sido informado, as três missões anteriores realizadas com o mesmo modelo transportaram nove satélites cada. Caso esse padrão se repita, o total da constelação operacional passaria a 95 artefatos, excluindo protótipos lançados em voos de teste.
O programa Guowang, conduzido pela estatal China SatNet, prevê quase 13 000 satélites em órbita baixa para fornecer conexão de alta velocidade dentro e fora do território chinês. A meta de curto prazo, segundo documentos oficiais, é atingir 400 satélites até 2027, posicionando o sistema como concorrente direto do Starlink, operado pela norte-americana SpaceX.
Linha Longa Marcha 8A ganha papel estratégico
O Longa Marcha 8A é uma variante do Longa Marcha 8, mantida com propulsores laterais a querosene e oxigênio líquido, além de motores YF-75H na segunda etapa, que utilizam hidrogênio e oxigênio líquido. A carenagem de 5,2 m de diâmetro oferece volume adicional para acomodar grupos de satélites e reforça a vocação do veículo para missões de lote.
Todos os quatro voos realizados até agora pelo 8A tiveram como carga principal lotes do Guowang. Para sustentar essa cadência, a indústria aeroespacial chinesa ampliou a produção dos motores YF-100, responsáveis pela propulsão inicial do foguete. Especialistas observam que a padronização do veículo simplifica a logística, reduz custos e acelera a implantação da rede de banda larga.
Marco destaca aceleração do ritmo de lançamentos
O primeiro Longa Marcha entrou em ação em 24 de abril de 1970, colocando o satélite Dongfanghong-1 em órbita. Levaria 37 anos para o país atingir 100 lançamentos. A partir daí, o intervalo para novos centenários foi caindo: o 200º voo ocorreu em 2014, o 300º em 2019, o 400º em 2021 e o 500º em dezembro de 2023. Agora, menos de dois anos depois, a marca de 600 lançamentos foi superada, evidenciando a evolução industrial e o surgimento de empresas privadas no setor.
Dados da CASC indicam que 62 tentativas orbitais já foram realizadas em 2025, a apenas seis do recorde anual de 68, estabelecido em 2024. A agenda para as próximas semanas inclui foguetes Longa Marcha 6A, 5 e 3B, além do sólido Lijian-1, todos ainda sem cargas divulgadas publicamente. Relatórios indicam que a política de não antecipar o tipo de satélite tem como objetivo preservar segurança e competitividade.
Novas gerações de foguetes em desenvolvimento
Enquanto mantém o ritmo com modelos consagrados, a China avança em veículos de maior porte ou reutilizáveis. O Longa Marcha 10, projetado para voos tripulados rumo à Lua, e o Longa Marcha 9, de categoria superpesada, estão em fase de testes estruturais. Já o Longa Marcha 12A, apontado como o primeiro reutilizável do país, pode voar ainda este ano, segundo declarações de executivos da CASC.

Imagem: CASC
A continuidade desses projetos sugere que a taxa de lançamentos deve crescer, impulsionada por demanda interna, parcerias comerciais e missões científicas. Analistas avaliam que a maior frequência coloca pressão sobre concorrentes globais, além de gerar oportunidades para fornecedores de componentes e serviços de solo.
O que muda para o mercado e para o usuário
Para o setor espacial, a marca de 600 lançamentos valida o amadurecimento industrial da China e consolida o Longa Marcha como um dos sistemas mais ativos do mundo. No curto prazo, a expansão da constelação Guowang pode ampliar a oferta de banda larga em regiões remotas da Ásia, da África e da América Latina, modificando a competitividade entre provedores de satélite. Para o usuário final, a tendência é de mais opções de conectividade e redução gradual de preços, à medida que a nova rede entrar em operação comercial.
Curiosidade
O nome Guowang significa “rede nacional” em mandarim, remetendo ao objetivo de fornecer cobertura de internet em todo o território chinês. De forma curiosa, o primeiro satélite artificial da China, lançado em 1970, transmitia a canção “Dongfanghong” (O Leste é Vermelho) em ondas curtas. Hoje, mais de cinco décadas depois, a mesma nação utiliza constelações inteiras para transmitir dados de alta velocidade a partir do espaço.
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