A cidade de Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo, receberá a primeira Unidade de Recuperação Energética (URE) da América Latina a partir do primeiro trimestre de 2027. O projeto, financiado pelo grupo Orizon, pretende transformar até 870 toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia em 20 MW de eletricidade, volume suficiente para atender cerca de 8 000 residências, segundo estimativas da empresa.
Como a tecnologia Waste-to-Energy será aplicada
O processo de geração elétrica baseia-se na queima controlada do lixo. O calor liberado movimenta turbinas a vapor, convertendo energia térmica em elétrica. De acordo com engenheiros responsáveis, os gases resultantes passam por sistemas de filtragem e tratamento antes da liberação na atmosfera, reduzindo em até 90 % a massa de descarte e limitando as emissões de poluentes.
A planta ocupará aproximadamente 37 000 m² e terá ligação direta com a linha de transmissão de 138 kV da Enel, por meio de um ramal de 300 metros. Leilões futuros definirão as empresas encarregadas da comercialização da energia produzida.
Infraestrutura e metas para o estado de São Paulo
O plano estadual inclui a implementação de outras duas UREs até 2028, cada uma capaz de processar 1 000 toneladas diárias de resíduos e gerar 30 MW. Há ainda previsão de mais duas unidades até 2035, com a meta de desviar até 70 % dos resíduos dos aterros sanitários até 2040. Especialistas em gestão de resíduos indicam que o avanço dessas usinas pode aliviar a sobrecarga dos aterros, reduzir custos de transporte de lixo e contribuir para o controle das emissões de gases de efeito estufa.
Além de Barueri, a usina aceitará resíduos de Santana de Parnaíba e Carapicuíba. Dessa forma, a operação regionaliza a destinação final do lixo, diminuindo o volume enviado a locais distantes e reforçando a segurança energética da região metropolitana.
Demanda energética e impacto ambiental
O crescimento de data centers, inteligência artificial e dispositivos conectados vem elevando o consumo elétrico global. De acordo com dados oficiais do Ministério de Minas e Energia, a demanda brasileira deve subir cerca de 27 % até 2032. Nesse contexto, fontes alternativas, como o modelo Waste-to-Energy, ganham relevância para complementar a geração hidrelétrica, que enfrenta desafios relacionados à disponibilidade hídrica.
Relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sugerem que o tratamento inadequado de resíduos figura entre os grandes emissores de metano, gás com potencial de aquecimento superior ao dióxido de carbono. Ao reduzir a disposição em aterros, a URE de Barueri pode mitigar parte desse impacto, embora organizações ambientais recomendem a priorização de políticas de reciclagem e redução de consumo.
Próximos passos e cronograma de implantação
A fase de obras civis deve começar ainda em 2024, após aprovação de licenças ambientais estaduais e municipais. Equipamentos de incineração, caldeiras e sistemas de controle de emissões serão importados e montados em etapas para permitir testes até o fim de 2026. A entrada em operação comercial continua prevista para o primeiro trimestre de 2027, prazo considerado viável por consultorias técnicas que acompanham empreendimentos similares na Europa e na Ásia.

Imagem: kanvag
Segundo analistas do setor elétrico, o modelo de negócios adotado pela Orizon poderá incluir contratos de venda de energia em leilões regulados ou acordos bilaterais com grandes consumidores. O retorno do investimento dependerá do preço obtido por megawatt-hora e dos custos de operação e manutenção dos sistemas de tratamento de gases.
O que muda para o cidadão e para o mercado
Para a população, a instalação da URE representa uma nova rota para resíduos que antes seguiriam para aterros no interior do estado, reduzindo o tráfego de caminhões e possíveis impactos sanitários. No mercado elétrico, a oferta de 20 MW não altera significativamente o balanço de carga, mas sinaliza a diversificação da matriz e incentiva municípios a adotarem soluções semelhantes. Especialistas apontam ainda a geração de empregos locais durante a construção e operação da planta.
Curiosidade
No Japão, usinas Waste-to-Energy costumam ser integradas a centros esportivos, museus ou estufas de cultivo, aproveitando o calor residual para aquecimento. Em Barueri, estudos preliminares indicam a possibilidade de utilizar o vapor excedente em processos industriais da região, o que pode elevar a eficiência geral do projeto.
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