AST SpaceMobile protocolou junto a órgãos reguladores internacionais, por meio da Alemanha, um pedido para operar uma rede de comunicação direta entre satélite e dispositivo (D2D) em toda a Europa. O projeto será conduzido pela SatCo, joint venture criada em março entre a companhia norte-americana e a operadora Vodafone, sediada em Luxemburgo. A iniciativa pretende oferecer banda larga diretamente a smartphones utilizando espectro S-band de 2 GHz e frequências de 700 MHz destinadas a proteção pública e socorro em desastres (PPDR).
Plano soberano para comunicação direta ao dispositivo
De acordo com a AST SpaceMobile, 21 Estados-membros da União Europeia, além de outros países do continente, manifestaram interesse em aderir à futura cobertura. O objetivo é disponibilizar o serviço comercialmente já em 2024, à medida que novos satélites forem lançados em órbita baixa da Terra (LEO).
A Vodafone, investidora na AST, comprometeu-se a ceder espectro celular que permitirá o início da operação em dez nações, sujeito a aprovação regulatória. A ideia de “rede soberana” decorre do controle totalmente europeu sobre a infraestrutura de comando, algo que diferencia a proposta de acordos pontuais firmados por outros provedores D2D. Segundo especialistas em telecomunicações, o modelo facilita a harmonização de licenças de espectro e reforça exigências de segurança cibernética previstas pela Comissão Europeia.
O projeto prevê o uso de um “interruptor de comando” dedicado, capaz de garantir supervisão regional sobre a segurança e a gestão de tráfego. O sistema atualizará chaves de criptografia para conexões S-band e para enlaces Q/V entre satélite e estações terrestres, além de controlar a ativação e o direcionamento dos feixes sobre diferentes países.
Infraestrutura e cronograma de satélites
Para suportar a operação, a SatCo pretende instalar seu principal centro de controle de satélites na Alemanha, nas proximidades de Munique ou Hannover, conforme as negociações finais. Essa instalação também abrigará um gateway terrestre responsável por estender a cobertura sobre o continente.
Desde 2022, a AST SpaceMobile colocou cinco satélites BlueBird em operação, todos construídos em fábricas no Texas. Contudo, análises internas indicam a necessidade de 45 a 60 unidades para garantir cobertura contínua nos “mercados-âncora” da empresa. Um sexto satélite, embarcado para a Índia no mês passado, pertence a uma nova geração com área de 223 m² após a abertura dos painéis solares — mais de três vezes o tamanho dos modelos anteriores.
A companhia planeja ter até 60 satélites ativos até o fim de 2026. Esse cronograma, no entanto, depende da disponibilidade do foguete New Glenn, da Blue Origin, cujo primeiro voo comercial foi adiado diversas vezes. Relatórios indicam que eventuais atrasos podem obrigar a AST a buscar lançadores alternativos, elevando custos e impactando a janela de serviço.
Concorrência e cenário regulatório europeu
O uso do espectro S-band para comunicação móvel via satélite tem ganhado atenção após movimentações de outros players. A Viasat já utiliza essa faixa na European Aviation Network, que combina satélites geoestacionários e estações celulares terrestres para oferecer Wi-Fi a bordo de aviões. A EchoStar, por sua vez, anunciou intenção de vender parte de seu espectro de Serviços Móveis por Satélite (MSS) à SpaceX, fortalecendo a oferta D2D do Starlink.

Imagem: AST Spacobile
Nesse contexto, a proposta da SatCo se diferencia por buscar uma autorização pan-europeia, em vez de acordos país a país. Segundo dados oficiais, o atual ciclo de renovação do espectro S-band termina em 2027, o que abre espaço para reconfigurar a alocação de frequências e acomodar novos serviços. Reguladores nacionais avaliam como equilibrar demandas de segurança, continuidade de serviços de emergência e metas de digitalização rural estabelecidas pela União Europeia.
Para o consumidor final, a promessa é de cobertura de voz e dados em áreas ainda sem sinal celular, como regiões montanhosas, zonas agrícolas e rotas marítimas. Analistas lembram que a conectividade direta a smartphones reduz a dependência de terminais específicos, pois utiliza antenas convencionais presentes em dispositivos 4G ou 5G. Caso o cronograma se confirme, usuários europeus poderão, já no próximo ano, realizar chamadas e acessar internet em locais até então sem qualquer cobertura.
Impacto para o leitor
A expansão da rede D2D da AST SpaceMobile pode alterar o panorama de conectividade na Europa, oferecendo sinal estável onde torres convencionais não chegam. Para viajantes, profissionais do campo e serviços de emergência, a tecnologia tende a elevar a confiabilidade das comunicações, inclusive em situações de catástrofe natural. Além disso, a iniciativa cria um precedente regulatório para outros blocos econômicos que pretendem adotar soluções semelhantes.
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Curiosidade
Os satélites BlueBird da AST SpaceMobile são equipados com antenas em fase capazes de formar e redirecionar feixes em tempo real, algo que lembra a tecnologia empregada em radares de defesa. Um único satélite pode criar dezenas de “células virtuais” no solo, ajustando a potência de transmissão de acordo com a densidade populacional de cada área. Essa flexibilidade é crucial para equilibrar consumo de energia e qualidade de serviço em um ambiente tão diverso quanto o europeu.
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