Amazônia registra menor desmatamento em 11 anos e consolida terceira queda anual

Ciência

Brasília — A área desmatada na Amazônia Legal atingiu 5.796 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025, resultado que representa queda de 11% em comparação ao período anterior, segundo o sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Trata-se do menor índice em 11 anos e da terceira taxa mais baixa desde o início da série histórica, em 1988. O levantamento confirma o terceiro ano consecutivo de retração, acumulando redução de 50% desde 2022.

Fiscalização intensificada e novos planos de controle

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, a diminuição está ligada à reestruturação da governança ambiental, fragilizada nos anos anteriores. A pasta retomou a Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas, que reúne 19 ministérios, além de implementar planos específicos para Amazônia, Cerrado e demais biomas.

Órgãos de fiscalização reforçaram operações de campo e monitoramento remoto. Dados oficiais mostram que, entre 2023 e 2025, a aplicação de multas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) relacionadas à flora subiu 81% na Amazônia e 25% no Cerrado, em comparação ao triênio 2020-2022. Segundo especialistas em política ambiental, a rápida retomada de equipes e a incorporação de imagens de satélite de alta resolução contribuíram para agilizar autuações e embargos.

Cerrado também recua após cinco anos de alta

O Cerrado manteve a tendência de queda iniciada em 2023. Foram 7.235,27 km² desmatados no último ciclo, recuo de 11,4% em relação ao período anterior. É o segundo ano consecutivo de redução após uma sequência de alta entre 2019 e 2023. Relatórios indicam que, desde 2022, ações combinadas entre Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) evitaram a emissão de aproximadamente 733,9 milhões de toneladas de CO₂ na Amazônia e no Cerrado.

Apesar da diminuição, o Cerrado continua pressionado pela expansão agropecuária. Dados oficiais apontam que 77,9% do desmate ocorreu nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, região conhecida como Matopiba. Mesmo assim, Tocantins reduziu o desflorestamento em 62,5% e Amapá em 48,15%, enquanto Mato Grosso registrou aumento de 25,06%, indicando que desafios regionais persistem.

Municípios prioritários mostram recuo acelerado

O programa União com Municípios (UcM), que concentra esforços de combate ao desmatamento em áreas críticas, registrou retração de 65% nos municípios participantes, percentual 31% superior à média da Amazônia. Segundo técnicos envolvidos nas operações, a estratégia combina dados de alerta em tempo real do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) com ações coordenadas de comando e controle.

Estados como Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima também apresentaram baixas expressivas, variando de 12,4% a 37,39%. Para especialistas em gestão ambiental, o resultado reforça a eficácia da fiscalização direcionada a hotspots de desmate e pode servir de modelo para outros biomas.

Impacto no clima e nos compromissos internacionais

A queda contínua do desmatamento contribui para a meta brasileira de atingir desmatamento zero até 2030 e reduz a pressão sobre os compromissos assumidos no Acordo de Paris. De acordo com estimativas apresentadas pelo governo federal, o recuo observado desde 2022 evita emissões equivalentes às produzidas por França e Espanha juntas em todo o ano de 2022. Para a população, a tendência pode significar menor risco de eventos climáticos extremos associados à perda de cobertura florestal, além de preservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos essenciais ao abastecimento hídrico e à agricultura.

Curiosidade

Você sabia que o Prodes, responsável pela taxa oficial de desmatamento, utiliza imagens de satélite capazes de identificar áreas de degradação superiores a 6,25 hectares? Esse limite, definido ainda na década de 1980, garante comparabilidade histórica, mas o INPE estuda incorporar sensores que captam até 1 hectare, o que deve tornar o sistema ainda mais preciso e ampliar a capacidade de resposta das equipes de fiscalização.

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