A Impulse Space divulgou em 14 de outubro seus planos para desenvolver um sistema de transporte capaz de levar até três toneladas de carga à superfície lunar a partir de 2028. O projeto, liderado pelo fundador e diretor-executivo Tom Mueller, combina o veículo de transferência Helios — já em desenvolvimento — com um novo módulo de descida que a empresa irá projetar especificamente para o pouso no solo selenita.
Estrutura do sistema e cronograma de voos
Segundo a companhia, a missão começará em órbita baixa da Terra. Lançadores comerciais colocarão o conjunto Helios + lander em altitude inicial, de onde o veículo de transferência conduzirá uma viagem de aproximadamente uma semana até a órbita baixa lunar. Após essa etapa, o módulo de descida realizará a alunissagem e entregará a carga.
A primeira missão do Helios está prevista para o fim de 2026. A expectativa é que, quando o lander estiver pronto, em 2028, a Impulse Space já opere múltiplas viagens por ano. Para o serviço específico de pouso, a meta inicial é realizar dois voos anuais.
Necessidade de uma opção “médio porte”
De acordo com Mueller, existe hoje uma lacuna no mercado para cargas na faixa de meio a 13 t. Programas como o Commercial Lunar Payload Services (CLPS), da NASA, atendem a pacotes de até 500 kg. No outro extremo, projetos como o Starship, da SpaceX, e o Blue Moon Mark 2, da Blue Origin, oferecem capacidade muito superior. “Precisamos de landers capazes de entregar múltiplas toneladas no curto prazo, se quisermos acelerar a construção de infraestrutura lunar”, afirmou o executivo em comunicado.
Mueller acrescenta que componentes já validados em voo serão reutilizados para reduzir riscos. O motor do novo lander, por exemplo, empregará tecnologia semelhante aos propulsores Saiph usados na espaçonave Mira. Tanto o Helios quanto o Saiph utilizam propelentes armazenáveis — óxido nitroso e etano —, escolhidos pela facilidade logística em longas missões.
Concorrência em evolução
Apesar do foco no segmento de médio porte, a Impulse não estará sozinha. A Blue Origin, por exemplo, deve inaugurar ainda este ano o Blue Moon Mark 1, projetado para transportar até 3 t quando lançado pelo foguete New Glenn. A NASA já selecionou essa plataforma para levar o rover VIPER em 2027, evidenciando que a competição se intensifica na corrida por contratos comerciais lunares.
Não é a primeira vez que a Impulse Space se aventura em módulos de pouso. Em 2022, a empresa anunciou um plano conjunto com a Relativity Space para desenvolver um lander marciano utilizando o foguete Terran R. O lançador, contudo, ainda não voou, e não houve atualizações recentes sobre o projeto para Marte.
Modelo de negócios e custos
A companhia não divulgou o investimento necessário nem o preço por missão, mas promete “ponto de preço competitivo”. Especialistas do setor observam que as constelações de satélites e a retomada dos voos tripulados à Lua devem impulsionar a demanda por cargas estruturais — painéis solares, módulos habitacionais e suprimentos — que se enquadram justamente na faixa de algumas toneladas.
O uso de tecnologias já testadas, aliado a lançadores existentes, reduz as barreiras de entrada e pode acelerar a oferta. Relatórios de mercado indicam que, até o fim da década, o segmento de transporte lunar poderá mover bilhões de dólares em contratos governamentais e privados.

Imagem: Impulse Space
Perspectivas para a presença sustentável na Lua
A aposta da Impulse Space vai ao encontro do objetivo mais amplo de “mobilidade no espaço”, destacado por Mueller. A companhia enxerga suas missões iniciais em órbita terrestre como etapas para operações cada vez mais distantes. Se o lander cumprir o cronograma, passará a integrar de forma relevante a cadeia logística que sustenta projetos como a construção de habitats permanentes e experimentos científicos avançados no satélite natural.
Para o leitor, o avanço de transportadores nessa categoria pode representar, a médio prazo, serviços de telecomunicação mais confiáveis, novos produtos derivados de pesquisa em microgravidade e até oportunidades de carreira em um setor aeroespacial em franca expansão.
Curiosidade
Você sabia que o fundador da Impulse Space, Tom Mueller, foi um dos principais engenheiros de motores de foguete da SpaceX antes de criar sua própria empresa? A experiência acumulada em propulsão química, agora aplicada a sistemas de mobilidade além da órbita terrestre, reforça a tendência de talentos veteranos impulsionarem iniciativas privadas rumo à Lua e a outros destinos.
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