Verizon fecha acordo com AST SpaceMobile para oferecer internet via satélite a partir de 2026

Tecnologia

Verizon assinou um acordo definitivo com a AST SpaceMobile para utilizar a futura rede celular via satélite da startup norte-americana. Com a parceria, anunciada em 8 de outubro, a operadora pretende fornecer conectividade direta ao dispositivo (D2D) aos seus clientes nos Estados Unidos a partir de 2026.

Parceria amplia disputa no mercado de conexão direta ao dispositivo

O entendimento entre as duas empresas consolida a estratégia iniciada em maio de 2024, quando Verizon anunciou um investimento potencial de US$ 100 milhões na AST SpaceMobile. O novo contrato, de partilha de receitas, soma-se ao pacto semelhante firmado pela companhia espacial com a AT&T no mesmo mês. Ambas as operadoras disponibilizarão espectro na faixa de 850 MHz, que será reunido pelos satélites da AST para alcançar áreas sem cobertura terrestre.

Para a AT&T, o compromisso vigora até 2030. Já no anúncio envolvendo a Verizon, não foram revelados prazos detalhados nem cláusulas de exclusividade. Analistas ouvidos pelo mercado destacam que, apesar de não impedir acordos futuros com outros fornecedores, o movimento reduz temores de uma possível migração da Verizon para a oferta D2D da SpaceX.

Atualmente, clientes Verizon contam apenas com serviços básicos de satélite, oferecidos em parceria com a Skylo, que conecta alguns aparelhos Android a satélites geoestacionários. Usuários de iPhone recorrem ao recurso de emergência da Apple suportado pela constelação da Globalstar, independente da operadora. Com o contrato recém-assinado, a Verizon dará um passo para oferecer cobertura de voz e banda larga via satélite sem a necessidade de hardware adicional.

BlueBird: expansão da constelação começa em outubro

Para viabilizar o serviço, a AST SpaceMobile planeja erguer uma rede de 4 560 satélites em órbita baixa (LEO). A empresa possui, hoje, cinco unidades comerciais e prepara o envio do BlueBird 6 para a Índia em 12 de outubro, primeiro satélite do chamado Bloco 2. O equipamento tem 223 m² de antenas — mais de três vezes o tamanho do Bloco 1 — e será seguido pelo BlueBird 7, previsto para chegar a Cabo Canaveral ainda neste mês.

Segundo a companhia, as unidades 8 a 16 estão em diferentes estágios de produção e seus lançamentos ocorrerão a cada um ou dois meses ao longo de 2025 e 2026. A meta é concluir 40 matrizes de fases até o início de 2026, ritmo considerado essencial para entregar velocidades de até 120 Mb/s prometidas para a rede.

Além dos satélites, a AST vem reunindo direitos de frequência em L-band para a América do Norte e em S-band para operações globais, estas últimas dependentes de aprovações país a país. Relatórios internos apontam que a empresa pretende combinar esses espectros a fim de maximizar a capacidade e reduzir a latência, competindo diretamente com a solução Starlink D2D, da SpaceX.

Concorrência esquenta com investimentos bilionários

A disputa pelo mercado de telecomunicações via satélite ganhou força após a SpaceX anunciar, em setembro, planos de investir mais de US$ 17 bilhões em espectro para ampliar em 20 vezes a capacidade de sua oferta direta ao dispositivo. Atualmente, a Starlink fornece serviços limitados de mensagens de emergência e alertas em parceria com a T-Mobile.

Para especialistas, a entrada de Verizon reforça a posição da AST SpaceMobile diante da pressão exercida pela SpaceX. Ainda assim, analistas do setor lembram que a dualidade de fornecedores não está descartada, já que a adição de múltiplas redes pode aumentar a complexidade operacional, mas também traz redundância valiosa para as operadoras.

O que muda para consumidores e setor

Segundo dados oficiais, cerca de 10 % da população norte-americana vive em áreas com cobertura móvel limitada ou inexistente. A oferta D2D pretende eliminar esses “buracos” de sinal, estendendo voz, SMS e, posteriormente, banda larga a regiões rurais, estradas, montanhas e zonas litorâneas. Na prática, a tecnologia permitirá que o usuário utilize o próprio smartphone, sem antenas externas, para se comunicar via satélite.

Para o mercado, a parceria sinaliza maior competição e potencial redução de custos. Operadoras que recorrerem a satélites poderão evitar investimentos em torres remotas, enquanto startups espaciais ganham fluxo de caixa previsível. De acordo com projeções de consultorias, o segmento de conectividade D2D pode movimentar mais de US$ 30 bilhões anuais até 2030.

Embora os clientes não vejam mudanças imediatas — uma vez que o serviço da Verizon só deve chegar em 2026 —, a tendência é que, nos próximos anos, novos planos incluam cobertura satelital como diferencial. Consumidores que viajam para áreas sem rede ou atuam em atividades ao ar livre podem ser os primeiros beneficiados.

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Curiosidade

O protótipo BlueWalker 3, antecessor dos BlueBird, detém o recorde da maior antena já aberta em órbita baixa, com 64 m². Essa dimensão equivale a metade de uma quadra de tênis e foi essencial para provar que satélites relativamente poucos podem atender diretamente a celulares comuns. A expansão para 223 m² no BlueBird 6 mostra a evolução rápida da engenharia de antenas espaciais, um fator decisivo para levar internet a locais antes inacessíveis.

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