Pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a COPPE/UFRJ e o Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (CENPALEO), identificaram uma nova espécie de dinossauro que viveu há cerca de 90 milhões de anos no território que hoje corresponde ao noroeste do Paraná. Batizado de Berthasaura leopoldinae, o animal possuía cerca de um metro de comprimento e surpreende a comunidade científica por ser um terópode completamente desprovido de dentes, característica inédita entre fósseis brasileiros dessa linhagem.
Tomografia computadorizada expõe detalhes preservados no fóssil
Para confirmar a ausência de dentes e avaliar a anatomia interna do crânio, a equipe recorreu a exames de tomografia computadorizada realizados em parceria com a Clínica Advance e a Siemens Healthineers. Segundo os responsáveis, a técnica permitiu visualizar estruturas frágeis incrustadas na rocha sem a necessidade de remoção física, reduzindo o risco de danos. A análise revelou que a arcada dentária é lisa, sem indícios de alvéolos, reforçando a conclusão de que o espécime era desdentado durante toda a vida.
Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional e coautor do estudo, destaca que a tecnologia de imagem foi determinante. “A tomografia possibilitou enxergar detalhes impossíveis de serem observados a olho nu, o que confirma a importância de aproximar a paleontologia das empresas que dominam equipamentos de alta precisão”, afirma. A pesquisa foi publicada na revista Scientific Reports, e um modelo impresso em 3D do esqueleto já integra exposições educativas no Museu Nacional.
Um dos fósseis mais completos do Cretáceo brasileiro
O esqueleto de Berthasaura leopoldinae foi encontrado em um corte de estrada rural no município de Cruzeiro do Oeste, Paraná, durante escavações conduzidas por paleontólogos do CENPALEO e do Museu Nacional. O conjunto de ossos inclui crânio, mandíbula, coluna vertebral, cinturas peitoral e pélvica, além de membros anteriores e posteriores. De acordo com a equipe, o bom estado de conservação torna o exemplar um dos mais completos já recuperados do período Cretáceo no país, fornecendo material valioso para estudos sobre a evolução dos dinossauros sul-americanos.
O fato de o animal pertencer ao grupo dos terópodes — tradicionalmente associados a hábitos carnívoros — e, ainda assim, não ter dentes, muda a compreensão sobre a diversidade ecológica dessas espécies. Segundo especialistas, a ausência de dentes indica que Berthasaura provavelmente tinha uma dieta composta por plantas, pequenos invertebrados ou ambas as fontes, fenômeno já observado em outros terópodes desdentados encontrados na Ásia e na África.
Colaboração entre instituições demonstra potencial da tecnologia médica
A participação da Siemens Healthineers no projeto ilustra como equipamentos originalmente desenvolvidos para a medicina podem impulsionar pesquisas em áreas como a paleontologia. Ana Carolina da Silva, gerente de Colaboração Clínica para Tomografia Computadorizada na empresa, ressalta que o caso evidencia “o potencial da tomografia além do diagnóstico médico, beneficiando ciência básica, educação e preservação do patrimônio cultural”.
Relatórios do setor indicam que colaborações semelhantes se tornam cada vez mais frequentes, especialmente em países com restrição orçamentária para a aquisição de tecnologia científica. Para os pesquisadores, o acesso a tomógrafos de alta resolução encurta o tempo entre a coleta do fóssil e a obtenção de dados anatômicos, acelerando publicações e ampliando o alcance de programas educativos.
Impacto para a paleontologia e perspectivas futuras
A descoberta de Berthasaura leopoldinae reforça o papel do Brasil na compreensão da fauna cretácea global. Segundo dados oficiais do Museu Nacional, mais de 20 espécies de dinossauros já foram descritas no país, mas poucas apresentam grau de preservação comparável ao novo fóssil. A descrição de um terópode herbívoro sul-americano amplia as hipóteses sobre rotas evolutivas e adaptações alimentares durante o Cretáceo, período marcado por intensas mudanças climáticas e geográficas.

Imagem: Internet
Para o leitor, o avanço significa acesso a exposições mais completas e interativas, além de conteúdo educativo atualizado nos museus nacionais. No mercado de equipamentos científicos, iniciativas como essa podem estimular parcerias público-privadas, viabilizando o uso compartilhado de tecnologia de ponta entre hospitais, universidades e centros de pesquisa.
Curiosidade
Você sabia que, embora a maioria dos terópodes fosse carnívora, alguns grupos evoluíram para dietas onívoras ou herbívoras? O famoso Tyrannosaurus rex tinha dentes serrilhados para cortar carne, enquanto o recém-descrito Berthasaura leopoldinae exibe um bico semelhante ao de papagaios modernos, mostrando como a evolução pode criar soluções diversas dentro de um mesmo grupo.
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