Telescópio espacial encontra três “Terras” em sistema com dois sóis e desafia modelos de formação planetária

Tecnologia

A missão TESS, da NASA, identificou três exoplanetas de tamanho semelhante ao da Terra em órbita de um sistema binário localizado a 190 anos-luz. A configuração, batizada de TOI-2267, reúne dois astros que giram muito próximos um do outro e, ainda assim, abrigam mundos rochosos estáveis — resultado que contraria previsões consolidadas sobre a formação de planetas em ambientes de forte instabilidade gravitacional.

Descoberta inédita com trânsitos em ambas as estrelas

Segundo os autores do estudo, publicado na revista Astronomy & Astrophysics em 24 de outubro, esta é a primeira vez que cientistas confirmam planetas transitando em ambos os componentes de um par estelar compacto. A equipe liderada por Sebastián Zúñiga-Fernández, da Universidade de Liège, detectou dois trânsitos diante da estrela primária e um diante da estrela secundária. “Não havia registro de um sistema binário onde cada estrela exibisse seu próprio planeta em trânsito”, destaca o pesquisador.

Para validar o sinal observado pelo TESS, os astrônomos recorreram a telescópios terrestres especializados em astros frios e de baixa luminosidade. Entre eles, os sistemas robóticos SPECULOOS, instalados no Observatório do Paranal (Chile) e em Tenerife (Espanha), além dos telescópios gêmeos TRAPPIST, na Bélgica. A combinação de dados permitiu confirmar a dimensão aproximada dos três mundos — todos próximos ao raio terrestre — e determinar seus períodos orbitais.

Quebras de recordes e implicações para a teoria

De acordo com Francisco J. Pozuelos, coautor do Instituto de Astrofísica de Andaluzia, o sistema estabelece múltiplos recordes: é o par de estrelas mais frio e mais compacto já associado a planetas; também é o primeiro a exibir mundos em trânsito em cada estrela. “TOI-2267 transforma-se num laboratório natural para investigar como planetas rochosos podem surgir e sobreviver sob condições dinâmicas extremas”, afirma Pozuelos.

Modelos clássicos previam que a proximidade entre as duas estrelas — classificada como binário compacto — geraria perturbações suficientes para impedir a acreção de corpos sólidos de tamanho considerável. A nova evidência obriga astrônomos a rever cenários de formação planetária e estabilidade orbital em sistemas múltiplos. Relatórios técnicos indicam que os dados poderão ser refinados pelo James Webb Space Telescope (JWST), capaz de medir massa, densidade e, possivelmente, a composição atmosférica dos exoplanetas recém-descobertos.

Dois pores do sol e condições ainda em estudo

A característica visual que mais chama atenção no TOI-2267 é a possibilidade de seus planetas presenciarem duplos pores do sol, fenômeno popularizado pelo filme Star Wars: Uma Nova Esperança. Como cada astro orbita o outro em curto intervalo, observadores em solo alienígena assistiriam aos dois “sóis” descendo no horizonte em cadências distintas.

Apesar da semelhança de tamanho com a Terra, ainda não há estimativas precisas de temperatura de superfície ou presença de atmosfera. Análises iniciais apontam que as órbitas situam-se fora da região considerada ideal para água líquida, mas a influência gravitacional mútua das estrelas pode criar zonas variáveis de habitabilidade. “Somente observações de espectroscopia infravermelha poderão indicar se esses mundos retêm gases capazes de sustentar condições temperadas”, comentam especialistas entrevistados.

Próximos passos e oportunidades para a pesquisa

A equipe planeja campanhas de acompanhamento com espectrógrafos de alta resolução instalados em grandes observatórios europeus. O objetivo é determinar a massa exata de cada planeta por meio da técnica de velocidade radial. Caso os valores confirmem composições predominantemente rochosas, TOI-2267 passará a figurar entre os alvos prioritários para estudos de atmosfera pelo JWST e pela próxima geração de telescópios terrestres de 30 metros.

Telescópio espacial encontra três “Terras” em sistema com dois sóis e desafia modelos de formação planetária - Imagem do artigo original

Imagem: Robert Lea published

Para o setor de astronomia exoplanetária, a descoberta amplia o catálogo de sistemas onde a dinâmica complexa não impede a formação de planetas estáveis. Segundo dados oficiais da NASA, mais de 5.500 exoplanetas foram confirmados até outubro de 2023, mas menos de 150 orbitam estrelas em sistemas binários. O novo achado sugere que mundos semelhantes podem ser mais comuns do que se pensava, o que pode alterar parâmetros estatísticos usados em missões futuras de busca por vida fora da Terra.

Impacto para o leitor: além de ampliar o entendimento científico, a descoberta reforça a importância de missões como o TESS e o JWST, financiadas com recursos públicos e parcerias internacionais. Conhecer a diversidade de arquiteturas planetárias ajuda a refinar modelos climáticos da própria Terra e orienta o desenvolvimento de tecnologia para observação remota. Na prática, isso pode acelerar avanços em sensores ópticos, processamento de dados e inteligência artificial aplicada à astronomia.

Curiosidade

Embora o conceito de dois sóis pareça ficção, o fenômeno não é incomum: estima-se que metade das estrelas da Via Láctea faça parte de sistemas múltiplos. No passado, pesquisadores encontraram indícios de planetas em órbita de binários largos, mas TOI-2267 é o primeiro com trânsitos em ambas as estrelas, possibilitando estudos comparativos únicos sobre clima e iluminação nesses mundos.

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