Startup chinesa StarDetect capta R$ 70 milhões e expande computação orbital

Ciência

A StarDetect, empresa chinesa fundada em 2020 e especializada em computação de bordo para satélites, anunciou a conclusão dos financiamentos Série A1 e Série A2 que somam mais de 100 milhões de yuans (cerca de R$ 70 milhões). O aporte foi liderado por Wuxi Innovation Investment Group, Yicun Capital, Jiangyin Talent Science and Innovation Angel Fund e Jiangyin High-tech Industry Investment Management, todos com participação estatal ou regional, à exceção da Yicun Capital.

Investimento reforça expansão regional e produção em escala

Segundo comunicado da companhia, os recursos serão direcionados à ampliação das operações no Delta do Rio Yangtzé, à pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e à implantação de linhas de produção em massa. A StarDetect pretende ainda validar, em parceria com empresas do setor, cenários de aplicação em tempo real que incluem otimização de comunicações via satélite, planejamento de missões a bordo, consciência situacional espacial (SDA, na sigla em inglês) e computação orbital.

A companhia afirma operar atualmente mais de 20 cargas úteis em órbita, todas equipadas com processamento de dados no próprio satélite. Essas plataformas atendem constelações comerciais diversas e fornecem informações em tempo real, reduzindo a necessidade de grandes volumes de downlink. Especialistas destacam que esse tipo de processamento local diminui custos de operação e pode acelerar a tomada de decisão para clientes de setores como telecomunicações, monitoramento ambiental e defesa.

Tecnologia diferencial: câmeras de eventos e IA para SDA

O principal diferencial tecnológico da StarDetect é a combinação de sensores de visão dinâmica — conhecidos como câmeras de eventos — com algoritmos de inteligência artificial embarcados. Diferente das câmeras tradicionais que capturam quadros completos em intervalos fixos, os sensores de eventos registram apenas mudanças de luminosidade em cada pixel, alcançando resolução temporal na ordem de microssegundos, alto alcance dinâmico e volume de dados reduzido.

Em ambiente espacial, onde a identificação de objetos pequenos e velozes é um desafio, esses sensores permitem detectar e rastrear detritos, satélites de menor porte ou comportamentos anômalos de forma mais eficiente do que câmeras ópticas convencionais. Relatórios indicam que a demanda por soluções de SDA cresce à medida que megaconstelações, tanto chinesas quanto internacionais, multiplicam o número de satélites em órbita baixa.

Além da StarDetect, outras empresas chinesas buscam oferecer serviços semelhantes. A Geovis Insighter Technology planeja uma constelação de 144 satélites dedicados à consciência situacional espacial, com os primeiros lançamentos experimentais previstos para abril de 2026. Contudo, enquanto concorrentes apostam em frotas completas e integração de solo, a StarDetect foca em cargas úteis de baixo custo capazes de processar dados em tempo real, estratégia vista como alternativa ágil para operadoras que desejam atualizar satélites já existentes.

Crescimento do setor comercial espacial na China

O novo financiamento ocorre em um momento de diversificação do mercado espacial chinês. Dados oficiais apontam que o número de startups voltadas para serviços em órbita aumentou significativamente nos últimos cinco anos, impulsionado por políticas de incentivo e por investimentos de fundos ligados a governos locais. Analistas observam que a dependência da China em soluções baseadas no espaço se intensifica devido a limitações de rede terrestre de rastreamento global, restrita por questões políticas e geográficas.

Nesse contexto, cargas úteis inteligentes capazes de reduzir o tráfego de dados para estações em solo tornam-se estratégicas. A computação de bordo também abre caminho para aplicações emergentes, como roteamento dinâmico de comunicação intersatélite, análise preditiva de colisões e reconfiguração autônoma de missões. Segundo projeções de consultorias do setor, o mercado de processamento em órbita deve movimentar bilhões de dólares na próxima década, com destaque para soluções que combinem IA e sensores de alta performance.

Para os clientes, a principal vantagem está na agilidade: decisões que antes dependiam do envio de dados brutos para a Terra podem ser tomadas diretamente no satélite, economizando tempo e largura de banda. Com o novo aporte, a StarDetect pretende acelerar a industrialização dessas tecnologias, reduzir custos unitários e expandir a oferta a constelações comerciais e governamentais.

Impacto para o leitor

Se o plano de expansão se concretizar, serviços baseados em satélite, como internet de alta velocidade e aplicações de monitoramento remoto, podem tornar-se mais confiáveis e rápidos para usuários finais. A tendência de processar informações no próprio satélite deve influenciar tanto a qualidade dos serviços de conectividade quanto os custos operacionais, refletindo em preços mais competitivos e maior estabilidade de sinal.

Curiosidade

Câmeras de eventos foram originalmente desenvolvidas para robótica e veículos autônomos na Terra, mas encontraram no espaço um ambiente ideal para explorar seu baixo consumo de energia e alta capacidade de detecção. O primeiro satélite a testar esse tipo de sensor em órbita foi lançado em 2014, e desde então a tecnologia evoluiu a ponto de ser integrada em plataformas comerciais como as da StarDetect.

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