Star Trek: Strange New Worlds recorreu a uma solução inusitada para recolocar os Romulanos em cena na terceira temporada. O episódio “Four-and-a-Half Vulcans”, já disponível no Paramount+, transforma parte da tripulação da Enterprise em Vulcanos e, indiretamente, cria espaço para que a clássica espécie antagonista retorne à franquia sem violar a cronologia estabelecida.
Como a missão em Tezaar mudou tudo
A trama inicia quando a USS Enterprise recebe ordem para reparar um gerador de energia no planeta Tezaar. Os tezaarianos são pré-dobra e nunca contataram a Federação, o que aciona a Primeira Diretriz e impede qualquer interferência direta. Há, porém, um detalhe decisivo: antes da formação da Federação, o povo de Tezaar manteve relações exclusivas com Vulcanos, que forneceram o equipamento agora danificado.
Para contornar o impasse, o capitão Christopher Pike conclui que apenas uma equipe composta por cinco Vulcanos poderia atuar no planeta sem infringir regras. A Enterprise, contudo, conta apenas com Spock. A saída encontrada envolve a mesma substância que, em temporada anterior, restaurou o DNA vulcano de Spock após ele ter sido transformado em humano. Dessa vez, a fórmula altera Pike, Uhura, Christine Chapel e La’an Noonien-Singh, concedendo temporariamente genética vulcana aos quatro.
A transformação abre caminho aos Romulanos
O conserto do gerador ocorre em poucos minutos, mas o soro falha ao reverter os efeitos. Com o tempo, os recém-convertidos decidem permanecer Vulcanos — decisão que revela diferenças marcantes entre eles. La’an, oficial de segurança marcada por traumas de infância, absorve as novas características de forma peculiar: em vez do pragmatismo lógico, ela manifesta traços típicos dos Romulanos, espécie originária de dissidentes vulcanos que rejeitaram a filosofia de Surak.
Ao perceber o comportamento estratégico e agressivo de La’an, Pike suspeita de influência romulana. O capitão, porém, está impedido de mencionar eventos de viagem temporal em que conheceu os Romulanos. La’an também carrega segredos temporais, o que dificulta que ambos esclareçam a situação à tripulação.
Conflito interno e resolução
Determinada a militarizar a Federação, La’an elabora um plano para fomentar desconfiança entre outros poderes do Quadrante, como Klingons, Orions e Tholianos. A ideia é provocar conflitos que enfraqueçam os rivais, permitindo ao governo federado ocupar territórios “desperdiçados”. Quando James T. Kirk e o engenheiro Montgomery Scott tentam dissuadi-la, La’an reage com violência, confirmando o desvio de personalidade.
Para conter a ameaça, Scott engana La’an e a expõe a uma descarga elétrica, possibilitando a Spock realizar uma fusão mental. O procedimento ajuda a oficial a recuperar a própria identidade humana. Em seguida, todos os afetados recebem antídotos e voltam à composição genética original, encerrando a breve incursão romulana sem comprometer a continuidade histórica da série.

Imagem: Internet
Relevância para a franquia
Desde “Balance of Terror”, episódio da série original exibido em 1966, os Romulanos figuram entre os principais antagonistas de Star Trek. A própria narrativa estabelece que, no século XXIII, humanos e Romulanos nunca se encontraram antes da Guerra da Fronteira, o que limita aparições diretas em Strange New Worlds. O artifício usado agora — transformar uma personagem em Romulana sem de fato introduzir a espécie — mantém a coerência cronológica e, ainda assim, reintroduz sua ameaça ideológica.
A estratégia também aprofunda o arco de La’an. Descendente de humanos geneticamente aprimorados, a personagem convive com questões de identidade e desconfiança. Ao torná-la “Romulana”, o roteiro explora o potencial de ambição e paranoia associado tanto ao legado Noonien-Singh quanto à sociedade romulana.
Para quem acompanha as novidades de entretenimento e ficção científica, a manobra narrativa demonstra como a produção equilibra respeito ao cânone com soluções criativas para surpreender o público. Confira outras coberturas sobre séries e streaming em nossa seção de Entretenimento.
Em resumo, “Four-and-a-Half Vulcans” oferece humor, tensão e continuidade histórica, além de reacender a expectativa sobre quando — e como — os verdadeiros Romulanos aparecerão novamente.
Curiosidade
Os Romulanos e os Vulcanos compartilham uma origem comum, mas apenas os segundos adotaram a lógica como pilar cultural. Essa divisão ocorreu há cerca de 2 000 anos na cronologia de Star Trek. Enquanto os Vulcanos suprimem emoções, os Romulanos consideram sentimentos fonte de força estratégica. No universo expandido, registros indicam que poucos indivíduos conhecem a conexão entre as duas espécies antes do século XXIII, detalhe que reforça o cuidado da série em manter segredo sobre sua verdadeira aparência.