Space Pioneer e Galactic Energy avançam com IPOs e sinalizam nova fase da indústria espacial chinesa

Ciência

PEQUIM — As empresas chinesas de lançamento de satélites Space Pioneer e Galactic Energy iniciaram, em outubro, o processo formal para abrir capital, movimento que reflete a crescente profissionalização do setor espacial comercial no país. A dupla junta-se a outras companhias que buscam recursos no mercado acionário para financiar foguetes maiores, produção em escala e contratos de constelações de milhares de satélites.

Financiamento robusto sustenta planos de expansão

De acordo com informações divulgadas pela imprensa chinesa, a Galactic Energy, registrada como Beijing Galaxy Power Aerospace Technology Co., Ltd., submeteu em 22 de outubro documentação preliminar de orientação de listagem, primeiro passo para um futuro IPO. Desde sua fundação em 2018, a empresa captou mais de 5 bilhões de yuans (cerca de US$ 700 milhões), metade do montante obtida em setembro, quando concluiu uma rodada Série D de US$ 336 milhões.

No mesmo dia, a Galactic Energy apresentou o patch da missão inaugural do foguete sólido Ceres-2, modelo de maior capacidade que o Ceres-1, responsável por colocar a companhia entre as mais confiáveis do mercado chinês. A empresa também prepara o Pallas-1, seu primeiro lançador com propelente líquido, tecnologia considerada fundamental para voos mais potentes e, eventualmente, reutilizáveis.

A Space Pioneer, ou Jiangsu Tianbing Aerospace Science & Technology Co., Ltd., protocolou em 17 de outubro pedido semelhante de orientação de listagem, com assessoria do CITIC Construction Investment Securities. A companhia levantou US$ 350 milhões em duas rodadas recentes e trabalha na estreia do Tianlong-3, foguete de médio porte concebido para ser parcialmente reutilizável. A aeronave quase sofreu um acidente em 2023, quando o primeiro estágio escapou das garras na plataforma de teste, mas o projeto foi retomado após inspeção dos sistemas de segurança.

Novo ciclo de industrialização e concorrência interna

Space Pioneer e Galactic Energy não atuam isoladas. Rivais como Landspace e CAS Space solicitaram em julho e agosto, respectivamente, listagem no STAR Market, braço da Bolsa de Xangai dedicado a empresas de alta tecnologia. Outras iniciativas, entre elas MinoSpace e Yixin Aerospace, também avançam em processos de abertura de capital.

Segundo especialistas do setor, o acesso ao mercado acionário garante fluxo financeiro para pesquisa e desenvolvimento, ampliação de linhas de montagem e construção de infraestrutura — fatores essenciais para atender à demanda de grandes constelações chinesas, como Guowang e Qianfan. Cada projeto planeja mais de 10 000 satélites em órbita baixa, exigindo aumento rápido na cadência de lançamentos.

Relatórios indicam que o governo central classifica o segmento espacial comercial como vetor estratégico de inovação, oferecendo incentivos fiscais e atraindo fundos provinciais. Esse apoio estatal, combinado ao capital privado, explicaria a série de aportes bilionários observada em 2023 e 2024, incluindo investimento de US$ 281 milhões na operadora de satélites Geespace, braço espacial da montadora Geely.

Impacto para investidores e mercado global

Os IPOs permitirão que investidores iniciais realizem parte dos ganhos, ao mesmo tempo que expõem as empresas à exigência de resultados rápidos. Analistas financeiros apontam que a pressão por desempenho pode acelerar testes de novos veículos, aumento de voos comerciais e negociação de contratos internacionais.

No cenário global, observa-se tendência semelhante: a norte-americana Voyager Space abriu capital em junho, a Firefly Aerospace protocolou documentação em julho e firmas japonesas também recorrem ao mercado. A expansão de companhias chinesas, porém, possui característica singular: forte alinhamento com metas nacionais de autonomia tecnológica, reduzindo dependência de fornecedores estrangeiros e reforçando a posição da China em disputas geopolíticas por acesso ao espaço.

Para o leitor, o avanço desses IPOs indica que a competição por lançamentos mais baratos e frequentes deve se intensificar. Quando novas plataformas com capacidade média e possibilidade de reutilização entrarem em operação, o custo por quilo colocado em órbita pode cair, beneficiando universidades, empresas de telecomunicações e startups de observação da Terra.

Além disso, a consolidação de um ecossistema financeiro voltado a foguetes e satélites amplia oportunidades de carreira em engenharia aeroespacial, análise de dados e manufatura de componentes avançados. Em curto prazo, compradores de serviços de lançamento ganharão alternativas; em longo prazo, pode emergir uma rede global de serviços baseados em constelações chinesas, afetando o mercado ocidental.

Caso queira acompanhar outras evoluções do setor, navegue pela seção de tecnologia do portal Remanso Notícias, onde publicamos análises sobre foguetes reutilizáveis, micro-satélites e políticas espaciais.

Curiosidade

O emblema da missão do Ceres-2, recém-divulgado pela Galactic Energy, traz a silhueta de um cometa cruzando um céu estrelado, homenagem ao asteroide Ceres, o maior do cinturão principal. O design reforça a tradição de batizar foguetes chineses com nomes de corpos celestes, prática que começou nos anos 1970 com o Longa Marcha, inspirado no percurso histórico de Mao Tsé-Tung durante a guerra civil chinesa.

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