A missão Imaging X-ray Polarimetry Explorer (IXPE), da NASA, obteve a primeira visão detalhada da região interna ao redor da anã branca EX Hydrae, sistema conhecido como “estrela vampira” por roubar material de sua companheira. O estudo, conduzido por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), identificou uma coluna de plasma com cerca de 3.200 quilômetros de altura que despenca na superfície da anã branca e revelou um nível de polarização em raios X de 8 %, valor superior ao previsto pelos modelos teóricos.


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Primeira visão do interior de EX Hydrae
EX Hydrae pertence à classe dos sistemas binários denominados intermediate polars, nos quais uma anã branca exibe campo magnético de intensidade intermediária. Localizado a aproximadamente 200 anos-luz da Terra, o binário completa uma órbita a cada 98 minutos, tornando-o um dos pares mais próximos já catalogados com esse comportamento.
Em janeiro de 2025, o IXPE dedicou cerca de sete dias terrestres de observação contínua à EX Hydrae. Graças à capacidade do satélite em medir a direção de oscilação dos raios X — técnica chamada polarimetria —, os cientistas puderam investigar a região energeticamente mais intensa, antes inacessível a outros instrumentos.
Segundo os autores, a detecção do alto grau de polarização indica que o fluxo de radiação segue trajetórias organizadas, influenciadas pelo campo magnético da anã branca e pela geometria do gás em queda. Essa informação, combinada à distribuição espectral dos raios X, permitiu mapear a estrutura responsável pela emissão: um “pilarete” de plasma de milhões de graus que se eleva por metade do raio da própria anã branca.
Polarimetria confirma modelo da “cortina de acreção”
Em sistemas de campo magnético forte, o material retirado da estrela companheira flui diretamente para os polos da anã branca. Quando o campo é fraco, forma-se um disco de acreção. EX Hydrae situa-se entre esses cenários. Modelos previam a existência de uma cortina de acreção, na qual o disco é distorcido e canalizado para os polos, erguendo uma espécie de fonte de gás. Até agora, porém, não havia confirmação observacional conclusiva.
Os dados do IXPE mostraram que uma parte significativa dos raios X é produzida quando o plasma em queda colide com matéria previamente levantada pelo próprio campo magnético, resultando em choques que aquecem o gás a milhões de graus. A equipe também identificou raios X refletidos na superfície da anã branca antes de se dispersarem pelo espaço — fenômeno previsto, mas nunca verificado diretamente.
“Demonstramos que a polarimetria de raios X é capaz de delinear a geometria de acreção de uma anã branca”, destacou o pesquisador Sean Gunderson, do MIT. O resultado abre caminho para o estudo de outros sistemas semelhantes, cujas emissões polarizadas ainda não haviam sido medidas.
Implicações para a evolução estelar e futuras supernovas
Anãs brancas que acumulam material além de seu limite de estabilidade podem desencadear explosões do tipo Ia, eventos utilizados como “velas padrão” para medir distâncias cósmicas. Entender a dinâmica de federação em sistemas como EX Hydrae contribui para aprimorar os modelos que descrevem o gatilho dessas supernovas e, por extensão, as estimativas da expansão do Universo.

Imagem: Robert Lea published
Relatórios técnicos ressaltam que o IXPE, lançado em 2021, foi projetado para investigar objetos extremos — de pulsares a buracos negros — e, agora, demonstra sua utilidade em estrelas de menor massa, mas igualmente poderosas em raios X. Especialistas salientam que a metodologia empregada poderá revelar novos detalhes sobre a interação entre campos magnéticos e matéria ionizada em escalas estelares.
Para o leitor, a descoberta oferece pistas concretas sobre como estrelas aparentemente “mortas” continuam influenciando o ambiente cósmico. No longo prazo, avanços na compreensão dessas fontes podem refletir em instrumentos de observação mais precisos, calibrados com base em polarimetria, e em modelos de previsão de eventos de alta energia que impactam o planejamento de missões espaciais.
Curiosidade
A coluna de plasma identificada em EX Hydrae mede cerca de 3.200 km — altitude superior à distância entre São Paulo e Belém e quase metade do raio da anã branca, que é comparável ao tamanho da Terra. Em termos humanos, seria como enxergar uma “torre” de gás superaquecido erguendo-se por todo o hemisfério Sul do planeta antes de cair de volta na superfície.
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