SEK compra Netbr e projeta faturar R$ 300 milhões em cibersegurança no Brasil

Tecnologia

A SEK, multinacional de cibersegurança controlada pelo fundo Pátria Investimentos, anunciou acordo para aquisição da Netbr, empresa especializada em identidade e segurança digital. A operação, divulgada nesta quinta-feira (11), reforça a estratégia de expansão da companhia no Brasil e deve elevar a receita local para mais de R$ 300 milhões até 2025, segundo projeções internas.

Expansão no mercado brasileiro

Fundada em 2023 a partir da união da chilena NeoSecure com a brasileira Proteus, a SEK reúne atualmente mais de 900 profissionais distribuídos em escritórios na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Peru. Com a incorporação da Netbr, o grupo adiciona ao seu quadro mais de 100 especialistas, além de um portfólio que atende os dez maiores bancos do país, operadoras de telecomunicações e empresas de setores estratégicos. O CEO da SEK, Igor Ripoll, afirma que a nova estrutura consolida a companhia como “o maior player de identidade e segurança” na região.

Do ponto de vista da Netbr, a transação proporcionará escala e acesso a novos mercados. “Nossos clientes se beneficiarão de uma governança mais robusta e de um ecossistema ampliado”, destaca André Faccioli, presidente da Netbr. A marca será gradualmente integrada à identidade da SEK: inicialmente “Netbr by SEK” e, depois da fase de transição, incorporada definitivamente.

Consolidação e tendência de mercado

Especialistas em tecnologia da informação apontam que a consolidação de provedores de cibersegurança segue acelerada na América Latina. Relatórios indicam que a região registrou alta de 40 % nos investimentos em proteção digital em 2023, impulsionada por ataques mais sofisticados e regulamentações mais rigorosas. Nesse cenário, fusões e aquisições permitem ganhos de escala, ampliação de portfólio e maior cobertura geográfica.

De acordo com dados oficiais do setor, o Brasil congrega cerca de 40 % do volume de negócios em segurança cibernética na América Latina. O objetivo de superar R$ 300 milhões em faturamento local posiciona a SEK entre as três maiores fornecedoras de serviços gerenciados no país, aproximando-a de nomes globais que atuam no segmento.

A companhia opera três Centros de Defesa Cibernética e dois Centros de Resposta a Incidentes na região, incluindo três SOCs (Security Operations Centers) dedicados ao monitoramento 24 x 7. A estrutura agrega ainda laboratórios de pesquisa avançada nos Estados Unidos e em Portugal, responsáveis pelo desenvolvimento de inteligência contra ameaças.

Próximos passos e aprovação regulatória

Embora o acordo entre as empresas já esteja assinado, a conclusão depende do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Até que o órgão antitruste emita parecer favorável, SEK e Netbr seguirão operando de maneira independente, sem integração de equipes ou sistemas críticos.

No processo de autorização, o Cade avalia possíveis impactos concorrenciais decorrentes da junção de portfólios. Segundo advogados especializados em direito concorrencial, esse tipo de transação costuma ser aprovado quando não há concentração excessiva em nichos específicos. Caso o regulador imponha condicionantes, as companhias deverão adaptar suas estratégias para atender às exigências.

Após a liberação, o plano de integração prevê unificação gradual de ofertas, padronização tecnológica e migração de clientes para infraestrutura comum. A expectativa é que a primeira fase seja concluída em até 12 meses, período considerado crucial para preservar a continuidade dos serviços contratados.

Impacto para empresas e consumidores

Para o mercado corporativo brasileiro, a aquisição significa acesso a um portfólio mais amplo que combina soluções de identidade digital, autenticação multifator, gestão de vulnerabilidades e serviços avançados de detecção e resposta. Bancos e operadoras de telecomunicações, setores com alto índice de ataques, devem ser os primeiros a se beneficiar da oferta conjunta.

SEK compra Netbr e projeta faturar R$ 300 milhões em cibersegurança no Brasil - Imagem do artigo original

Imagem: Getty

Segundo consultorias do setor, ambientes multicloud e modelos de trabalho híbrido exigem abordagens que integrem identidade e segurança de rede. A chegada de um provedor com escala latino-americana e pesquisa própria pode acelerar adoção de produtos locais, reduzir custos e elevar padrões de conformidade, especialmente após a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Para o usuário final, esse movimento tende a resultar em camadas adicionais de proteção no acesso a serviços digitais, seja em aplicativos bancários, plataformas de telecomunicações ou portais corporativos. Além disso, a competição reforçada pode estimular preços mais competitivos e maior oferta de soluções de privacidade.

Comparação com operações anteriores

O setor de cibersegurança vive onda de consolidações desde 2022. No Brasil, movimentos recentes incluem a compra da Cipher pela Stefanini e a aquisição da Tempest pelo Magazine Luiza. Diferentemente dessas transações, que envolveram grupos multissetoriais, o negócio entre SEK e Netbr ocorre dentro de um ecossistema já especializado em segurança, com foco em ampliação de escala regional.

A aposta em identidade digital acompanha tendência global. Relatórios da Gartner projetam que, até 2026, 60 % das organizações terão recursos de verificação contínua de identidade, ante 20 % em 2022. A incorporação da Netbr alinha-se a essa demanda, reunindo expertise em autenticação forte e governança de acesso.

O que muda para o leitor

Para profissionais de tecnologia, a consolidação indica mercado mais concentrado, mas com soluções integradas que podem simplificar a gestão de riscos. Para empresas, sobretudo PME, a expectativa é de oferta mais acessível de produtos que antes exigiam grandes orçamentos. Já para usuários comuns, sistemas bancários e de telecom tendem a adotar camadas extras de proteção, reduzindo golpes de phishing e vazamentos de dados.

Caso queira acompanhar outras movimentações do setor, confira também a cobertura completa em nossa seção de Tecnologia, que traz atualizações diárias sobre inovação, cibersegurança e mercado digital.

Curiosidade

Você sabia que o nome SEK é a sigla para “Security Ecosystem Knowledge”? A escolha reflete a filosofia de integrar diferentes camadas de defesa em um único ecossistema, apoiado por centros de pesquisa distribuídos em três continentes. A Netbr, por sua vez, nasceu em 2004 como um spin-off de um laboratório acadêmico focado em criptografia aplicada. A união das duas trajetórias exemplifica como iniciativas acadêmicas podem ganhar escala global ao se integrarem a grupos de investimento.

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