Satélites Starlink caem diariamente e tendência deve acelerar, apontam estudos

Tecnologia

Relatórios recentes indicam que de um a dois satélites da constelação Starlink regressam à atmosfera terrestre todos os dias. O número, embora já expressivo, pode chegar a cinco equipamentos diários nos próximos anos, segundo projeções citadas pelos pesquisadores da plataforma EarthSky. O aumento da frequência está relacionado ao ciclo de vida curto desses artefatos, estimado em cerca de cinco anos, além da influência da atividade solar, que tende a reduzir ainda mais o tempo útil em órbita.

Curto ciclo de vida pressiona rede de satélites

Operada pela SpaceX, a Starlink mantém aproximadamente metade dos mais de 12 mil satélites atualmente em órbita baixa da Terra. Cada unidade é projetada para fornecer internet de alta velocidade a usuários em diversas regiões do mundo, mas a vida operacional limitada exige substituição constante dos dispositivos que se desativam. Quando um satélite sai de funcionamento, a empresa costuma lançar outro em seu lugar, garantindo continuidade do serviço.

Segundo dados oficiais, a desintegração na reentrada costuma ocorrer de forma segura, com a maior parte do material queimando na atmosfera. Especialistas, no entanto, alertam que o aumento do fluxo de equipamentos eleva o risco de fragmentos atingirem o solo. Relatório da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) projeta que, até 2035, poderá ocorrer um ferimento ou morte associado à queda de detritos espaciais a cada dois anos.

Atividade solar amplia probabilidade de reentrada

A intensificação dos ventos solares, prevista para o máximo do ciclo solar atual, aumenta o arrasto atmosférico em altitudes onde esses satélites operam, acelerando a perda de altitude. De acordo com os pesquisadores, o fenômeno já encurtou a vida útil de parte da frota Starlink lançada nos primeiros anos do projeto. A SpaceX confirmou, em comunicados anteriores, que monitoramentos constantes de órbita e atualizações de software ajudam a planejar reentradas controladas, sempre que possível.

Apesar dos cuidados, o número crescente de satélites na mesma faixa orbital amplia a possibilidade de colisões entre objetos inativos ou em fim de vida útil. Esse processo pode criar detritos adicionais, reforçando o cenário conhecido como síndrome de Kessler, no qual fragmentos gerados por choques desencadeiam novas colisões em cadeia.

Cenário global e desafios de regulamentação

A Starlink não é a única responsável pela ocupação do espaço ao redor do planeta. Outras operadoras, como OneWeb, Amazon e operadoras estatais, planejam compor constelações próprias de milhares de satélites. Órgãos nacionais e internacionais discutem normas mais rígidas para mitigação de detritos, incluindo requisitos de desorbitagem em até cinco anos após o fim da missão, políticas de compartilhamento de dados de rastreamento e mecanismos de passivação de baterias e propulsores.

Segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT), novos pedidos de frequência para serviços de banda larga via satélite cresceram mais de 40 % nos últimos três anos. Para analistas do setor, o aumento da competição eleva a urgência por regras claras de tráfego orbital, sob pena de comprometer não apenas a segurança no espaço, mas também a confiabilidade de serviços essenciais, como previsão meteorológica, observação ambiental e comunicações de emergência.

Impacto potencial para usuários e mercado

A disponibilidade de conexão Starlink tem beneficiado regiões remotas, embarcações e aeronaves, oferecendo velocidades de banda larga comparáveis às redes terrestres. Contudo, a necessidade de substituir satélites em ritmo acelerado pode se refletir em custos operacionais mais altos e, eventualmente, em reajustes de preços para consumidores finais.

Além disso, relatos de astrônomos sobre interferência no trabalho de observação do céu noturno tornam-se mais frequentes. Organizações de pesquisa defendem medidas adicionais de escurecimento dos painéis e coordenação dos horários de sobrevoo para reduzir o impacto em telescópios terrestres.

Para o leitor, a expansão dessa infraestrutura significa maior acesso a internet de alta velocidade, mas também destaca a importância de políticas públicas voltadas à sustentabilidade espacial. A forma como governos e empresas enfrentarão o desafio dos detritos pode influenciar a qualidade dos serviços de telecomunicações e a segurança de missões tripuladas no futuro.

Curiosidade

Embora o tema da queda de satélites pareça recente, o primeiro artefato a retornar de forma não controlada à Terra foi o próprio Sputnik 1, em 1958, apenas três meses após o lançamento. Desde então, milhares de objetos já reentraram na atmosfera, mas apenas um caso oficialmente registrado resultou em ferimentos leves, em 1997, quando destroços do foguete Delta II atingiram uma fazenda nos Estados Unidos. A estatística ilustra os riscos relativamente baixos, mas ressalta a necessidade de monitoramento constante diante do ritmo atual de lançamentos.

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