A Rocket Lab decidiu postergar para 2026 o voo inaugural do Neutron, seu foguete de médio porte com primeiro estágio reutilizável. A nova estimativa foi divulgada pelo fundador e CEO Peter Beck em teleconferência sobre os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2025, realizada em 10 de novembro. A empresa trabalhava com a possibilidade de lançar o veículo no fim de 2025, mas optou por estender os testes no solo para reduzir riscos e cumprir o “processo Rocket Lab”, segundo o executivo.
Calendário revisto e foco em testes de qualificação
De acordo com Beck, todos os principais componentes do Neutron já estão fabricados e passam por avaliações finais. O plano é transportar o foguete no primeiro trimestre de 2025 para o Launch Complex 3, localizado no Mid-Atlantic Regional Spaceport, na Ilha Wallops (Virgínia, Estados Unidos). No local, a equipe executará ensaios de wet dress rehearsal e disparos estáticos antes de liberar o veículo para voo.
O adiamento de alguns meses reflete a estratégia da companhia de priorizar a chegada à órbita logo na primeira tentativa. “O nosso objetivo é alcançar a órbita, não apenas deixar a plataforma de lançamento”, reiterou Beck durante a chamada com investidores. Segundo especialistas, o procedimento conservador visa evitar falhas que comprometam a meta de reutilização parcial — diferencial competitivo cada vez mais relevante no mercado de lançamentos comerciais.
Características técnicas e ambições de mercado
Com 43 metros de altura (141 pés), o Neutron emprega motores Archimedes desenvolvidos internamente e é projetado para transportar até 13 toneladas de carga útil à órbita baixa da Terra. O primeiro estágio deve pousar em uma balsa oceânica para posterior reforma e revoo, embora o voo inaugural preveja apenas amerrissagem suave, sem tentativa de pouso controlado.
O desempenho coloca o foguete no segmento dominado hoje pelo Falcon 9, da SpaceX. Relatórios indicam que a Rocket Lab pretende usar o Neutron para missões de satélites de constelação, logística em órbita e, futuramente, cargas interplanetárias de pequeno e médio porte. A ampliação da capacidade de lançamento integra a transição da empresa de provedora de lançamentos leves — com o consolidado Electron — para um portfólio de serviços espaciais completo.
Impactos no programa e na carteira de lançamentos
Paralelamente ao desenvolvimento do Neutron, a Rocket Lab mantém ritmo acelerado de contratos para o Electron. Somente nos últimos três meses, a companhia fechou 17 novos acordos de lançamentos, número que pode superar o recorde anual de 16 decolagens em 2024. Esse fluxo garante receita enquanto o novo foguete não entra em operação comercial.
O adiamento, contudo, pode influenciar cronogramas de clientes que planejavam satelizar cargas mais pesadas já em 2025. Consultorias do setor lembram que, sempre que um veículo estreia mais tarde, há redistribuição de lançamentos para concorrentes, o que favorece empresas estabelecidas como SpaceX, United Launch Alliance e Arianespace.
Riscos controlados e expectativa pela primeira órbita
Beck ressalta que a escolha de prolongar a fase de testes está alinhada à filosofia da Rocket Lab de “testar no solo tudo que for possível”. Segundo o executivo, o período extra permite validar sistemas de propulsão, estruturas de carbono e procedimentos de recuperação marítima. “Encontrar problemas agora custa menos do que depois de uma explosão na plataforma”, disse.

Imagem: Josh Dinner published
Analistas observam que alcançar a órbita no primeiro voo é raro para arquiteturas inéditas, mas a meta de voo bem-sucedido logo de início reforça a credibilidade do programa junto a investidores e clientes institucionais. O sucesso pode ainda abrir caminho para futuras certificações, inclusive para missões governamentais que exigem histórico de confiabilidade.
O que muda para o leitor e para o mercado
Para quem acompanha a corrida espacial comercial, a decisão da Rocket Lab sinaliza um cenário de maturidade: empresas preferem atrasar do que falhar em público. No curto prazo, o adiamento pode encarecer o acesso ao espaço para cargas na faixa de 10 a 13 toneladas, pois limita a oferta de alternativas além do Falcon 9. No médio prazo, porém, o lançamento bem-sucedido do Neutron tem potencial de tornar o mercado mais competitivo, reduzir preços e ampliar a disponibilidade de janelas de voo.
Curiosidade
O motor Archimedes escolhido para impulsionar o Neutron homenageia o matemático grego famoso por suas soluções engenhosas. Na prática, o nome também remete à busca por eficiência: a Rocket Lab utiliza metalurgia avançada e impressão 3D para fabricar componentes, estratégia que encurta prazos de produção e pode facilitar a manutenção após os pousos.
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