Força Militar projeta reabastecimento em órbita e manutenção de satélites para missões futuras

Ciência

MOUNTAIN VIEW, Califórnia — A logística espacial promete mudar o padrão das operações militares nos próximos anos. Durante o MilSat Symposium, executivos de empresas do setor indicaram que serviços de reabastecimento em órbita, extensão de vida útil e montagem de estruturas no espaço devem tornar-se rotinas semelhantes às práticas já consolidadas na aviação.

Modelo aéreo inspira logística espacial

O ex-subsecretário de Defesa dos Estados Unidos e atual CEO da Momentus, John Rood, comparou a evolução do domínio espacial à experiência da Força Aérea. “Vamos assistir ao equivalente do reabastecimento ar-ar, da inspeção e do reconhecimento, mas em órbita”, afirmou o executivo. Assim como a aviação incorporou drones de baixo custo, cargueiros globais e tanques de reabastecimento, a órbita terrestre tende a adotar um portfólio diversificado de veículos e serviços para sustentar missões prolongadas.

Segundo Rood, a mudança é impulsionada pela necessidade de garantir presença constante em altitudes mais elevadas, tanto na órbita baixa (LEO) quanto na órbita geoestacionária (GEO). Organizações civis e militares em todo o mundo investigam maneiras de explorar essas posições estratégicas para aumentar a vigilância, reforçar comunicações e ampliar capacidades de defesa.

Manutenção sobe de status em programas de defesa

A SpaceLogistics, subsidiária da Northrop Grumman, apresentou no evento seu plano de extendida manutenção de satélites. O vice-presidente Joe Anderson destacou que, diferentemente da terra, do mar e do ar, o espaço sempre concentrou recursos apenas na construção do ativo, deixando a etapa de suporte relegada a segundo plano. “Logística é crítica para a proteção futura; passaremos a investir em reparo, atualização e remoção de satélites”, disse.

O primeiro contrato militar ainda não foi anunciado, mas o modelo já é aplicado no mercado comercial. A provedora de comunicações Intelsat contratou a SpaceLogistics para prolongar a operação de dois satélites GEO. Além disso, a empresa prepara o lançamento do Mission Robotic Vehicle, veículo multi-braços previsto para 2026, capaz de instalar equipamentos modulares ou rebocar plataformas até órbitas de descarte.

Relatórios do setor indicam que esse nicho é especialmente atrativo em satélites geoestacionários, que podem custar centenas de milhões de dólares. Em contrapartida, constelações em LEO adotam uma lógica de substituição rápida; as espaçonaves são menores, mais baratas e projetadas para operar poucos anos antes de serem trocadas por modelos atualizados.

PNT alternativo amplia opções táticas

Para missões que exigem redundância nos sinais de posicionamento, a startup EarthTraq, de Silicon Valley, propõe lançar satélites compactos com serviço complementar ao GPS. O CEO Max Holliday declarou que o sistema pretende restaurar navegação, cronometração e localização em ambientes contestados. “Queremos lançar a carga útil, cumprir a tarefa e dispensar comissionamento complexo em solo”, afirmou.

De acordo com analistas, soluções PNT alternativas ganham relevância à medida que forças armadas buscam resiliência contra interferências e ciberataques. A ideia de “jogar” pequenos satélites para suprir falhas pontuais diminui o tempo de reação e reduz custos de operação.

Impacto estratégico e tendência de mercado

Especialistas ouvidos durante o simpósio apontam que a introdução de serviços de manutenção e reabastecimento poderá prolongar em anos a vida útil de satélites militares já em órbita, evitando gastos imediatos com novos lançamentos e liberando orçamento para sistemas de última geração. Além disso, a perspectiva de montagem modular no espaço abre caminho para infraestruturas escaláveis, como antenas maiores e plataformas de vigilância que hoje seriam inviáveis de lançar em uma única missão.

Para o leitor, isso significa que comunicações, observação da Terra e navegação tendem a tornar-se mais estáveis e resilientes, reduzindo interrupções de serviços que dependem de satélites, do streaming de vídeo ao rastreamento de cargas. No mercado, empresas de engenharia, software e propulsão devem encontrar novas oportunidades em contratos de suporte pós-lançamento.

Curiosidade

A prática de prolongar a vida de satélites é relativamente recente: enquanto a aviação incorporou o reabastecimento em voo há quase um século, o primeiro atendimento robótico bem-sucedido a um satélite comercial ocorreu apenas em 2020. Esse atraso revela os desafios complexos de operar em microgravidade, mas também mostra o potencial de inovação que ainda existe no espaço.

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