A OpenAI confirmou que ultrapassou a marca de 1 milhão de empresas clientes, consolidando-se como a plataforma de inteligência artificial de adoção mais rápida até agora. A lista de utilizadores corporativos inclui nomes de peso como American Express, Cisco, Lowe’s, Morgan Stanley, T-Mobile e Target, abrangendo setores de finanças, varejo, saúde e tecnologia. Segundo a desenvolvedora do ChatGPT, o avanço decorre da combinação entre retorno financeiro comprovado e integração simplificada aos fluxos de trabalho existentes.
Além do universo empresarial, a companhia reporta que mais de 800 milhões de pessoas utilizam o ChatGPT semanalmente. Esse uso massivo impulsionou o produto ChatGPT for Work, que soma atualmente 7 milhões de licenças ativas — alta de 40% em apenas dois meses. Já o ChatGPT Enterprise registou crescimento de nove vezes no intervalo de um ano, reflexo direto de ganhos de produtividade notados internamente pelas organizações.
Crescimento sustentado nos ambientes corporativos
De acordo com um levantamento da Wharton School citado pela OpenAI, 75% das companhias que implementaram IA já percebem ROI positivo, enquanto menos de 5% relatam prejuízos. Esse indicador tem sido determinante para a expansão da tecnologia em larga escala, comparável, segundo especialistas, à adoção inicial da computação em nuvem há uma década.
Casos práticos reforçam a tendência. A Lowe’s emprega o assistente interno Mylow Companion para orientar funcionários em tempo real em mais de 1.700 lojas. A plataforma de empregos Indeed registrou aumento de 20% nas candidaturas ao adotar IA no recurso Invite to Apply. Já a Intercom reduziu ciclos de desenvolvimento de trimestres para dias utilizando o agente Fin, também baseado em modelos da OpenAI.
Outro fator de estímulo é o plano de investimento anunciado pela empresa: US$ 1,4 trilhão em poder computacional adicional — volume equivalente ao consumo energético de cerca de 25 milhões de residências. Segundo a organização, a capacidade extra será crucial para sustentar modelos cada vez maiores e mais multimodais até 2026.
Ferramentas inéditas miram produtividade e dados internos
Para acelerar ainda mais a integração, a OpenAI apresentou um pacote de recursos focados em ambientes corporativos. O principal destaque é o Company Knowledge, que permite ao ChatGPT acessar e raciocinar sobre dados armazenados em repositórios como Slack, SharePoint e Google Drive. A funcionalidade virá acompanhada de uma versão do GPT-5 otimizada para fornecer citações, referências cruzadas e integração simplificada com sistemas já utilizados nas empresas.
Outro lançamento é o AgentKit, projetado para criação e implantação rápida de agentes autônomos. A gestora Carlyle, que participou do programa piloto, afirma ter reduzido em mais de 50% o tempo de desenvolvimento de novos serviços baseados em IA. Para aplicações visuais, a companhia divulgou o Sora 2, modelo capaz de gerar imagens e vídeos, enquanto novas Realtime APIs oferecem suporte a agentes de voz e fluxos interativos que combinam áudio e vídeo.
A área de desenvolvimento de software também ganhou reforços. O modelo Codex observou crescimento de uso dez vezes superior desde agosto. Entre os resultados divulgados, a Cisco conseguiu cortar pela metade o tempo de revisão de código e reduzir o cronograma de projetos de semanas para dias.
Paralelamente, empresas como Canva, Figma, Spotify e Zillow já incorporam suas soluções diretamente ao ChatGPT, enquanto Shopify, Walmart e PayPal testam experiências de comércio conversacional por meio do Agentic Commerce Protocol. Especialistas apontam que esses movimentos sinalizam o surgimento de um hub central de IA, capaz de coordenar múltiplas operações de negócios a partir de uma única interface.
Imagem: REUTERS
Reorganizando a dinâmica do trabalho
Executivos da OpenAI avaliam que a adoção em massa marca o início de uma fase de maturidade na inteligência artificial corporativa. “Há uma oportunidade de repensar o sistema operacional do trabalho”, diz o comunicado. Relatórios indicam que, ao acoplar texto, imagem, som e vídeo num mesmo fluxo assistido por IA, companhias ganham agilidade e reduzem custos, ao mesmo tempo em que liberam colaboradores para tarefas de maior valor criativo.
A projeção de analistas para 2026 inclui departamentos inteiros estruturados em torno de agentes autônomos, capazes de executar processos de atendimento, programação e análise de dados com mínima intervenção humana. Para o mercado, isso pode significar requalificação intensiva da força de trabalho e maior competição por infraestrutura de processamento, contexto que explica o investimento bilionário em capacidade computacional.
Para o leitor, a consolidação de soluções como ChatGPT Enterprise indica que funcionalidades antes exclusivas de grandes corporações podem, em breve, chegar a ferramentas de produtividade individuais. Assistentes virtuais contextualizados, geração automática de relatórios e suporte multimodal tendem a tornar-se recursos padrão em plataformas de colaboração, alterando fluxos de trabalho e exigências de qualificação profissional.
Curiosidade
O termo “agente autônomo”, usado pela OpenAI para descrever ferramentas como o AgentKit, surgiu na década de 1990 em pesquisas de robótica distribuída. A ideia inicial era permitir que pequenos programas tomassem decisões simples em conjunto, simulando formigas ou abelhas. Trinta anos depois, o conceito renasce em escala corporativa, agora movido por modelos de linguagem que compreendem contexto, executam tarefas e aprendem com cada interação.
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