Adaptações de videogames para o cinema e TV ganharam impulso nos últimos anos, estimuladas por sucessos de bilheteria e pela busca de histórias já testadas junto ao público. Nesse cenário, alguns títulos se destacam pela atmosfera de mistério e pela narrativa estruturada, características que, segundo especialistas do setor audiovisual, facilitam a transposição para outra mídia. A seguir, confira oito jogos cuja trama se encaixa naturalmente no gênero suspense e que, caso levados para as telas, têm potencial para capturar a atenção de um público ainda mais amplo.
Enredos prontos para o cinema
Alan Wake – Lançado em 2010 e remasterizado em 2021, o jogo acompanha um escritor em busca da esposa desaparecida enquanto confronta eventos descritos em um livro que ele não recorda ter escrito. Ambientações sombrias, ritmo de série de TV e capítulos bem definidos favorecem uma adaptação que, segundo dados da indústria, já chegou a ser cogitada por produtoras de Hollywood.
Return of the Obra Dinn – No puzzle de investigação ambientado em 1807, o jogador usa um relógio especial para recriar os últimos instantes de vida da tripulação de um navio encontrado à deriva. A combinação de reconstrução de cenas, narrativa não linear e estética monocromática poderia resultar em um suspense marítimo de época, gênero pouco explorado nas telonas.
Heavy Rain – Concebido como “filme interativo”, o título de 2010 coloca quatro personagens em busca do Assassino do Origami. As múltiplas rotas possíveis criam diferentes desfechos, recurso que roteiristas podem traduzir em reviravoltas ou em lançamentos seriados. Relatórios da Quantic Dream indicam que o jogo vendeu mais de 5 milhões de cópias, demonstrando base de fãs consistente.
The Vanishing of Ethan Carter – A investigação paranormal em uma pequena cidade montanhosa envolve fenômenos sobrenaturais e segredos de família. A progressão em mundo aberto e a atmosfera contemplativa remetem a produções como “A Vila” e “Os Outros”, referências de suspense psicológico para o público de cinema.
Twelve Minutes – O thriller em loop temporal apresenta um casal surpreendido pela chegada de um policial que acusa a esposa de assassinato. A repetição de 12 minutos cria tensão crescente e lembra filmes como “No Limite do Amanhã”. O formato enxuto favorece produção de baixo orçamento, algo valorizado por plataformas de streaming.
SOMA – Neste survival horror subaquático, máquinas conscientes e dilemas existenciais colocam em xeque a definição de humanidade. A ambientação claustrofóbica em estação submersa integra um cenário propício a efeitos visuais moderados e forte carga psicológica, modelo similar ao visto em “Náufragos no Espaço” e “Planeta dos Macacos: A Origem”.
The Sinking City – Inspirado na obra de H. P. Lovecraft, o jogo de 2019 mistura investigação com terror cósmico em uma cidade parcialmente alagada. O detetive protagonista precisa enfrentar cultos ocultos e criaturas indescritíveis, combinação que, segundo roteiristas consultados em eventos de entretenimento, se adapta bem ao suspense investigativo com elementos sobrenaturais.
What Remains of Edith Finch – O game em primeira pessoa aborda as mortes dos membros de uma família por meio de relatos antológicos. Cada segmento emprega mecânicas e estilos distintos, recurso que pode ser traduzido em capítulos autônomos de uma minissérie ou em narrativa de longas-metragens com múltiplas perspectivas, tendência que ganhou força em antologias recentes.
Imagem: Redy Entertainment Microsoft Game Studios divulgação
Tendência de mercado e casos anteriores
A busca de estúdios por propriedades intelectuais consolidadas responde a dois fatores: audiência pré-existente e menor risco financeiro. De acordo com dados da consultoria Newzoo, o mercado global de games movimentou US$ 184 bilhões em 2022, criando um repertório de marcas reconhecidas mundialmente. Produções como “Sonic 2”, “The Last of Us” e “Detetive Pikachu” reforçaram a viabilidade de adaptações quando executadas com fidelidade ao material original.
Para o setor de streaming, esses títulos oferecem ainda ciclos prolongados de engajamento. Plataformas podem lançar séries, documentários sobre o processo de filmagem e conteúdos extras destinados aos fãs dos jogos. Além disso, parcerias cross-media, como itens digitais ou DLCs promocionais, ampliam a receita total do ecossistema.
Impacto para o público
Se concretizadas, adaptações dos oito jogos colocariam em destaque narrativas com foco na investigação, no mistério e na interação do espectador com o enredo. Para o consumidor, isso significa acesso a histórias complexas sem a necessidade de possuir um console ou PC. Já os jogadores, por sua vez, podem encontrar nessas produções um complemento à experiência original, enquanto novos conteúdos — como DLCs ou expansões temáticas — ganham impulso com o aumento da visibilidade.
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Curiosidade
A ideia de loop temporal, central em Twelve Minutes, foi explorada pela primeira vez no cinema em 1993, com “Feitiço do Tempo”. Três décadas depois, a mecânica continua influenciando roteiristas de games e cineastas, mostrando como conceitos narrativos migram entre mídias e se reinventam para diferentes públicos.
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