Novo Glenn leva missão ESCAPADE a Marte e marca estreia operacional da Blue Origin

Tecnologia

O foguete New Glenn, da Blue Origin, foi lançado em 13 de novembro de 2025 a partir da Costa Espacial da Flórida, carregando a missão ESCAPADE da NASA com destino a Marte. A decolagem inaugurou a primeira operação comercial do veículo, garantiu o primeiro pouso bem-sucedido de seu estágio inicial e recolocou a agência espacial norte-americana na rota do planeta vermelho após mais de cinco anos.

Missão ESCAPADE inaugura série de marcos científicos

ESCAPADE — sigla para “Escape and Plasma Acceleration and Dynamics Explorers” — consiste em dois orbitadores idênticos, batizados de Blue e Gold. Cada sonda leva quatro instrumentos projetados para analisar a interação entre o vento solar e a magnetosfera marciana, investigando como o planeta perdeu grande parte de sua atmosfera no passado remoto. De acordo com dados oficiais da NASA, trata-se da primeira vez que mais de um orbitador permanecerá em torno de Marte na mesma missão, ampliando a cobertura espacial e temporal dos fenômenos estudados.

A última partida rumo a Marte havia ocorrido em julho de 2020, quando o rover Perseverance deixou a Terra. A janela de lançamentos para o planeta abre-se apenas a cada 26 meses, mas ESCAPADE segue uma estratégia diferente: as naves viajarão primeiro até o ponto de Lagrange L2 Sol-Terra, a cerca de 1,5 milhão de quilômetros, onde permanecerão por um ano observando o clima espacial. Quando o alinhamento adequado entre os planetas ocorrer, ganharão impulso gravitacional da Terra e seguirão a rota até Marte. Segundo especialistas envolvidos no projeto, o perfil de voo demonstra uma alternativa que pode ampliar a quantidade de missões enviadas no futuro, reduzindo a pressão por datas precisas de lançamento.

Novo Glenn comprova capacidade operacional

Com 98 metros de altura e capacidade para transportar aproximadamente 45 toneladas à órbita baixa, o New Glenn realizou sua primeira missão de clientes após um voo de teste em janeiro de 2025. O êxito desta vez incluiu o retorno controlado do primeiro estágio sobre a embarcação Jacklyn, passo essencial para alcançar o objetivo de reutilização de até 25 ciclos e reduzir custos de acesso ao espaço. Até então, apenas a SpaceX havia recuperado estágios de foguetes orbitais, acumulando mais de 500 pousos.

Para a Blue Origin, fundada por Jeff Bezos, o resultado reforça planos de operar um veículo pesado com certificação para voos tripulados e missões de carga. Relatórios internos citados pela empresa indicam que a carteira de contratos para o New Glenn inclui lançamentos governamentais e comerciais, impulsionando a competição nesse segmento de alta capacidade.

Trajetória inovadora e expansão da indústria privada

A ESCAPADE também marca a primeira participação interplanetária da Rocket Lab. A companhia californiana foi responsável pela construção dos dois orbitadores, consolidando um portfólio que, até então, englobava a missão lunar CAPSTONE. De acordo com análises de mercado, a entrada de novos fornecedores em projetos além da órbita terrestre reforça a tendência de descentralização da cadeia espacial, ampliando opções de custo e cronograma para agências.

Outro ponto de destaque é a possibilidade de escalonar lançamentos rumo a Marte ao longo de vários meses. Caso a abordagem se prove viável, futuras frotas — tanto tripuladas quanto robóticas — poderão “formar fila” em trajetórias de espera, minimizando gargalos de infraestrutura em solo. Especialistas do Laboratório de Ciências Espaciais da Universidade da Califórnia, Berkeley, responsável pela operação das sondas, afirmam que o modelo pode se tornar essencial caso se concretizem planos de colonização marciana nas próximas décadas.

Além dos aspectos técnicos, o sucesso do New Glenn insere a Blue Origin em um cenário dominado pela SpaceX nos últimos anos. A concorrência tende a acelerar inovações em reutilização de foguetes, preços de lançamento e desenvolvimento de plataformas de apoio, beneficiando universidades, startups e governos que dependem de acesso confiável ao espaço.

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Imagem: Mike Wall published

O que muda para o público e para o mercado

Para o leitor, a combinação de um novo veículo reutilizável e um perfil de trajetória flexível indica que missões científicas e comerciais podem tornar-se mais frequentes e, possivelmente, mais baratas. A médio prazo, isso pode refletir em tecnologias derivadas — como telecomunicações, sensoriamento remoto e até turismo espacial — tornando-se mais acessíveis.

Empresas interessadas em lançar satélites de grande porte ou constelações completas ganham uma opção adicional de transporte pesado, enquanto a NASA reforça a colaboração com provedores privados, concentrando recursos em pesquisa e exploração profunda.

Curiosidade

Embora pouco mencionado, o nome do navio de recuperação Jacklyn homenageia a mãe de Jeff Bezos. A tradição de batizar embarcações de apoio com nomes pessoais é comum na indústria marítima, mas tornou-se um símbolo de motivação interna na Blue Origin. A escolha reforça o vínculo entre a empresa e a cultura de preservar histórias familiares — algo que contrasta com o caráter altamente tecnológico do setor espacial.

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Este lançamento sinaliza uma nova fase de concorrência e inovação na corrida interplanetária. Fique atento às próximas janelas de missão e acompanhe conosco cada etapa dessa jornada.

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