A NASA confirmou para esta quinta-feira (13) o lançamento da missão ESCAPADE, programa destinado a investigar a interação do vento solar com a atmosfera superior de Marte. A operação ocorrerá na base da Blue Origin, na Flórida, durante uma janela de 90 minutos que se inicia às 16h57 (horário de Brasília). Será apenas o segundo voo do foguete New Glenn, veículo de grande porte projetado para realizar missões orbitais com estágios reutilizáveis.
Dois adiamentos e uma erupção solar histórica
A decolagem estava inicialmente agendada para domingo (9), mas foi adiada em razão de ajustes de última hora no sistema de lançamento. O segundo postergamento ocorreu na segunda-feira (10), quando uma erupção solar de magnitude recorde levou as equipes de segurança a suspenderem a contagem regressiva. Segundo especialistas em clima espacial, o fenômeno poderia interferir nas comunicações e comprometer a eletrônica de bordo, tornando arriscado prosseguir com a decolagem.
Com a atividade solar em níveis considerados seguros, a NASA e a Blue Origin concluíram as verificações técnicas e autorizaram a retomada da campanha. A transmissão ao vivo será realizada no canal oficial da Blue Origin no YouTube, permitindo o acompanhamento em tempo real da sequência de lançamento e da tentativa de pouso do primeiro estágio.
Sondas gêmeas para desvendar a perda atmosférica marciana
A ESCAPADE (Exploradores da Fuga e Dinâmica do Plasma Marciano, na sigla em inglês) leva a bordo dois satélites idênticos construídos pela Rocket Lab e coordenados pela Universidade da Califórnia em Berkeley. As sondas, batizadas de Blue e Gold, atuarão em órbitas complementares ao redor de Marte para medir variações no campo magnético e na composição do plasma que envolve o planeta.
De acordo com dados oficiais da agência, o objetivo é entender como o vento solar remove partículas da alta atmosfera marciana — processo apontado como responsável pela drástica redução da pressão atmosférica ao longo de bilhões de anos. Esse conhecimento pode explicar por que Marte passou de um ambiente possivelmente habitável para o cenário árido observado hoje. Relatórios indicam, ainda, que os resultados ajudarão a elaborar modelos de previsão de tempestades solares, contribuindo para a proteção de futuras tripulações humanas.
Rota alternativa e cronograma estendido até 2027
Diferentemente de outras missões interplanetárias, a ESCAPADE não aproveitará a janela de transferência ideal entre Terra e Marte, que se abre a cada 26 meses. Em vez disso, seguirá um perfil de voo menos convencional: permanecerá cerca de um ano próximo ao ponto de Lagrange L2, uma região gravitacionalmente estável entre a Terra e o Sol, e depois realizará um sobrevoo da Terra em 2026 para adquirir velocidade adicional. A chegada a Marte está prevista para meados de 2027, onde as sondas permanecerão em operação por aproximadamente 11 meses.
Segundo o pesquisador principal, Rob Lillis, o itinerário mais longo permite reduzir a quantidade de propelente necessária, mantendo o custo da missão dentro de limites orçamentários. A abordagem também serve como demonstração de navegação de baixa energia, técnica que pode ser aplicada em voos futuros a outros destinos do Sistema Solar.
New Glenn busca validar pouso controlado no Atlântico
Após liberar as cargas úteis em trajetória de escape da gravidade terrestre, o primeiro estágio do New Glenn deverá reentrar na atmosfera e pousar verticalmente em uma balsa estacionada no oceano Atlântico. A manobra, similar à realizada pela SpaceX com o Falcon 9, é crucial para a estratégia de reutilização da Blue Origin. Caso seja bem-sucedida, poderá reduzir significativamente os custos por lançamento e aumentar a cadência de voos comerciais e científicos.
O CEO da Blue Origin, Bob Smith, afirmou em nota que a empresa almeja oferecer um serviço competitivo no mercado de lançamentos pesados. Para a NASA, a diversificação de fornecedores eleva a resiliência do programa espacial norte-americano e diminui a dependência de sistemas individuais.

Imagem: Blue Origin
Impacto para o setor e para o público
O retorno do New Glenn ao calendário coloca pressão adicional sobre concorrentes e amplia a oferta de plataformas capazes de enviar missões interplanetárias. Para o leitor, isso significa maior probabilidade de projetos científicos de custo reduzido alcançarem financiamento, acelerando a produção de conhecimento em astronomia e climatologia espacial.
Além disso, o sucesso da ESCAPADE abrirá caminho para missões humanas mais seguras, já que os dados coletados ajudarão a prever eventos solares extremos e a dimensionar sistemas de proteção para astronautas em Marte ou em trânsito.
Curiosidade
Embora o New Glenn esteja na fase inicial de testes, seu nome homenageia o astronauta John Glenn, primeiro norte-americano a orbitar a Terra em 1962. Assim como Glenn representou um marco para a exploração humana do espaço, a missão ESCAPADE busca marcar um novo capítulo na compreensão de Marte — desta vez não com pessoas a bordo, mas com gêmeos robóticos prontos para desvendar segredos atmosféricos que podem influenciar futuras viagens tripuladas.
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