NASA reabre contrato da Artemis 3 e pressiona SpaceX por pouso lunar mais rápido

Tecnologia

A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) decidiu reabrir a concorrência para o módulo de pouso tripulado da missão Artemis 3, medida que coloca o contrato atual da SpaceX sob forte revisão. A ação foi anunciada pelo chefe interino da agência, Sean Duffy, em 20 de outubro, durante entrevista ao programa “Squawk Box”, da CNBC. Segundo o executivo, o ritmo de desenvolvimento do Starship não atende mais ao cronograma considerado estratégico pelos Estados Unidos na corrida para retornar astronautas à Lua.

Motivo da mudança

Em abril de 2021, a SpaceX recebeu US$ 2,9 bilhões para adaptar o estágio superior do Starship e realizar o primeiro pouso humano desde o programa Apollo. Dois anos depois, a empresa de Elon Musk completou 11 voos de teste suborbitais — os dois mais recentes, em 26 de agosto e 13 de outubro, considerados bem-sucedidos. Apesar do avanço, a NASA avalia que os prazos previstos foram sucessivamente adiados. A decolagem da Artemis 3, inicialmente marcada para o fim de 2024, já passou para 2025, depois para 2026, 2027 e agora para 2028.

Além do lander, outros elementos críticos da missão também sofreram atrasos, como o traje espacial de próxima geração e o veículo Orion, responsável por levar a tripulação até a órbita lunar. Especialistas em política espacial lembram que o cronograma americano é influenciado por um objetivo político: realizar o pouso ainda no mandato presidencial em curso. “Estamos numa corrida contra a China”, resumiu Duffy, ao justificar a necessidade de ampliar a concorrência.

Novos concorrentes em cena

Com a decisão, empresas que já participam do programa Artemis podem apresentar propostas para substituir ou complementar o sistema da SpaceX. Entre elas, destaca-se a Blue Origin, fundada por Jeff Bezos, que assinou em 2023 um contrato de US$ 3,4 bilhões para o módulo Blue Moon na Artemis 5. Agora, a companhia deve tentar antecipar sua plataforma para disputar a Artemis 3.

Elon Musk reagiu publicamente, lembrando que a concorrente “ainda não entregou carga útil útil em órbita”. A afirmação faz referência ao primeiro e único voo do foguete New Glenn, em janeiro deste ano, que levou um protótipo do satélite Blue Ring. Analistas do setor indicam que, mesmo sem histórico orbital robusto, a Blue Origin possui recursos financeiros e técnicos para acelerar o projeto, principalmente após a parceria com empresas tradicionais da indústria aeroespacial.

Calendário apertado e pressão geopolítica

A decisão ocorre em meio ao aumento da atividade chinesa na exploração lunar. Dados oficiais de Pequim apontam para uma tentativa de pouso tripulado até 2030, com desenvolvimento de lançador de grande porte, nave tripulável e módulo de pouso próprios. Governos ocidentais observam que cada adiamento americano reforça a possibilidade de a China conquistar a próxima bandeira lunar.

Ao mesmo tempo, a NASA mantém a Artemis 2 dentro do previsto para fevereiro do próximo ano, missão que levará quatro astronautas em voo de dez dias ao redor da Lua. Segundo relatórios internos, o sucesso desse teste orbital é crucial para validar sistemas de suporte à vida e comunicação antes de qualquer descida à superfície.

Impacto para o setor e próximos passos

Reabrir o contrato significa redistribuir fundos, recalibrar cronogramas e, possivelmente, criar redundância de sistemas — estratégia que especialistas consideram positiva para reduzir riscos. No curto prazo, empresas interessadas precisarão apresentar propostas atualizadas, compatíveis com o orçamento já aprovado pelo Congresso norte-americano. Técnicos da agência afirmam que a seleção revisada deve ocorrer nos próximos meses.

NASA reabre contrato da Artemis 3 e pressiona SpaceX por pouso lunar mais rápido - Imagem do artigo original

Imagem: Mike Wall published

Para o público em geral, a medida pode representar um pouso lunar tripulado ligeiramente posterior, mas potencialmente mais seguro e com maior participação de atores privados. No mercado aeroespacial, a concorrência adicional tende a estimular inovação, cortar custos e acelerar soluções compartilhadas para futuras missões a Marte.

Quem acompanha tecnologia espacial pode ver mudanças práticas no dia a dia: o fortalecimento de startups de propulsão, a ampliação de programas educacionais voltados à engenharia aeroespacial e novos contratos de suprimentos para a cadeia produtiva de componentes de alto desempenho.

Se você quer entender como essas movimentações afetam outras áreas da exploração espacial, confira também a cobertura sobre avanços em propulsão elétrica publicada em nosso caderno de Tecnologia.

Curiosidade

Quando a NASA fechou o primeiro contrato do programa Apollo, em 1961, o módulo lunar era descrito em apenas 15 páginas de especificações. Hoje, o documento técnico do sistema de pouso da Artemis 3 ultrapassa 1.200 páginas e exige integração com satélites de comunicação, estações de reabastecimento em órbita e protocolos de evacuação de emergência. O contraste ilustra como a complexidade da engenharia espacial evoluiu em seis décadas, mesmo tratando-se do mesmo destino: o solo lunar.

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