A NASA concluiu a etapa final de preparação para o primeiro voo do X-59, aeronave experimental desenvolvida para superar a barreira do som sem gerar o tradicional estrondo sônico. O ensaio inicial, agendado para as próximas semanas no Centro Armstrong de Pesquisa de Voo, na Califórnia, será realizado a baixa altitude e velocidade aproximada de 385 km/h. O objetivo é validar sistemas, confirmar redundâncias de segurança e reunir dados que permitam avançar para testes mais ousados em 2024.
Sistema de monitoramento acompanha mais de 20 mil parâmetros
Para garantir a integridade da missão, o X-59 incorpora o Flight Test Instrumentation System (FTIS), capaz de registrar simultaneamente áudio, vídeo e informações de sensores ligados a motor, controle de voo e condições estruturais. Segundo engenheiros da agência, o FTIS já passou por mais de 200 dias de verificação em solo, fase considerada decisiva para mitigar riscos durante a decolagem.
“Saber que cada componente foi avaliado detalhadamente torna o primeiro voo muito mais seguro”, afirmou Shedrick Bessent, engenheiro de testes do projeto. Responsável por abastecer a equipe de telemetria em tempo real, o sistema verifica temperatura, vibração, pressão e outros indicadores cruciais, somando mais de 20 mil linhas de dados por segundo.
Camadas de segurança incluem assento ejetável e reinicialização de emergência
A aeronave utiliza arquitetura fly-by-wire, substituindo cabos e polias mecânicas por comandos eletrônicos. O desenho contempla ainda sistemas redundantes de energia, hidráulica e computadores de bordo, de modo a preservar o controle mesmo em caso de falha. Em situação extrema, o piloto pode acionar um mecanismo de reinicialização com hidrazina, combustível capaz de religar o motor no ar.
O comandante da missão, Nils Larson, voará equipado com traje de contrapressão e suprimento extra de oxigênio, exigências para altitudes que podem ultrapassar 55 mil pés—mais que o dobro do teto típico da aviação comercial. O cockpit conta com assento ejetável e canopy adaptados de um jato T-38, oferecendo, segundo a NASA, mais uma salvaguarda em caso de emergência.
Objetivo: reduzir ruído e influenciar futuras regras de aviação
A principal inovação do X-59 é o formato do fuselagem, projetado para distribuir as ondas de choque de forma a minimizar o ruído percebido em terra. De acordo com especialistas em acústica aeronáutica, a meta é reduzir o estrondo a um leve som comparável ao bater de uma porta distante. Caso os testes confirmem o desempenho, relatórios oficiais da agência serão compartilhados com o regulador norte-americano (FAA) e organismos internacionais para embasar uma possível revisão de normas que hoje restringem voos supersônicos sobre áreas povoadas.
O programa da NASA surge duas décadas após a aposentadoria do Concorde, que enfrentou limitações de rota justamente pelo impacto sonoro. Ao eliminar o estrondo, a nova tecnologia pode abrir caminho para aeronaves comerciais capazes de completar trajetos intercontinentais em metade do tempo atual, influenciando rotas, custos operacionais e a própria experiência do passageiro.
Próximos passos e cronograma de ensaios
Concluída a etapa de voo em baixa velocidade, o X-59 passará a manobras de aceleração progressiva. A NASA pretende alcançar Mach 1,4 em altitudes elevadas para validar a performance acústica e estrutural. Em seguida, a agência realizará sobrevoos controlados sobre comunidades norte-americanas, coletando relatos de moradores sobre a percepção do ruído. A fase de escuta social deve começar em 2025, prazo considerado adequado para compilar dados, elaborar relatórios e dialogar com reguladores.

Imagem: NASA
Segundo técnicos do projeto, cada avanço depende da correlação entre telemetria, inspeções pós-voo e análise de vibração de componentes críticos. “Só seguimos para a etapa seguinte quando a equipe multidisciplinar confirma que todos os parâmetros permaneceram dentro da margem”, destacou Larson.
Impacto para o mercado e para o usuário final
Se o X-59 provar que é possível voar acima do som sem incômodo acústico, fabricantes de aviação comercial podem acelerar projetos de jatos executivos e linhas de passageiros de alta velocidade. Para o consumidor, a mudança pode significar tempos de viagem menores e novas rotas diretas entre continentes, além de potencial redução de conexões. Já companhias aéreas avaliam que aeronaves supersônicas silenciosas, embora exijam investimento inicial elevado, podem agregar bilhetes premium e ampliar a oferta de serviços de longo curso.
Curiosidade
O X-59 recebeu o apelido informal de QueSST (Quiet SuperSonic Technology). Na sigla, “Que” refere-se ao som atenuado (“quiet”) e “SST” resgata o termo clássico “supersonic transport”, usado nos anos 1970 para designar o Concorde. A combinação homenageia o passado e aponta para o futuro, destacando a ambição de reviver voos supersônicos de forma ambientalmente aceitável.
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