Musk dispara críticas contra administrador interino da NASA e reacende disputa sobre contrato lunar

Ciência

O presidente‐executivo da SpaceX, Elon Musk, voltou a utilizar as redes sociais para atacar publicamente o administrador interino da NASA e secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean Duffy. As mensagens, publicadas em 21 de outubro, ocorreram um dia depois de Duffy declarar à imprensa que pretende reabrir a concorrência para o contrato do módulo lunar da missão Artemis 3, alegando atraso na entrega do Starship, desenvolvido pela SpaceX.

Troca de farpas nas redes sociais

Na série de postagens, Musk questionou a competência de Duffy para comandar a agência espacial. Em um dos comentários, referiu‐se ao secretário como “Sean Dummy” e acusou‐o de “tentar matar a NASA”. Em outra publicação, lançou uma enquete em que perguntava: “Alguém cujo maior feito é escalar árvores deveria comandar o programa espacial dos Estados Unidos?”, referência à passagem de Duffy como lenhador no início da carreira.

Duffy não respondeu diretamente aos insultos, mas reiterou, também pela rede social, que a competição pelo retorno à Lua está aberta. “Love the passion. The race to the Moon is ON”, escreveu, defendendo que empresas como Blue Origin apresentem propostas alternativas ao veículo de pouso lunar.

Concorrência e atrasos no programa Artemis

A motivação imediata para o embate foi a declaração de Duffy, em entrevistas à CNBC e outras emissoras, de que pretende revisar o contrato firmado entre NASA e SpaceX para a missão Artemis 3. A missão prevê levar astronautas de volta ao solo lunar; entretanto, segundo o secretário, os prazos da SpaceX estariam comprometidos. “Adoro a SpaceX, é uma empresa incrível; o problema é que estão atrasados”, afirmou. Por isso, pretende “abrir o contrato” para que outras companhias disputem a entrega do módulo, “e quem chegar primeiro, iremos aceitar”.

A NASA confirmou que solicitou a SpaceX e à Blue Origin a apresentação, até 29 de outubro, de estratégias para acelerar seus projetos de pouso. O plano inclui ainda um request for information para que outras empresas detalhem possíveis abordagens. De acordo com a agência, a iniciativa visa garantir o retorno de astronautas à Lua antes de 2030, meta que enfrenta pressão da comunidade política e científica, além da competição internacional.

Interferência administrativa em debate

Além da disputa contratual, persiste a indefinição sobre quem comandará a NASA em caráter permanente. Jared Isaacman, piloto e empresário, teve nomeação retirado em maio, mas voltou a se reunir com representantes do governo para tentar ser renomeado. Duffy, por sua vez, manifestou interesse em manter as duas funções — secretário de Transportes e administrador da NASA —, hipótese que envolveria a incorporação da agência ao Departamento de Transportes.

Especialistas em políticas espaciais veem o plano com ceticismo. O deputado George Whitesides, vice‐líder do Comitê de Ciência da Câmara, declarou que o Congresso tende a resistir à mudança. “A NASA é uma agência de P&D; o Departamento de Transportes é majoritariamente regulador. Considero um descompasso fundamental”, afirmou durante o New Liberal Action Summit.

Possíveis impactos para o programa lunar

Segundo analistas consultados por veículos norte‐americanos, a reabertura da concorrência pode gerar dois efeitos opostos. Por um lado, aumenta a pressão sobre a SpaceX para cumprir cronograma e custos. Por outro, a inclusão de novos fornecedores eleva o risco de fragmentação de recursos e atrasos adicionais. Jim Bridenstine, administrador da NASA na gestão Trump, comentou em audiência no Senado que o atual cronograma é “altamente improvável” diante da complexidade do Starship.

Musk minimizou a ameaça e disse que a SpaceX “se move como um relâmpago em comparação com o restante da indústria espacial”. O empresário chegou a endossar, em resposta a uma postagem de um investidor, o possível retorno de Isaacman à liderança da NASA.

O que muda para o setor aeroespacial

Na prática, a disputa retórica expõe uma tensão mais ampla sobre o modelo de contratação da NASA. Se a agência mantiver o contrato único com a SpaceX, pode acelerar decisões internas, mas fica vulnerável a atrasos de um fornecedor. Caso distribua a verba entre vários players, dilui o risco técnico, mas aumenta a complexidade de integração. Para empresas brasileiras que fornecem componentes ou serviços de apoio, o resultado dessa escolha poderá influenciar a abertura de novos acordos de subcontratação e parcerias tecnológicas, segundo especialistas do setor.

Para quem acompanha a exploração espacial, o episódio reflete a crescente influência das redes sociais na formulação de políticas públicas. Comentários de executivos, antes restritos a comunicados, hoje ganham repercussão instantânea e podem pressionar decisões administrativas. Resta ao leitor observar se a NASA manterá o plano original com a SpaceX ou se a proposta de Duffy avançará, alterando prazos e custos da próxima missão lunar.

Curiosidade

Nem sempre a relação entre NASA e empresas privadas foi marcada por contratos exclusivos. Em meados da década de 1960, o programa Apollo contou com mais de 20 mil fornecedores, entre grandes indústrias e pequenas oficinas especializadas. A abordagem, embora complexa, criou ecossistemas tecnológicos que impulsionaram setores inteiros, do microprocessador à engenharia de materiais — legado que ainda se faz presente nas startups espaciais contemporâneas.

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