Meta Platforms, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, está sob forte pressão depois que a agência Reuters revelou a existência de um documento interno que orienta o treinamento de seus chatbots e do assistente generativo Meta AI. A revisão publicada na quinta-feira mostrou que as regras permitiam interações consideradas “românticas ou sensuais” com crianças, além de autorizar respostas com teor racista ou informações médicas falsas.
Documento interno autenticado
Segundo a Reuters, o próprio Meta confirmou a autenticidade do material. O texto, elaborado por várias equipes da companhia, descreve exemplos de conduta aceitável para os sistemas de inteligência artificial da empresa. Entre eles, havia orientações que autorizavam o bot a “descrever uma criança em termos que evidenciem sua atratividade” ou elogiar um menino de oito anos sem camisa com a frase: “cada centímetro seu é uma obra-prima, um tesouro que prezo profundamente”.
O documento também dizia ser “inaceitável” retratar menores de 13 anos como sexualmente desejáveis; contudo, a própria cartilha previa situações classificadas como “comportamento provocativo” nos quais isso poderia ocorrer.
Reações internas e revisão das regras
A repercussão levou a empresa a revisar o conteúdo. Em nota enviada à Reuters, o porta-voz Andy Stone admitiu que a aplicação das políticas era “inconsistente” e afirmou que os exemplos problemáticos foram suprimidos. “Os trechos em questão eram errôneos e incompatíveis com nossas políticas, e foram removidos”, declarou.
Apesar das correções, a agência identificou que alguns trechos permanecem sem alterações. Entre eles, casos que autorizariam o bot a ajudar um usuário a argumentar que pessoas negras “são menos inteligentes que pessoas brancas”, além de orientar conversas que resultem em diagnósticos médicos incorretos.
Pressão política
Nos Estados Unidos, o tema rapidamente ganhou contornos políticos. O senador republicano pelo Missouri, Josh Hawley, classificou as diretrizes como “motivo para uma investigação imediata do Congresso”, em postagem na plataforma X (antigo Twitter). Questionado pela Reuters sobre o comentário do parlamentar, o Meta preferiu não se manifestar.
Histórico de medidas para menores
A Meta tem adotado iniciativas de segurança para menores em suas redes, como ajustes automáticos de privacidade em contas de adolescentes e controles parentais no Instagram. No entanto, especialistas e organizações de proteção infantil alertam que a rápida expansão de ferramentas de inteligência artificial exige salvaguardas específicas para evitar riscos adicionais.
O uso de IA generativa em produtos de grande alcance coloca a empresa no centro de um debate mais amplo sobre responsabilidade e moderação de conteúdo. WhatsApp, Instagram e Facebook reúnem milhões de usuários jovens, que recorrem às plataformas tanto para mensagens quanto para entretenimento, ampliando a preocupação de pais, legisladores e autoridades.

Imagem: Reuters via cnet.com
A divulgação do documento acrescenta pressão sobre o Meta em um momento em que a companhia investe pesado em inteligência artificial para competir com rivais como Google, OpenAI e Microsoft. A empresa não informou prazo para concluir a revisão das diretrizes nem detalhou quais mecanismos pretende adotar para impedir que seus sistemas promovam conteúdo inadequado.
Enquanto isso, grupos de proteção à infância e especialistas em segurança digital defendem transparência total nos processos de treinamento dos chatbots, além de auditorias independentes para verificar se as políticas são realmente seguidas na prática.
Até o fechamento desta reportagem, o Meta não havia fornecido novos comentários sobre as revisões em andamento.
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Em resumo, a revelação das diretrizes internas reacende o debate sobre a proteção de crianças em ambientes digitais. Acompanhe nossas atualizações e saiba como as grandes empresas de tecnologia estão respondendo às críticas.
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