A ManageEngine, divisão de soluções corporativas da indiana Zoho Corporation, intensificou sua atuação no Brasil como parte do plano para alcançar a marca de US$ 1 bilhão em receita mundial nos próximos dois a três anos. Segundo Rajesh Ganesan, presidente da companhia, o faturamento previsto não é um objetivo isolado, mas um instrumento para financiar novos investimentos em pesquisa, desenvolvimento de produtos e contratações estratégicas.
Brasil desponta como mercado de crescimento mais rápido
Com taxa anual de expansão de 45%, bem acima da média global da empresa, o Brasil já figura entre os dez maiores geradores de receita da ManageEngine. Ganesan atribui o desempenho à combinação de fatores como demografia favorável, economia em expansão e elevada adoção de tecnologia. Além disso, regras locais consideradas rígidas para proteção de dados e continuidade de negócios têm impulsionado a demanda por ferramentas de cibersegurança e gerenciamento de TI.
Para sustentar o ritmo de crescimento, a companhia inaugurou recentemente seu primeiro escritório no país e triplicou o número de funcionários em poucos meses. A equipe brasileira reúne aproximadamente 40 profissionais nas áreas de vendas, marketing e pré-vendas, com previsão de ampliação do suporte pós-venda ainda em 2024.
Segundo executivos do setor, o movimento reflete uma tendência observada em outras multinacionais de software, que passaram a enxergar o mercado local como porta de entrada para a América Latina. Relatórios indicam que o país responde por quase 40% dos investimentos em TI da região, o que reforça o apetite de fornecedores estrangeiros.
Contratação de talentos é o principal desafio
Apesar do avanço, a ManageEngine identifica a atração de profissionais qualificados como obstáculo mais relevante no curto prazo. O presidente da empresa reconhece a necessidade de convencer candidatos de que a operação local faz parte de um grupo global sólido, mas com cultura de crescimento orgânico.
Outro fator apontado é a diversidade regional do Brasil. A companhia avalia o país não como um mercado único, mas como um conjunto de diferentes realidades. Há maior maturidade tecnológica nos estados do Sul e Sudeste, enquanto Norte e Nordeste exigem esforço adicional de conscientização sobre riscos de segurança. Para lidar com essas especificidades, a estratégia comercial adota o modelo land and expand: primeiro conquista equipes de TI com ferramentas pontuais e, em seguida, apresenta a plataforma completa aos executivos de nível C.
Especialistas em gestão de canais observam que, ao firmar parcerias regionais, a empresa reduz barreiras culturais e adapta preços e contratos à legislação de cada estado, tema considerado crítico para fornecedores de software corporativo.
Foco em setores regulamentados e inteligência artificial aplicada
Embora mantenha portfólio voltado a múltiplas indústrias, a ManageEngine concentra esforços em segmentos altamente regulamentados, como serviços financeiros, saúde e educação. No Brasil, agronegócio, e-commerce e serviços de TI também recebem atenção prioritária por exigirem infraestrutura robusta de segurança e conformidade.
Em relação à inteligência artificial, Ganesan afirma que a companhia trabalha com modelos de linguagem próprios desde 2012. O objetivo é construir algoritmos treinados especificamente para resolver problemas de operação de TI, resguardando a privacidade dos clientes. A empresa anunciou o lançamento de um LLM dedicado, projetado para identificar vulnerabilidades, sugerir correções e automatizar atendimentos de help desk.

Imagem: Internet
De acordo com analistas de mercado, a vertical de IA aplicada à gestão de TI deve crescer acima de 20% ao ano até 2027, impulsionada pela necessidade de reduzir custos operacionais e acelerar a detecção de ameaças. A aposta da ManageEngine em soluções proprietárias visa posicionar a marca em um nicho onde concorrentes dependem de provedores externos de IA.
Impacto potencial para empresas brasileiras
Para organizações locais, a presença ampliada da ManageEngine significa maior oferta de ferramentas integradas de monitoramento, automação de processos e defesa cibernética. Entidades setoriais avaliam que a competição entre fornecedores internacionais tende a baixar preços, simplificar contratos e elevar o nível de suporte técnico em português.
No médio prazo, a consolidação de plataformas únicas pode reduzir a necessidade de múltiplos contratos de software, facilitando auditorias de compliance e diminuindo a complexidade de integração entre sistemas. Isso pode resultar em ganhos de eficiência que impactam diretamente o orçamento de TI e a agilidade na resposta a incidentes.
Curiosidade
Embora seja mais conhecida pelo pacote de automação de TI, a Zoho Corporation, controladora da ManageEngine, mantém política de crescimento sem capital de risco externo há mais de duas décadas. Esse posicionamento, pouco comum em gigantes de software, permite que a empresa reinvista lucros integralmente em pesquisa e desenvolvimento, estratégia que agora beneficia a expansão no Brasil.
Os movimentos da ManageEngine reforçam a relevância do país no mapa global de tecnologia. Quem deseja acompanhar outras iniciativas do setor pode explorar a cobertura especializada em Tecnologia, onde publicamos análises e atualizações constantes.
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