A startup francesa Ion-X vai fornecer uma versão aprimorada de seu propulsor eletrospray para a Univity, empresa que planeja colocar 1 500 pequenos satélites de banda larga 5G em órbita muito baixa da Terra (VLEO). O acordo, anunciado em 23 de outubro, prevê a instalação do modelo Halo-Max em pelo menos um dos dois satélites protótipos UniShape, com lançamento programado para 2027. A iniciativa abre caminho para a implantação completa da constelação até 2030.
Propulsor Halo-Max multiplica impulso disponível
De acordo com o presidente-executivo da Ion-X, Thomas Hiriart, o Halo-Max foi desenvolvido para oferecer cerca de cinco vezes o impulso total do Halo-100X, versão que concluiu seu primeiro teste em órbita em janeiro deste ano. O Halo-100X atinge alguns milhares de newton-segundos de impulso, número que agora tende a ser multiplicado para atender às necessidades do UniShape.
A empresa fundada em 2021 já havia divulgado planos para produzir dez propulsores por mês até 2026, chegando a 200 unidades anuais em 2028. Hiriart informou que, por ora, o contrato com a Univity cobre apenas a missão UniShape, mas a linha de produção poderá ser acelerada caso a operadora apresente pedidos adicionais nas próximas fases do projeto.
Univity aposta em VLEO para reduzir latência do 5G
Antiga Constellation Technologies & Operations, a Univity prepara uma rede global de satélites que operará em frequência celular de parceiros terrestres. A companhia argumenta que a órbita situada a algumas centenas de quilômetros da superfície permite menor latência dos sinais e maior capacidade de reutilização de frequência, pontos destacados por especialistas do setor espacial.
Como parte desse caminho, a empresa colocou seu primeiro payload em órbita baixa no início do ano para testar a conectividade entre terminais próprios e redes móveis existentes. Segundo o diretor-executivo Charles Delfieux, todos os objetivos técnicos foram alcançados, e um relatório completo com os resultados deve ser divulgado no próximo mês.
Em paralelo, a Univity firmou parceria com a maior rede francesa de data centers neutros, medida que deve facilitar a integração da oferta 5G via satélite com as operadoras de telecomunicações em solo. A sinergia entre infraestrutura terrestre e espacial tende a melhorar a experiência de usuários em áreas remotas ou com cobertura limitada.
Calendário de lançamentos e próximos contratos
O cronograma divulgado pelas empresas estabelece que os dois satélites UniShape, cada um com 350 quilogramas, sejam lançados em 2027. Caso os testes validem a arquitetura, a constelação completa deve ultrapassar 1 500 unidades operacionais até o fim da década. A Ion-X pretende usar a missão inicial para demonstrar a robustez do Halo-Max, abrindo oportunidade para contratos mais amplos.
Além da parceria com a Univity, a startup francesa fornecerá o Halo-100X para a missão estoniana OPS-SAT ORIOLE, prevista para outubro de 2026. Será a primeira vez que o motor participará de um satélite com aplicação prática de observação da Terra, além de testes puros de propulsão.

Imagem: CNES
Impacto no mercado de satélites e telecomunicações
Relatórios indicam que o segmento de órbita muito baixa tende a ganhar relevância nos próximos anos graças ao potencial de reduzir custos de lançamento, facilitar a dessimetria de sinal e diminuir o volume de detritos espaciais, já que a proximidade com a atmosfera acelera a reentrada de satélites desativados. Segundo consultorias, a demanda por conectividade de baixa latência também deve impulsionar investimentos de operadoras e governos em soluções híbridas, que combinam redes terrestres, drones e satélites.
Para a indústria de propulsão, o contrato fechado entre Ion-X e Univity reforça a tendência de adoção de motores eletrospray, tecnologia que utiliza fluxos de íons líquidos para gerar empuxo eficiente em pequenas plataformas. Empresas norte-americanas, europeias e asiáticas já anunciam projetos semelhantes, o que intensifica a competição e estimula novas rodadas de financiamento.
Na prática, o acordo poderá impactar diretamente usuários finais que residem em áreas onde o 5G ainda não chegou. Caso a constelação cumpra a promessa de entregar baixa latência em comparação aos satélites geoestacionários tradicionais, aplicações como videoconferência, jogos online e Internet das Coisas poderão ser viabilizadas sem necessidade de infraestrutura terrestre complexa.
Curiosidade
O termo “eletrospray” passou a ser mais conhecido na indústria espacial a partir da década de 2010, embora a técnica tenha sido descrita em estudos de espectrometria de massa nos anos 1980. A adaptação para satélites miniaturizados aproveita o mesmo princípio de emissão de íons em microescala, ampliando a eficiência de propulsão em ambientes de vácuo.
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