A empresa chinesa Landspace programou para este fim de semana a primeira tentativa do país de lançar um foguete à órbita e recuperar seu primeiro estágio. O ensaio ocorrerá a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste da China, com janela entre 28 de novembro, 23h, e 29 de novembro, 1h (horário da Costa Leste dos EUA), equivalente a 12h-14h em Pequim.

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Como será a missão do Zhuque-3
Notificações de fechamento de espaço aéreo emitidas pela Administração de Aviação Civil da China indicam uma zona de pouso a aproximadamente 390 quilômetros para sudeste da base de Jiuquan, no condado de Minqin, província de Gansu. O local corresponde ao ponto onde o primeiro estágio deverá regressar após cumprir sua parte da subida.
O Zhuque-3 é um veículo de dois estágios construído em aço inoxidável, com 4,5 metros de diâmetro, 66 metros de altura e massa de decolagem próxima de 570 toneladas. Nove motores Tianque-12A, movidos a metano e oxigênio líquido, impulsionam a etapa principal. Segundo dados da companhia, o foguete pode transportar até 21 toneladas à órbita baixa em modo descartável ou 18,3 toneladas quando o estágio retornável é recuperado, desempenho comparável ao Falcon 9 da SpaceX.
Na missão, o Zhuque-3 levará um protótipo da nave de carga reutilizável Haolong. O objetivo é testar um sistema de transporte logístico de baixo custo para a estação espacial Tiangong, controlada pela Agência Espacial Tripulada Chinesa.
Contexto e relevância do voo
A iniciativa da Landspace ocorre dez anos após a SpaceX realizar o primeiro pouso bem-sucedido de um foguete orbital, feito conquistado pelo Falcon 9 em dezembro de 2015. Em outubro deste ano, a Blue Origin também recuperou o primeiro estágio do New Glenn, em seu segundo voo. Agora, a indústria espacial chinesa tenta repetir o marco, reforçando a tendência global de reutilização para reduzir custos e aumentar a frequência de lançamentos.
A própria corporação estatal chinesa CASC prepara o Long March 12A, também reutilizável, mas a Landspace se antecipou ao agendar a primeira demonstração. Especialistas observam que a movimentação do setor privado pode acelerar a adoção de tecnologias de pouso vertical no país, beneficiando programas de constelações de satélites como Guowang, Thousand Sails e Honghu-3, que exigem cadência elevada de lançamentos.
Testes e ajustes antes da decolagem
Entre 18 e 20 de outubro, a Landspace realizou ensaios completos de abastecimento e um teste de disparo estático na plataforma 2, dedicada a veículos que utilizam metano. Segundo relatórios da firma, todas as checagens de sistemas foram concluídas sem registrar anomalias.
O cronograma original, porém, sofreu atrasos nas últimas semanas por causa de interferências na agenda do centro de lançamento. A prioridade foi dada à missão tripulada Shenzhou-21 e ao retorno da tripulação da Shenzhou-20, cujo módulo apresentou dano causado por provável impacto de detrito orbital. O incidente exigiu o uso do veículo Shenzhou-21 como cápsula de resgate e levou ao lançamento de emergência da Shenzhou-22 em 25 de novembro. A movimentação nas plataformas levou ao adiamento temporário do Zhuque-3.
Trajetória da Landspace
Fundada logo após a abertura do setor espacial chinês ao capital privado, em 2014, a Landspace realizou sua primeira tentativa orbital em 2018, com o foguete sólido Zhuque-1. O voo falhou, mas a empresa redirecionou esforços ao desenvolvimento de propulsão a metano, criando o Zhuque-2 — primeiro foguete desse tipo a alcançar a órbita, em julho de 2023. Versões aprimoradas, como a Zhuque-2E, voam regularmente, embora um lançamento em 15 de agosto tenha sido mal-sucedido.

Imagem: Landspace
Em dezembro de 2024, a companhia recebeu o equivalente a US$ 123 milhões do Fundo Nacional de Transformação e Atualização da Manufatura, reforçando o caixa para programas de reutilização. Documentos preliminares enviados a reguladores sugerem que a Landspace avalia abrir capital já em 2026.
Impacto para o mercado e para o público
Se a recuperação do estágio ocorrer como planejado, a China passará a contar com um veículo reutilizável de grande capacidade construído por iniciativa privada. Analistas indicam que essa conquista pode reduzir o custo por quilo colocado em órbita, ampliar o acesso de universidades e startups a lançamentos e aumentar a competitividade do país em contratos comerciais internacionais.
Para o público em geral, a expansão de constelações de satélites resultante de lançamentos mais baratos tende a melhorar serviços de banda larga via satélite, ampliar cobertura de Internet em áreas remotas e oferecer novos produtos de observação da Terra, segurança e navegação.
Curiosidade
O nome Zhuque (“Pássaro Vermilion”) faz referência a uma criatura mitológica que simboliza o Sul e o elemento fogo na tradição chinesa. Curiosamente, o Falcon 9 da SpaceX também evoca um animal lendário — a ave fênix — ao ressurgir intacto após o pouso. A escolha de nomes ligados a pássaros que renascem ou voam longas distâncias reflete o desejo de engenheiros de criar foguetes capazes de “voltar à vida” inúmeras vezes.
Para acompanhar outras novidades sobre o setor espacial e avanços tecnológicos chineses, vale conferir as análises que publicamos na seção dedicada ao tema. Em especial, recomendamos a leitura do artigo sobre o crescimento da inteligência artificial no país, disponível em nossa categoria de IA.
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