A Orienspace realizou, na manhã de 11 de outubro (horário de Pequim), o segundo voo bem-sucedido do Gravity-1, apontado como o mais poderoso foguete de combustível sólido em operação. A decolagem ocorreu às 10h20 locais, a partir de uma barca ancorada no mar Amarelo, e colocou em órbita um satélite de campo amplo e dois experimentais. Imagens transmitidas pela emissora estatal CCTV mostraram duas colunas de exaustão cortando o céu nebuloso logo após a ignição.
Detalhes técnicos da missão
Com 30 metros de altura, o Gravity-1 utiliza três estágios principais e quatro propulsores laterais, todos movidos a combustível sólido. Segundo dados da fabricante, o veículo é capaz de transportar até 6,5 toneladas para a órbita baixa da Terra, superando outros modelos da mesma categoria em termos de capacidade. Durante a missão de outubro, a carga útil foi liberada nas altitudes planejadas, confirmou a CCTV, consolidando o desempenho observado no voo inaugural, em janeiro de 2024, quando o foguete levou três satélites meteorológicos Yunyao-1.
Lançamentos a partir de plataformas navais oferecem maior flexibilidade na escolha da latitude e reduzem os riscos para áreas habitadas. Especialistas em dinâmica orbital explicam que o posicionamento no mar Amarelo permite ajustes finos na inclinação da órbita sem a necessidade de complexos sobrevoos sobre o território continental, diminuindo custos e aumentando a segurança.
Nova geração de veículos Gravity
Enquanto o Gravity-1 acumula resultados, a empresa chinesa trabalha em duas evoluções: Gravity-2 e Gravity-3. O primeiro contará com estágio central alimentado por combustível líquido, complementado por propulsores sólidos, e deverá lançar até 25,6 toneladas em órbita baixa, de acordo com relatórios divulgados em 2023. Já o Gravity-3 seguirá a lógica de “empilhamento” de três núcleos do Gravity-2, estratégia semelhante ao uso de três boosters Falcon 9 no Falcon Heavy da SpaceX. A capacidade estimada para o novo conjunto supera em cerca de 5 toneladas a do Gravity-2.
Analistas do setor veem nesses projetos um movimento para ampliar a participação da China no mercado de lançamentos comerciais e governamentais de médio e grande porte. Nos últimos anos, a demanda por envio de constelações de satélites de observação, telecomunicações e internet em órbita baixa aumentou significativamente, impulsionando a competição global.
Maritime launch e competição internacional
Embora lançamentos a partir de plataformas flutuantes estejam longe de ser inéditos — a Sea Launch operou no Pacífico nos anos 2000, por exemplo —, o sucesso do Gravity-1 reforça a viabilidade técnica e econômica do método. De acordo com dados oficiais, a China intensificou esforços para desenvolver logística marítima dedicada a foguetes sólidos, reduzindo janelas de espera em terra e ampliando o número de possibilidades de órbita. Para o mercado, isso se traduz em prazos menores e custos potencialmente mais baixos.
Segundo consultores de mercado aeroespacial, o avanço da Orienspace adiciona pressão sobre concorrentes tradicionais, como SpaceX e Arianespace, além de startups que apostam em veículos leves. A combinação de capacidade relativamente alta e operação em barca dá aos chineses uma proposta híbrida que pode captar tanto missões governamentais quanto cargas comerciais de constelações privadas.
Perspectivas para clientes e investidores
Empresas que planejam colocar satélites em órbita analisam atualmente opções com base em cronograma, preço e confiabilidade. O histórico de dois voos bem-sucedidos do Gravity-1, ainda em fase inicial, já soma credibilidade ao portfólio chinês. Relatórios indicam que a empresa pretende estabelecer cadência de lançamentos anuais ainda em 2025, o que poderá elevar a competição por contratos internacionais.

Imagem: Mike Wall published
Para investidores, a introdução de foguetes sólidos de grande porte amplia o leque de tecnologias disponíveis no mercado. Enquanto veículos reutilizáveis prometem economia no longo prazo, foguetes sólidos oferecem montagem mais simples e menor dependência de infraestrutura terrestre, encurtando o ciclo entre a produção e o lançamento.
Impacto para o leitor
Na prática, o sucesso do Gravity-1 pode influenciar o preço dos serviços de lançamento e acelerar o cronograma de novas constelações de satélites, o que se reflete em avanços na conectividade, na previsão do tempo e em serviços de geolocalização. Para quem acompanha tendências tecnológicas, a expansão de plataformas navais indica que soluções de acesso ao espaço estão se tornando mais diversificadas, competitivas e acessíveis.
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Curiosidade
Embora foguetes sólidos já existam desde os primórdios da exploração espacial, o Gravity-1 reúne num único sistema a maior carga útil do segmento e o ineditismo de operar a partir de uma barca dedicada. Esse formato relembra o conceito de “porta-aviões espacial” testado pela Sea Launch, mas com a vantagem de integrar plataformas chinesas de manufatura rápida e controle terrestre distribuído. É um passo a mais na busca por democratizar o acesso à órbita, agora também por meio de docas flutuantes.
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