FAA restringe horário de lançamentos espaciais comerciais durante paralisação nos EUA

Ciência

A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) determinou uma janela limitada para lançamentos espaciais comerciais enquanto durar o atual shutdown do governo norte-americano. A partir de 10 de novembro, foguetes só poderão decolar entre 22h e 6h do horário local, medida que, segundo a agência, visa reduzir a sobrecarga no sistema de controle de tráfego aéreo, atualmente sem remuneração regular aos controladores.

Medida busca aliviar pressão sobre controladores aéreos

No documento divulgado em 6 de novembro, a FAA explica que a ausência de pagamento aos controladores, iniciada no começo de outubro, levou a um aumento do absenteísmo e, consequentemente, a atrasos prolongados em voos comerciais. Para conter riscos de segurança, a agência já havia decidido cortar até 10% dos voos em 40 grandes aeroportos. Agora, inclui também o setor espacial na lista de restrições.

De acordo com a ordem, “as mitigações atuais foram capazes de gerir o risco, mas os atrasos estão aumentando e novas ações se tornaram necessárias”. A FAA afirma ainda que, com o avanço da paralisação e a imprevisibilidade de escalas, o cansaço entre os profissionais cresce, comprometendo a capacidade de manter o volume normal de operações no espaço aéreo dos Estados Unidos.

Lançamentos afetados e possíveis ajustes

Embora seja incomum limitar lançamentos a um período noturno, o impacto inicial pode ser restrito. O primeiro voo diretamente impactado seria um Falcon 9 da SpaceX para colocar satélites Starlink em órbita, previsto para decolar de Cabo Canaveral entre 17h12 e 21h12 (horário da Costa Leste) justamente em 10 de novembro, portanto fora da nova janela.

Ao longo da semana seguinte, três outros Falcon 9 estão na agenda e podem sofrer alteração: a missão rideshare Transporter-15, marcada para Vandenberg, na Califórnia, às 13h18 (Leste), e duas remessas adicionais de satélites Starlink, programadas para 13 e 14 de novembro, ambas na Flórida. As empresas terão de optar por recalendarizar ou solicitar exceções individuais à FAA, possibilidade prevista na própria ordem.

Blue Origin, por sua vez, ainda pretende realizar o segundo voo de teste do New Glenn na tarde de 9 de novembro, antes do início oficial da restrição. Caso ocorra qualquer atraso, a empresa só poderá tentar novamente dentro do intervalo autorizado noturno. Já a United Launch Alliance não divulgou nova data para o Atlas 5 com o satélite ViaSat-3 F2 após problemas em válvulas nos dias 5 e 6 de novembro; como esse lançamento já estava previsto para após as 22h, poderia teoricamente acontecer, porém com janela menor.

Flexibilidade e prazo de vigência

A FAA declara que a ordem permanecerá em vigor até que o Congresso restabeleça o financiamento do órgão e a confiança na redução do estresse operacional. A agência ressalta que poderá suspender ou ajustar trechos da medida “mediante solicitação do operador”, caso identifique condições seguras.

Especialistas do setor, ouvidos por diferentes publicações norte-americanas, avaliam que o impacto maior recairá sobre operadoras com agendas apertadas de voos consecutivos, como a SpaceX, que costuma realizar múltiplos lançamentos semanais. Para empresas com menor frequência ou ajustes amplos de janela, o efeito deve ser mais limitado.

Contexto sobre o shutdown e repercussão no mercado espacial

Esta não é a primeira vez que um shutdown afeta atividades aeronáuticas, mas, de acordo com observadores do setor, a inclusão de um “toque de recolher” para o mercado de lançamentos não tem precedentes recentes. O mercado espacial comercial norte-americano vive fase de intensa competição, com empresas disputando contratos de constelações de satélites, missões governamentais e serviços de entrega rápida à órbita. Restrições de horário podem acarretar acúmulo de missões, atrasos em cronogramas e eventuais custos adicionais.

Segundo dados da FAA, 106 lançamentos orbitais partiram do território dos Estados Unidos em 2022, número que tende a crescer em 2023. Qualquer interrupção ou limitação traz reflexos diretos na cadeia de fornecedores, na agenda de satélites de telecomunicações e em compromissos com agências governamentais, como a NASA e a Força Espacial.

Impacto prático para o público e para o mercado

Para o público em geral, a restrição pode representar leve desaceleração na expansão de serviços relacionados a satélites, como internet de banda larga e monitoramento climático. No mercado, operadores terão de reorganizar equipes, rever contratos de janelas de lançamento e, em casos extremos, buscar locais fora dos Estados Unidos.

Curiosidade

Você sabia que, apesar do avanço do setor privado, todos os lançamentos comerciais nos Estados Unidos continuam dependentes de autorizações da FAA? Esse modelo de regulação garante que foguetes compartilhem o mesmo espaço aéreo de aviões, evitando conflitos de rota. Durante o shutdown, esse balanceamento se torna ainda mais delicado, já que os controladores gerenciam, simultaneamente, milhares de voos diários e corridas rumo ao espaço.

Para acompanhar outras mudanças regulatórias que podem afetar o segmento aeroespacial, vale conferir também as novidades publicadas recentemente na seção de tecnologia em Remanso Notícias.

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