Astrônomos identificam estrela rara que carrega vestígios das primeiras estrelas do Universo

Ciência

Uma equipa internacional de astrônomos localizou uma estrela incomum nos limites da Via Láctea que pode guardar pistas diretas sobre as primeiras estrelas formadas após o Big Bang. O objeto, catalogado como LAMOST J101051.9+235850.2, foi analisado com os telescópios LAMOST, na China, e Subaru, no Japão, e apresenta composição química compatível com o material expelido por uma estrela de População III, a primeira geração de astros do Universo.

Descoberta em parceria sino-japonesa

Segundo os investigadores, a estrela foi identificada durante um levantamento de corpos antigos da nossa galáxia. Localizada a cerca de 3 000 anos-luz da Terra, na constelação de Leão, ela possui massa ligeiramente inferior à do Sol, apesar de nascer em um ambiente repleto de elementos leves como hidrogênio e hélio.

Os dados espectroscópicos revelaram quantidades extremamente baixas de metais (elementos mais pesados que hélio). Esse índice de metalicidade, muito inferior ao observado no Sol, é considerado assinatura de estrelas formadas logo após as primeiras supernovas do cosmos. De acordo com os cientistas, a composição química indica que o material de LAMOST J101051.9+235850.2 foi enriquecido por apenas uma explosão estelar anterior, possivelmente de um astro cerca de 140 vezes mais massivo que o nosso Sol.

Janela para a População III

Até hoje, nenhuma estrela de População III foi observada diretamente. Modelos indicam que esses primeiros objetos eram extremamente massivos, consumiam rapidamente seu combustível nuclear e explodiam em supernovas poucos milhões de anos depois. Como resultado, deixaram escassos vestígios observacionais. Encontrar estrelas da segunda geração – também chamadas de “netas” do Big Bang – é, portanto, uma das poucas maneiras de estudar as estrelas primordiais.

“Analisar a química dessa estrela é como abrir uma cápsula do tempo”, explicam os autores no relatório. A comparação entre abundâncias de carbono, magnésio, cálcio e ferro sugere que o gás que originou LAMOST J101051.9+235850.2 foi contaminado por apenas um evento explosivo. Essa conclusão reforça hipóteses de que as primeiras supernovas eram capazes de semear rapidamente o meio interestelar com elementos mais pesados, impulsionando a formação das gerações seguintes.

Método de pesquisa e próximos passos

O Telescópio de Varredura do Céu de Grande Abertura (LAMOST) detectou inicialmente a estrela durante uma campanha de espectroscopia de baixa resolução. Posteriormente, o Telescópio Subaru realizou medições de alta precisão para refinar a composição química. Ao cruzar os dados, os astrônomos confirmaram a baixa metalicidade extrema, requisito fundamental para classificar o objeto como candidato a segunda geração.

Os responsáveis pela pesquisa pretendem agora buscar estrelas com assinaturas químicas semelhantes, ampliando a amostra estatística. Segundo especialistas, catalogar um número maior desses objetos permitirá validar modelos de formação estelar primitiva e estimar a massa típica das primeiras estrelas com maior confiança.

Impacto científico e tecnológico

A descoberta fornece evidências adicionais de que estrelas supermassivas – ultrapassando cem massas solares – já existiam cerca de 100 milhões de anos após o Big Bang. Esse cenário tem implicações diretas para a evolução química do Universo, a formação das primeiras galáxias e o surgimento de elementos pesados essenciais à vida. Para o público em geral, a constatação reforça a ideia de que cada átomo de nosso corpo teve origem nas primeiras explosões estelares.

Para a indústria aeroespacial e para os observatórios de nova geração, o estudo destaca a importância de instrumentos capazes de analisar a matéria em níveis elementares. Telescópios como o James Webb, em operação, e futuros radiotelescópios de grande porte poderão aprofundar a investigação sobre a era cósmica em que emergiram as primeiras luzes do Universo.

Segundo dados oficiais de observatórios internacionais, menos de 1 % das estrelas conhecidas apresenta metalicidade tão baixa quanto LAMOST J101051.9+235850.2. Relatórios indicam que esses objetos tendem a orbitar regiões externas da Via Láctea, onde a poluição química é menor, favorecendo a preservação de assinaturas antigas.

O que muda para o leitor?

Embora se trate de pesquisa fundamental, compreender as origens estelares ajuda a explicar de onde vêm os elementos usados em tecnologias cotidianas, como semicondutores, baterias e até dispositivos médicos. A confirmação de estrelas “fósseis” também inspira novas formas de estudar matéria escura e energia escura, temas que podem resultar em avanços futuros em energia, comunicação e computação.

Se você se interessa por descobertas no campo da astrofísica, vale acompanhar conteúdos relacionados às inovações em telescópios e missões espaciais. Essas iniciativas podem, em breve, fornecer imagens ainda mais detalhadas dos confins do Universo e clarear a cronologia da formação galáctica.

Para continuar informado sobre temas de ciência e tecnologia, acesse também outros artigos em nossa seção de Tecnologia.

Curiosidade

Você sabia que a luz das primeiras estrelas do Universo ainda não foi diretamente captada? Os astrônomos chamam esse período de “era das trevas cósmicas”. A estrela descrita na pesquisa é, portanto, uma das testemunhas mais antigas da transição entre esse estágio escuro e o acender das primeiras galáxias. Ao estudar objetos como LAMOST J101051.9+235850.2, os cientistas buscam decifrar quais condições físicas permitiram que a matéria se organizasse até formar planetas e, em última instância, a vida.

Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:

Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *