Escudo espacial mais leve da Atomic-6 avança para testes em órbita

Ciência

A Atomic-6, fabricante de materiais compósitos sediada em Marietta, Geórgia (EUA), concluiu uma série de testes de laboratório com o Space Armor, escudo concebido para proteger satélites contra impactos de detritos. A empresa prepara agora uma demonstração em órbita e planeja a produção em escala para atender à Força Espacial dos Estados Unidos e clientes comerciais.

Financiamento militar acelera desenvolvimento

A criação do Space Armor conta com apoio de dois contratos do governo norte-americano: US$ 1,2 milhão no programa Small Business Innovation Research (Fase 2) e US$ 3,8 milhões no Tactical Funding Increase, cuja verba inclui recursos privados de contrapartida. De acordo com Trevor Smith, diretor-executivo da Atomic-6, a procura por alternativas ao tradicional escudo Whipple — concebido pelo astrônomo Fred Whipple na década de 1940 — motivou os investimentos.

Embora o modelo de alumínio usado há mais de 70 anos continue eficiente, autoridades e empresas buscam soluções mais leves, modulares e que não prejudiquem a comunicação por radiofrequência. “O objetivo é absorver o impacto sem gerar fragmentos secundários e, ao mesmo tempo, manter sinais limpos entre o satélite e a estação terrestre”, salientou Smith ao apresentar a tecnologia.

Tecnologia mais fina e modular

O projeto utiliza azulejos hexagonais de material compósito com menos de 2,5 centímetros de espessura. Segundo dados oficiais, a versão Space Armor Lite suporta partículas de até 3 mm de diâmetro, enquanto o Space Armor Max resiste a detritos de até 12,5 mm. Ensaios de alta velocidade realizados no University of Dayton Research Institute e na Texas A&M University dispararam projéteis de alumínio a 7 km/s — velocidade típica em órbita baixa — confirmando que as placas contêm o impacto sem se fragmentar.

Em métricas comparativas, a variante Lite é cerca de 30 % mais leve e 15 % mais fina do que o escudo Whipple de alumínio. Além de reduzir massa, a forma modular facilita a instalação em regiões críticas do satélite, como tanques de combustível, geradores solares e antenas.

Próximos passos e interesse de seguradoras

A prova de voo é o último requisito antes da homologação. Smith informou que a companhia possui “oferta verbal” para embarcar o Space Armor em uma missão no próximo ano, etapa que deverá comprovar desempenho termomecânico e compatibilidade com comunicações em ambiente real. Seguradoras como Lloyd’s of London já manifestaram, de acordo com o executivo, intenção de conceder descontos a operadores cujas espaçonaves adotem o novo escudo, reconhecendo a mitigação de risco.

Além da blindagem, a Atomic-6 desenvolve o Light Wing, painel solar retrátil concebido para reduzir pontos de falha mecânica. O projeto conta com financiamento adicional de US$ 2 milhões da Força Espacial e tem primeiro voo de qualificação previsto para fevereiro de 2026, com versão de 1 kW totalmente desdobrável.

Impacto potencial para o setor espacial

Relatórios de monitoramento apontam milhões de fragmentos com menos de 1 cm circulando na órbita baixa, todos capazes de perfurar fuselagens a velocidades superiores a 7 km/s. A adoção de escudos mais leves influencia diretamente o custo de lançamento, pois cada quilo retirado da carga reduz despesas de combustível. Especialistas em segurança orbital destacam que uma proteção que não gera estilhaços secundários minimiza o risco de efeito cascata — conhecido como síndrome de Kessler — e prolonga a vida útil dos satélites.

Se os testes em voo confirmarem os resultados de laboratório, operadoras comerciais poderão lançar plataformas menores, ou acrescentar instrumentos científicos sem penalidade de massa, enquanto programas governamentais ganham maior robustez em missões críticas de defesa e de observação da Terra.

Para o usuário final, a evolução de escudos mais eficientes pode significar serviços de comunicação mais estáveis, menor interrupção por colisões e possível redução de prêmios de seguro repassados ao preço dos contratos de banda larga ou de dados via satélite.

Curiosidade

O escudo Whipple, que o Space Armor pretende substituir, foi idealizado em 1947 para proteger telescópios de asteroides microscópicos. A estrutura consiste em duas placas de alumínio separadas por espaço vazio; a primeira vaporiza o detrito, e a segunda bloqueia o plasma gerado. Setenta anos depois, o conceito permanece em uso na Estação Espacial Internacional e em sondas interplanetárias.

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