Erupção solar X5.2 lança jato de plasma e pode desencadear tempestade geomagnética na Terra

Ciência

O grupo de manchas solares AR4274 voltou a chamar atenção nesta terça-feira (11), às 7h04 no horário de Brasília, ao produzir uma erupção de classe X5.2. O evento, confirmado pelo Centro de Previsão de Clima Espacial (SWPC) da NOAA, provocou um apagão de rádio R3 sobre o sul da África e lançou uma ejeção de massa coronal (CME) em direção ao planeta. Modelos numéricos indicam que essa ejeção deve alcançar a Terra nas próximas horas.

Seqüência de erupções aumenta o risco de “CME canibal”

De acordo com dados oficiais do SWPC, a AR4274 já havia gerado duas erupções de classe X entre domingo (9) e segunda-feira (10). Como as CMEs resultantes dessas explosões viajam em velocidades diferentes, há a possibilidade de que a ejeção disparada nesta terça-feira alcance as anteriores e se combine em um jato canibal. Esse fenômeno ocorre quando uma CME mais rápida colide com outra mais lenta e funde os seus campos magnéticos, potencializando o impacto ao atingir a magnetosfera terrestre.

Projeções do SWPC sugerem que a frente combinada chegue ao planeta já na quarta-feira (12). Caso o cenário se confirme, os índices geomagnéticos podem alcançar o nível G3 (forte) em uma escala que vai de G1 a G5. Relatórios indicam que erupções de intensidade G3 são capazes de produzir auroras em latitudes incomuns e interferir em infraestruturas tecnológicas.

Impactos previstos para redes elétricas, satélites e comunicações

Segundo especialistas em clima espacial, tempestades geomagnéticas de nível G3 podem provocar variações de tensão em linhas de transmissão de energia, exigindo ajustes automáticos em subestações. Satélites em órbita baixa tendem a enfrentar aumento de arrasto atmosférico, o que demanda correções de atitude para manter rotas operacionais. Sistemas de navegação por GPS e comunicações por rádio de alta frequência também ficam suscetíveis a falhas intermitentes.

O apagão de rádio R3 observado nesta terça-feira durou apenas minutos, mas evidencia o potencial de novos cortes caso a atividade permaneça elevada. Para operadores de aviação, embarcações e serviços de emergência que dependem de rádio HF, interrupções desse tipo representam desafios adicionais de coordenação.

Número de explosões dobra em 24 horas

Além do clarão X5.2, o Sol registrou nas últimas 24 horas duas erupções de classe M (moderadas) e 25 de classe C (leves), totalizando 28 eventos – o dobro do contabilizado no dia anterior. Dessas ocorrências, apenas duas não tiveram origem na AR4274. A região AR4276, que se encontra em estágio de evolução, também apresentou sinais de instabilidade magnética e pode contribuir com explosões adicionais.

Diante desse cenário, o SWPC estima 75% de probabilidade de novas erupções de classe M e 40% de chance de um novo clarão de classe X até quinta-feira (13). Como a AR4274 continua voltada para a Terra, qualquer ejeção significativa pode ter trajetória direta.

Ciclo Solar 25 atinge fase de pico

Os episódios recentes confirmam que o Ciclo Solar 25 entrou no período de máxima atividade, previsto para ocorrer entre 2024 e 2025. Durante essa fase, o número de manchas solares cresce, e o emaranhado dos campos magnéticos superficiais eleva a probabilidade de grandes explosões. A NASA classifica os clarões solares em cinco categorias (A, B, C, M e X), sendo a classe X a mais energética. Um X5.2 libera cinco vezes mais radiação X do que um X1, e o efeito sobre a magnetosfera terrestre varia conforme a orientação do campo magnético da CME ao chegar ao planeta.

No eixo de rotação do Sol, cada volta dura aproximadamente 27 dias. Isso significa que a AR4274 desaparecerá do nosso campo de visão nas próximas semanas, mas poderá retornar com intensidade diferente na próxima rotação.

O que muda para o usuário comum

Se a tempestade geomagnética atingir o nível G3 previsto, o principal efeito perceptível para o público será a possibilidade de auroras em latitudes mais baixas, especialmente no hemisfério norte. Entretanto, usuários de GPS podem notar pequenas imprecisões momentâneas, e serviços de rádio podem sofrer cortes temporários. Para o setor de energia, companhias avaliam rotas de redistribuição de carga e ativam protocolos de contenção para evitar sobrecargas.

Empresas que operam satélites comerciais, como provedores de internet orbital ou monitoramento meteorológico, costumam colocar seus equipamentos em modo de segurança nessas ocasiões, reduzindo instrumentos sensíveis até que o fluxo de partículas diminua.

Curiosidade

A sonda Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia, está realizando órbitas inclinadas que proporcionam uma visão inédita dos polos solares, regiões cruciais para entender a formação de CMEs e o comportamento do campo magnético global. Os dados coletados podem ajudar a refinar modelos de previsão de tempestades solares, oferecendo alertas mais precisos para eventos como o relatado neste artigo.

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