Um raro alinhamento celeste colocará dois cometas no mesmo campo de visão de Marte na noite deste sábado, 20. Os objetos, identificados como C/2025 R2 (SWAN) e C/2025 K1 (ATLAS), estarão projetados contra as estrelas da constelação de Virgem logo após o pôr do Sol, oferecendo um espetáculo que, segundo astrônomos, só poderá ser acompanhado com instrumentos de média abertura.
Descoberta e características dos dois visitantes gelados
O cometa C/2025 R2 (SWAN) foi notado em 12 de setembro de 2025 pelo astrônomo amador ucraniano Vladimir Bezugly. A detecção ocorreu a partir de imagens do Solar and Heliospheric Observatory (SOHO), missão conjunta da NASA e da Agência Espacial Europeia. O telescópio espacial possui a câmera Solar Wind ANisotropies (SWAN), dedicada a mapear o hidrogênio no vento solar, o que indica a possível abundância desse elemento no corpo gelado. Depois da primeira identificação, observações terrestres confirmaram o objeto, e o Minor Planet Center oficializou sua inclusão no banco de dados em 15 de setembro.
Com magnitude aparente estimada em 7,5 – limiar que exige céus escuros ou equipamento óptico para ser percebido – o R2 SWAN é classificado como cometa de longo período. Dados do Small Body Database, da NASA, apontam uma órbita aproximada de 22 mil anos. A maior aproximação com a Terra deve ocorrer em 12 de outubro, quando ficará a cerca de 0,25 unidade astronômica (37,5 milhões de quilômetros). Segundo especialistas, essa passagem será única para a humanidade atual, já que o objeto só retornará quando o ciclo orbital se completar.
O segundo astro, C/2025 K1 (ATLAS), surgiu em maio de 2025 por meio do Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS). Ele apresenta magnitude em torno de 11, portanto mais tênue que o R2 SWAN. O periélio está previsto para 8 de outubro, a 0,33 unidade astronômica do Sol. Caso sobreviva ao intenso aquecimento nessa fase, o K1 ATLAS voltará a se aproximar da Terra em 26 de novembro, depois de ter passado pela primeira vez em 13 de agosto.
Como, quando e onde observar o fenômeno
Logo após o crepúsculo de sábado, a dupla será observável a sudoeste do planeta vermelho, que se mostra facilmente graças à coloração avermelhada característica. Astrônomos recomendam buscar Marte no horizonte oeste e, após localizá-lo, deslocar o campo de visão para a esquerda. De acordo com o divulgador científico e membro da Sociedade Astronômica Brasileira Fabrizzio Montezzo, binóculos de grande abertura (10×50 ou 15×70) ou telescópios entre 150 e 200 mm são suficientes para capturar ambos os cometas no mesmo enquadramento.
Aplicativos populares, como Stellarium, Star Walk e Sky Safari, ajudam a identificar a posição exata do trio celeste. Além disso, observadores em áreas rurais, onde a poluição luminosa é menor, terão melhores condições de distinguir o R2 SWAN, ligeiramente mais brilhante, do K1 ATLAS, que exige céu limpo e objetiva de grande campo.
Histórico de aproximações e importância científica
A ocorrência de dois cometas visíveis na mesma região de céu, no mesmo dia, é incomum. Relatórios de observatórios indicam que a última coincidência semelhante com objetos de brilho comparável ocorreu em 2013, quando C/2012 S1 (ISON) e C/2013 R1 (Lovejoy) cruzaram trechos próximos do firmamento, embora não tão alinhados quanto agora.
Do ponto de vista científico, aproximações como a deste sábado permitem medir atividade cometária, avaliar composição de plumas de gás e refinar órbitas. Segundo especialistas, a observação simultânea de dois núcleos com magnitudes diferentes fornece referência para estudos de brilho e taxa de sublimação, parâmetros cruciais para prever o comportamento de objetos potencialmente perigosos.
Impacto para o público e para o mercado de equipamentos ópticos
Para entusiastas da astronomia, a conjunção representa oportunidade de treinar técnicas de localização, calibração de telescópios e fotografia de longa exposição. Lojas de equipamentos relatam aumento de procura por oculares de grande campo e filtros de poluição luminosa nas semanas que antecederam o evento. De acordo com dados de varejistas especializados, vendas de binóculos de 70 mm cresceram cerca de 18% em setembro, sinalizando que fenômenos celestes continuam a impulsionar o segmento de observação amadora.

Imagem: Gerald Rhann e Michael Jäger
Já para o público em geral, a chance de ver dois cometas de uma só vez reforça o interesse pela ciência espacial e pode estimular visitas a planetários e clubes de astronomia. Em longo prazo, astrônomos destacam que iniciativas de observação cidadã contribuem com dados para redes como a Brazilian Meteor Observation Network (BRAMON), ampliando a cobertura de monitoramento do céu.
Se o tempo colaborar, observar o alinhamento deste sábado pode mudar a forma como o leitor percebe o céu noturno, incentivando o reconhecimento de constelações e fenômenos sazonais. A experiência prática também ajuda a compreender escalas astronômicas, como a diferença entre unidades astronômicas e distâncias em quilômetros, conceitos cada vez mais presentes em notícias sobre segurança espacial.
Curiosidade
Embora aparentem trafegar juntos, os cometas R2 SWAN e K1 ATLAS seguem trajetórias independentes e não têm relação física entre si. A proximidade é apenas aparente, resultado da perspectiva da Terra. Casos semelhantes já levaram antigos observadores a criar lendas sobre “estrelas gêmeas”, mostrando como alinhamentos fortuitos influenciam a cultura desde os primórdios da astronomia.
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Esse alinhamento raro reforça a importância de manter o olhar voltado para o céu e de investir em conhecimento científico. Compartilhe o artigo, prepare seus binóculos e participe da observação.
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