Dinossauros mumificados revelam detalhes inéditos sobre pele e cascos, indica estudo

Ciência

Uma série de fósseis de Edmontossauro encontrados no estado de Wyoming, nos Estados Unidos, passou por novas análises e confirmou um raro processo de mumificação natural ocorrido há mais de 66 milhões de anos. O trabalho, publicado na revista Science, descreve como micróbios formaram um biofilme que envolveu as carcaças, preservando a textura da pele, os cascos e outros tecidos externos desses dinossauros herbívoros.

Descobertas distribuídas em mais de um século

A chamada “zona de múmias” de Wyoming ganhou esse nome devido à concentração incomum de fósseis excepcionalmente bem conservados. O primeiro exemplar surgiu em 1908, quando o caçador de fósseis Charles H. Sternberg desenterrou um Edmontossauro ainda recoberto por pele escamosa. No ano seguinte, outro esqueleto foi encontrado na mesma região.

Somente recentemente uma equipe de paleontólogos retornou a essa faixa de terra de quase 10 quilômetros e identificou mais dois indivíduos fossilizados. Juntos, os quatro espécimes oferecem o registro mais completo conhecido de tecidos externos em dinossauros dessa espécie, incluindo o primeiro vestígio de cascos em um hadrossauro.

Processo de mumificação explicado

Para determinar como a preservação ocorreu, os pesquisadores submeteram os fósseis a tomografias computadorizadas de alta resolução e a exames em microscópios eletrônicos. Segundo o artigo, nenhum composto orgânico original foi detectado: pele, músculos e outras partes moles haviam se decomposto antes da fossilização. Ainda assim, os contornos desses tecidos foram mantidos em detalhe graças à ação de microrganismos.

De acordo com o estudo, após a morte, os corpos dos Edmontossauros ficaram expostos até secarem parcialmente. Posteriormente, inundações sazonais — comuns no vale fluvial costeiro que existia na região no final do Cretáceo — soterraram as carcaças. Nessa etapa, micróbios formaram um biofilme que recobriu a pele ressecada, depositando uma camada fina de argila. Esse “molde” foi mineralizado junto ao osso, registrando detalhes como escamas e contornos de tecido mole.

Segundo os autores, esse tipo de preservação costuma ocorrer em ambientes marinhos de águas calmas. Encontrá-lo em um habitat fluvial, sujeito a correntes intensas e sedimentos grossos, surpreendeu os especialistas e abre a possibilidade de que outros fósseis semelhantes estejam à espera de descoberta em contextos terrestres.

Importância para a paleontologia

Fósseis completos de dinossauros são raros, e exemplares que guardam tecidos externos são ainda mais escassos. O novo estudo oferece pistas sobre anatomia, fisiologia e comportamento do Edmontossauro, um herbívoro de até 12 metros de comprimento que viveu na América do Norte pouco antes da extinção em massa do fim do Cretáceo.

Além de confirmar a presença de cascos, a pesquisa ajuda a refinar modelos de reconstrução de pele e musculatura, passando segurança a representações em museus e na literatura científica. Especialistas consultados pelo grupo ressaltam que, quanto maior a quantidade de detalhes preservados, mais precisas se tornam as estimativas de massa corporal, temperatura interna e hábitos locomotores desses animais.

Próximos passos e possíveis desdobramentos

Relatórios indicam que a equipe pretende ampliar a busca por novas “zonas de múmias” em áreas vizinhas de Wyoming e em outras formações geológicas do período Cretáceo. A expectativa é identificar se o mecanismo de biofilme microbiano se repetiu em diferentes locais ou se foi um evento restrito a condições ambientais específicas.

Segundo especialistas, avanços em técnicas de imagem, como microtomografia e fluorescência de raios X, poderão revelar vestígios químicos ou estruturais que escaparam aos métodos tradicionais. Essas abordagens podem ajudar a distinguir entre contornos originais de tecidos e alterações geradas durante milhões de anos de fossilização.

Para o leitor, a descoberta reforça a importância da preservação de sítios paleontológicos e mostra como tecnologias modernas podem renovar interpretações de achados antigos. A combinação de campo, laboratório e ferramentas digitais tende a acelerar o ritmo de revisões sobre a aparência e a biologia de espécies extintas, influenciando desde a educação formal até a indústria do entretenimento.

Curiosidade

Embora o termo “múmia” remeta a técnicas humanas de embalsamamento, no caso dos Edmontossauros o processo foi inteiramente natural. A camada de argila deixada pelo biofilme microbiano funciona como um negativo fotográfico, gravando detalhes que normalmente desapareceriam. Situações parecidas ocorrem hoje em margens de lagos hipersalinos, onde peixes podem ser envolvidos por micróbios antes de se decompor, criando fósseis quase tridimensionais.

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