Destroço achado no deserto australiano indica queda de estágio de foguete chinês

Tecnologia

Um objeto metálico ainda fumegante foi encontrado por trabalhadores de uma mina a cerca de 30 quilômetros a leste de Newman, na região remota de Pilbara, Austrália Ocidental, no sábado, 18 de outubro de 2025. De acordo com informações preliminares reunidas pela polícia local e pela Agência Espacial Australiana, o material parece ser parte da etapa superior de um foguete Jielong 3 (Smart Dragon 3), lançado pela China.

Indícios de origem espacial

O analista espacial holandês Marco Langbroek, especialista em astrodinâmica da Universidade de Tecnologia de Delft, comparou fotografias do destroço com componentes típicos de veículos de lançamento. Segundo o pesquisador, o item se assemelha a um Composite Overwrapped Pressure Vessel (COPV), recipiente de fibra de carbono utilizado para armazenar gases em alta pressão a bordo de foguetes. Esses tanques possuem boa resistência térmica e costumam sobreviver à reentrada atmosférica.

Langbroek examinou órbitas de possíveis objetos que atravessaram a área na mesma data. Apenas o estágio superior do Jielong 3, em órbita polar de 97,6 graus de inclinação, passou próximo de Newman nas primeiras horas de 18 de outubro. “Trata-se do candidato mais convincente”, afirmou o especialista, observando que o estágio utiliza combustível sólido, característica que poderia explicar o tamanho do fragmento preservado.

Procedimentos de análise e segurança

A Agência Espacial Australiana isolou a área e dará sequência a uma análise técnica detalhada para confirmar a origem do artefato. O procedimento inclui testes de composição de materiais, comparação com bancos de dados internacionais de peças de foguetes e checagem de registros de lançamento.

Especialistas em direito espacial lembram que a Convenção sobre Responsabilidade por Danos Causados por Objetos Espaciais, da ONU, prevê que o país lançador assuma custos de reparação se for comprovada a autoria do equipamento. Em casos anteriores, como a queda de partes de foguetes Long March na Costa do Marfim em 2020, acordos diplomáticos foram firmados para cobrir eventuais danos.

Risco crescente de lixo orbital

Segundo dados da Agência Espacial Europeia, mais de 36 mil objetos maiores que 10 centímetros orbitam a Terra atualmente. Estágios de foguetes representam parte relevante desse montante. Embora a maior parte do material se desintegre durante a reentrada, fragmentos mais densos ou de fibras compostas podem sobreviver e atingir o solo.

A região de Pilbara, de baixa densidade populacional, já recebeu outros detritos espaciais. Em 2023, restos de um foguete Falcon 9 foram identificados em uma fazenda próxima. Autoridades australianas mantêm protocolo para avaliar radiação, risco químico e integridade estrutural antes de remover qualquer objeto desse tipo.

Possíveis desdobramentos

Se confirmada a ligação com o Jielong 3, o episódio deverá alimentar debates sobre práticas de passivation — descarte de combustível residual e esvaziamento de tanques — antes de reentradas não controladas. Órgãos internacionais de monitoramento defendem que fabricantes adotem tecnologias de desorbitação ativa ou reentradas guiadas para reduzir a probabilidade de impacto em áreas habitadas.

Destroço achado no deserto australiano indica queda de estágio de foguete chinês - Imagem do artigo original

Imagem: Leard David published

Empresas privadas e agências governamentais também estudam metas de sustentabilidade orbital, com iniciativas como recompensas por remoção de lixo espacial e exigência de certificados de design-for-demise, metodologia que garante a completa queima de componentes na atmosfera.

Impacto para o leitor

Mesmo ocorrendo longe de centros urbanos, a descoberta reforça que o aumento do número de lançamentos eleva o risco global de quedas de destroços. Para usuários de serviços via satélite, como navegação GPS e internet de baixa órbita, a proliferação de lixo espacial pode comprometer a segurança e a confiabilidade das constelações. A preocupação estimula investimentos em rastreamento de detritos e em sistemas de proteção de cargas úteis, tendência que deve influenciar o mercado aeroespacial nos próximos anos.

Curiosidade

O maior fragmento de lixo espacial já localizado na Austrália caiu em 1979, quando a estação norte-americana Skylab se desintegrou sobre a região de Esperance. Na ocasião, moradores cobraram uma multa simbólica de 400 dólares à NASA por “poluição”, quantia que foi paga 30 anos depois por um programa de rádio norte-americano. Episódios como esses ajudam a ilustrar a relevância de políticas internacionais para a gestão de detritos orbitais.

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